03 - Maçãs Verdes e Uvas

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Milo e Bárbara chegaram na floricultura, a loira saiu correndo pra dentro da loja, direto pro banheiro pra se trocar enquanto Milo conversava com Adrian para saber se Dona Lívia já havia passado lá.

-Bom dia, Seu Adrian! A Dona Lívia já passou aqui?

-Bom dia garotão, não ainda.

O garoto suspira em alívio e vai atrás da amiga a avisar que estava de saída.

-Bárbara, eu vou indo, Adrian disse que sua mãe ainda não passou aqui. Boa sorte. - A cacheada o abraça e o deixa ir.

-Garota, repõe o estoque por favor. As caixas estão no fundo da loja. - Adrian grita da parte de frente da floricultura.

A mais baixa fez o que a foi dito, e muito mais do que deveria, mas não podia deixar de estar ansiosa, sua mãe podia aparecer por aí na hora que quisesse.

Passou uma, duas, três horas, e nada da mãe da menina aparecer. A preocupação da loira começou a crescer.

-Adrian, eu posso pegar o meu celular? Minha mãe disse que vinha aqui as 8:30 e até agora nada, tô 'procupada.

-Claro.

-Obrigado Seu Adrian. - Bárbara vai até sua bolsa e pega seu celular, manda mensagem pra sua mãe a perguntando se ela estava bem.

Ao ir desligando o aparelho, percebe que um número desconhecido a havia mandado mensagem. Era Amelie. Na mensagem dizia: "Oi Barb, Amelie." "Quando você saiu do apartamento do Milo, você viu meu casaco? Acho que o deixei cair :("

Logo a mais baixa percebe que tinha pegado um casaco estranho na manhã, olha pra trás onde os moletons costumam ficar pendurados e percebe a jaqueta que Amelie estava usando ontem, se destacava de longe e claramente não era de Bárbara, era glamourousa e parecia de valor.

Com vergonha, a menina desliga o celular e jura pra si mesma que iria dar o casaco ao Milo mais tarde pra ele mesmo devolver.

O expediente da mais baixa acabou, estava só esperando Milo aparecer pra dar a ela uma carona. Alguns minutos depois o garoto apareceu com seu carro na frente do comércio, dando sinal para menina entrar.

-Como foi seu dia? Sua mãe apareceu? - O Castello pergunta enquanto a mais velha se acomoda e coloca o cinto.

-Minha mãe não apareceu, mas fora isso nada longe do normal. Tô 'procupada.

-Relaxa Barb, você sabe que ela tá bem e em casa. - Bárbara murmura baixinho um "eu espero", coloca seu fone e vai o resto do caminho quieta.

-Chegamos! - Milo faz sinal pra menina abaixar o fone e a mostra que chegou. - Tchau Bárbara.

-Milo! Lembrei, antes de 'ocê ir, hoje de manhã eu peguei o casaco da 'Melie sem querer, 'devorve pra ela por favor. - A garota estica a jaqueta para entregar à Milo mas ele se recusa.

-Barb do meu coração, você pode ir arrumando seu problema. Entrega você.

-Não Milo! Eu vi a menina uma vez... - Ela para e pensa. - ... Ela é 'mó bonita! - O garoto a olha com uma cara esquisita e ela percebe o que disse. - Quero dizer! 'Ocê pode dar em cima dela!

-Bárbara? Ela é irmã do meu amigo! E você pode muito bem entregar pra ela. - O Castello diz isso, fecha a janela do carro e sai dirigindo, deixando Barb pra trás, que resmunga alguns xingamentos e entra pra dentro de casa.

-'Ocê me paga Milo Castello! - Percebendo que não tinha mais opção, pegou seu celular e digitou de volta para garota de cabelos brancos: "Boa noite Amelie, eu tava trabalhando, então... Eu meio que peguei seu casaco sem querer hoje cedo! Mas eu prometo que esta exatamente como você deixou!".

A garota termina de digitar, pega sua chave e abre a porta de sua casa. Tudo escuro.

-Mãe? Mãe? Onde a senhora tá? - Nada.

A pobre garota começa a entrar em pânico e sai correndo em direção ao quarto de sua mãe.

Ela encontra sua mãe deitada, um fedor de álcool horrível invade seus sentidos, Dona Lívia havia bebido. De novo. Era algo comum de se acontecer mas dessa vez era diferente, seu quarto nunca fedeu à álcool que nem desta vez.

-Mãe, a senhora comeu? - Lívia se mexe na cama, da um tapa na mão que Bárbara a estava tocando e murmura.

-Você me deixou Bárbara. QUE NEM SEUS MALDITOS AVÓS! - A garota toma um susto, pula pra fora do campo de visão da mãe para caso ela tente bater nela de novo.

-Eu não te deixei! Eu tô aqui, o que 'ocê tá falando?

-SAI BÁRBARA, SAI DO MEU QUARTO! - A loira sai correndo do cômodo, fecha a porta e vai pro banheiro, encosta na porta e fica lá, tentando não chorar, tentando se controlar.

"Você devia estar acostumada, Bárbarinha. É isso que você vê todo dia, nada está fora dos trilhos." A mente da menina a prega preças, repetindo isso, e repetindo, até ela não conseguir ouvir mais nada.

Ela tira sua roupa suada, com ódio. Liga o chuveiro e deixa a água molhar todo seu corpo, canto por canto. Bárbara não consegue distinguir se tem mais água do chuveiro ou lágrimas em seu rosto.

A cacheada passa alguns longos minutos debaixo d'água, dando resmungos e soluços baixos pra não acordar sua mãe, se enrola na toalha pois sabe que se ficar mais tempo lá perderá todo o seu dinheiro só com essa conta. A menina se troca, põe a primeira coisa que vê, uma blusa larga, um shorts jogado e o casaco de Amelie. Joga seu corpo pra trás, indo de encontro com um colchão meia boca, se ajeitando pra tentar dormir.

Agora que estava mais perto do casaco e agarrada nele, percebe um cheiro que não havia sentido antes por estar na correria. Era o cheiro de Amelie,  provavelmente, que estava impregnado na jaqueta, maçãs verdes e uvas é o mais próximo que Bárbara consegue distinguir ao sentir aquela essência.

A garota não conseguiria dizer quanto tempo aquele aroma ficou lá, mas saberia dizer que acalmou e relaxou o corpo da menina tensa, ela adormeceu com aquele perfume em seu consciente.

A luz do sol começa a entrar na janela aberta, sua casa não estava mais um silêncio, tinha barulhos de panelas batendo e água correndo. A mais nova olha o celular, era cedo, mas se enrolasse mais um pouco chegaria atrasada no serviço. Escova os dentes, pega uma maçã e sai da casa, exatamente com a roupa que dormiu.

Chegando na loja cumprimenta Adrian e Amora, a filha dele, e vai se trocar. Antes de guardar seu celular vê que a dona do casaco tinha à respondido.

"Tudo bem Barb, eu passo no seu trabalho pra buscar. Que horas seu expediente acaba?"

"Bom dia Amelie! 17:30 eu costumo a ser dispensada."

"Ok! Até mais tarde."

A menina guarda o celular e vai ao trabalho. O dia de passa consideravelmente lento, ela podia jurar que a cada cinco minutos que se passavam, na verdade eram trinta, mas finalmente acaba.

Ela ajuda Amora a recolher seus brinquedos e livros enquanto o pai da menina fechava a loja. Neste momento ela só estava esperando a platinada aparecer pra devolver sua jaqueta e ir embora.

De longe ela vê um carro, diferente e bem chique comparado aos que ela costuma ver por esse lado da cidade. Ele para ao seu lado e o motorista, ou melhor, a motorista, abaixa o vidro e revela a menina de cabelos arroxeados, com um blazer preto e uma camisa branca por baixo. Bárbara podia jurar que ela estava linda.

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Eu amo como tudo está bem e do nada tudo se desmorona, amo fazer as bixinhas sofrer. Ah, eu tô muito feliz que essa fic tá crescendo, eu tô amando escrever ela.

Votem e comentem, plis. :P

Bjs da Autora. :)

You're My Band-Aid - BarbelieOnde histórias criam vida. Descubra agora