14 - Beleza do Mundo

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Bárbara acorda, os braços de Amelie ao redor de si, a garota ainda dormia pesado.

Era cedo, a mais alta não tinha costume de acordar esse horário, mas sentindo a mais baixa tentando se mover, desperta.

-Bom dia, pequena. - A voz rouca da esbranquiçada pega a loira desprevenida, não sabia que ela tinha acordado.

-Eu acordei 'ocê?

-Não importa, seu rostinho tá tão fofo, todo amassado. - A platinada da uma risadinha, fazendo a Lima se envergonhar.

-Para de graça, 'Melie. - A mais alta tenta arrumar seu cabelo, mas a Florence a impede de prosseguir. - 'Ocê precisa aprender a acordar cedo mesmo, já que me "adotou", vai ter que me levar ao trabalho.

-Eu sei disso! Por isso acordei. - A escuridão não permitia a cacheada ver a arroxeada sorrindo, mas pelo que a conhecia, sabia de seu sorriso ladino.

-Que mentira! 'Ocê acordou porque eu me mexi! - A loira acompanha o sorriso da mais velha.

-Okay, okay. Vou me trocar 'parra levar a senhorita. E hoje, temos que ir tirar as fotos pro meu trabalho.

-Achei que 'cê tinha esquecido isso.

-Jamais, 'cheri.

Após as duas se trocarem, Amelie levou a garota para a floricultura e foi até a casa de seus pais para pegar o vestido que Bárbara usaria para o seu projeto.

-Bom dia, filha.

-Bom dia, mama. Papa já acordou?

-Tá no escritório, de novo. - A voz da mãe da menina se abaixa em um tom triste, era horrível para a garota ver a mãe assim.

-Ele me estressa, vou falar com ele.

-Não precisa, querida.

-Mas pra mim precisa, tá na hora dele acordar.

Ao entrar no escritório do pai, já é recebida com ele a mandando ir embora, o que não é obedecido, já o deixando aborrecido.

-Amelie, já disse, deixe-me trabalhar.

-Não.

-Como assim, "Não"? Eu sou seu pai, e to te mandando sair.

-Você seria respeitado se pelo menos, saísse desse escritório de merda!

-Amelie! Olha a sua boca!

-Ja prestei atenção em coisas demais, só para ter o mínimo de atenção que qualquer filho mereça ter, Olivier e eu fizemos de tudo para você olhar para a gente. - Lágrimas de raiva formavam-se no rosto da Florence mais nova, Montel, chocado com o surto repentino da filha, apenas a ouvia. - Você perdeu metade da minha admiração quando me deixou para fora do seu escritório, chorando. Porque tava trabalhando, trabalhando.

-Era coisa de criança!

-EU ERA UMA CRIANÇA! - Ela grita com ele, que se assusta, a deixando continuar. - Eu cansei de fazer sotaque, cansei de tentar fazer você olhar com admiração para nós, cansei de ver a mama para baixo por sua causa. Você... Você ja foi um pai melhor.

O homem leva um baque com a fala da menina, que sai da sala e volta pro caminho do seu ateliê. Angelina, que estava na porta, segue a menina, querendo a confortar.

-Amelie, filha, olha para mim.

A mulher vira a filha para si, logo a abraçando.

-Eu tenho tanto orgulho de você.

-Por que? - A voz chorosa da platinada desestabiliza a Florence mais velha, que a aperta mais.

-Porque, você quer parecer especial, sendo que você ja é... - Angelina espera a garota se acalmar, para tentar a fazer rir. - ...E seu pai é um broxa, sabe?

Um riso abafado da Florence mais nova é escutado, fazendo a mãe sorrir abertamente.

-Tá bom, mama. Preciso pegar o vestido e ir pra aula.

-Tudo bem, se precisar de mim me liga.

A garota assente, pega a peça de roupa e sai de lá.

Bárbara estava animada, ela iria para sua primeira aula presencial do curso de Biologia. Antes de ir para a faculdade, Amelie a deixaria na sua e depois partiria para a dela.

Antes da sua carona chegar, a loira checa se sua mãe havia lhe respondido, nada, as barrinhas azuis indicavam que ela tinha visto. Se continuasse sem resposta, ela mesma definiria a que se encaixasse no momento.

O resto do dia foi entediante para a de cabelos lisos, e curioso e entusiasmante para a de cabelos encaracolados. Pela primeira vez, havia entrado em uma escola para realmente estudar, se isso fosse considerado obrigatório para o resto de sua vida, ela poderia jurar que faria feliz.

As meninas estavam a caminho da praia, tirar os fotos para o trabalho avaliativo da platinada. Ela estava estranha, quieta e não estava com o seu tão marcante sotaque, o que chamou a atenção da loira. Ela perguntaria depois.

-Solzinho, se troca nesse banheiro aqui, vou estar aqui fora te esperando.

Alguns minutos se passam, até a Lima se arrumar. Ao sair do banheiro, a Florence desvia seu olhar que estava observando o pôr do sol para a garota do seu lado.

Particularmente, era uma vista de deuses, a menina mais velha podia ficar a olhando por horas.

O vestido branco colado em sua cintura, enquanto a calda escorria pela suas pernas e a "capa" verde militar por cima de seus ombros, a hipnotizou.

-Wow, você... Você... Você tá triunfante de linda, loirinha. - As palavras pareciam sumir da boca de Amelie, ela podia jurar que não havia ninguém nesse mundo com a beleza de Bárbara. - Você roubou a beleza do mundo pra si, pequena.

-Eu 'num diria isso, tem algo que eu acho especialmente mais bonito. - A mais nova aperta os olhos em direção da platinada, que se choca e fica confusa.

-Eu duvido, o que seria mais bonito que você? - A cacheada solta uma risada e da de ombros, queria provocar a menina e a deixar descobrir sozinha.

-'Vamo tirar as fotos? 'Num 'viemo aqui pra isso?

A de cabelos lisos ainda sem sua resposta, suspira fundo e encara a garota sair andando em direção ao mar, seus cabelos voando por conta do vento era uma perdição para a mais alta.

Tirar as fotografias foi divertido para ambas, que trocavam flertes descarados e diretos, mas que as duas tratavam como brincadeira, o que no fundo do fundo, sabiam que não era.

-'Melie? 'Ocê tá me encarando por tempo demais, de novo.

-Vou ter que repetir? Você tá deslumbrante. - Ela diz para a amiga como se fosse óbvio.

Um riso envergonhado é ouvido, mas logo é cortado pela ação repentina da de cabelos roxos, que a da um beijo na bochecha e a abraça.

O clima tinha mudado, a de cabelos dourados podia sentir que a outra estava precisando disso a um tempo, os seus toques físicos sempre foram significativos, sempre tinha alguma explicação para eles.

As vezes conforto, desespero, medo e necessidade.

Elas nem percebiam mais, podiam se passar horas. Se nenhuma das duas se atrevesse a sair de lá, ficariam eternamente abraçadas.

Durou bastante, Amelie suspirava pesado as vezes, por precisar ou por simplesmente querer sentir seu aroma predileto.

O cheiro de rosas que a loira carregava com si era melhor do que qualquer outra coisa que ela podia ter sentido em sua vida, melhor até do que ela jurava ser ultrapassado, o Giovanna Baby.

Quando se soltaram, foram embora, passar o restinho de noite que ainda havia, deitadas, assistindo ou qualquer coisa que desse na teia.

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Eu sempre esqueço de agradecer, mas não dessa vez! Obrigado pelos 3K, nunca imaginei que essa fic tomaria toda essa proporção.

Eu descobri hoje que tenho leitores em Portugal, tem gente no Canadá lendo, e os meus queridos BR's. Muito louco isso.

Sorry a demora. Custei para aparecer e ainda fodi a Amelie KKKKKK Perdão, prometo que o próximo compensa.

Votem e comentem. :P

Bjs da Autora. :)

You're My Band-Aid - BarbelieOnde histórias criam vida. Descubra agora