As vezes penso que em um futuro próximo, não vou ter mais o controle que tenho hoje.
Imagino que eu esteja no pé da cama, rodeado de pesadelos, segurando minha cabeça enquanto desabo em lágrimas esperando que tudo passe, enquanto várias pílulas e remédios em gotas estão espalhado ao meu redor.
Imagino que meus braços estarão cheios de feridas, imagino que eu me morda mais para me acalmar, imagino que meus cabelos sejam arrancados por mim enquanto estou em total desespero e melancolia.
Eu sei que não sou uma das melhores coisas hoje, mas... Tudo bem.
É, tudo bem.
Eu imagino que enquanto por fora pareça que eu estou desesperado, por dentro eu esteja em um abismo, caindo, sentindo o peso em cima de mim me empurrando mais para baixo.
Me imagino engordando, emagrecendo, perdendo a cor, ou em um leito de um hospital.
Um lugar tão cheio de pessoas como a minha mente, doentes, frágeis e sem esperança.
Eu choro imaginando um garotinho tão novo passando por coisas assim, eu choro além por esse garotinho, ter tido um passado terrível.
Sempre o mandavam ficar quieto, obedecer, nunca dava trabalho, dava o máximo de si para ser o que seus pais desejavam.
Mas de repente tudo ficou tão caótico, quando esse garotinho experimentou se arranhar ele pensava que era um bom jeito de não surtar e gritar do nada, ele pensava que ninguém notaria.
Quão bobo, ele sabia que alguém notaria, e de repente não era apenas uma pessoa que sabia do "conforto" do garotinho...
Ele se sentiu tão culpado, mas ele não devia se sentir culpado, era ele quem precisava de consolo e não seus pais... Era ele que estava precisando de ajuda, e não seus pais.
Era ele quem queria tentar ser diferente... Feliz.
Vendo esse garotinho hoje, se fechando tanto pra não assustar os outros, chorando por coisas tão estúpidas, me sinto culpado por ter feito esse garotinho ter se desviado do caminho de bondade dele.
Ele brinca com suas próprias emoções, fazendo piadas com elas e esperando que tudo logo passe...
Um dia, esse garotinho descobriu que podia fazer amigos em seu celular... Mas mesmo assim não era a mesma coisa de sentir o conforto de ver seus amigos pessoalmente.
Seus amigos, que tiveram um destino fatal, triste... Um massacre aconteceu tirando eles do garotinho, um suicídio ocorreu deixando esse garotinho sozinho...
Outros amigos antigos apareceram, mas não eram suficientes pra esse garotinho, porque nada era como antes... Nada... Era como antes...
Hoje ele fecha os olhos em momentos de desespero, vê uma pessoa a sua frente, parecida com ele, mas totalmente diferente dele.
Ela ajuda ele, essa pessoa consola ele em sua própria mente, e quando ele cai do abismo, a pessoa está lá... Talvez voando tentando o tirar desse abismo...?
Mas as vezes essa pessoa não... Consegue, e o garotinho cai, ele se machuca tanto, que quase não consegue ficar em pé quando abre os olhos.
Mas afinal, ele ainda espera que tudo vai melhorar.
Ele acha que tudo vai melhorar...
Ele não tem certeza...
Mas ele tem certeza de uma coisa.
Uma coisa que talvez não seja tão diferente.
Ele não quer ficar vazio, e ele tenta ao máximo tirar esse vazio dele.
Essa dor no peito um dia vai passar, garotinho, não importa como ela passe, se é de uma maneira boa ou... Mortal...
Ela vai passar, só não desista.
Por você...
Por... Nós...
