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Me olho no espelho, checando como estava a parte de trás do vestido branco, com medo de que o tecido ficasse transparente demais, mas não estava mostrando nada para o meu alívio.

Coloco os saltos e passo perfume no momento em que meu celular apita, recebendo uma notificação.

Espio pela barra de mensagens, vendo que Rodrigo já estava à minha espera.

Ajeito meu cabelo, pegando um casaco junto da bolsa, deixando para ajeitar a bagunça quando chegasse mais tarde.

Me checo novamente no espelho do elevador, arrumando a alça do vestido pela milésima vez. Dou uma última conferida antes de sair para o térreo.

Aceno para o porteiro que manda um joinha para mim, junto de uma careta fofa de aprovação.

Saio para a área externa do prédio, a noite fria me dando boas vindas. Vejo pela grade do portão Rodrigo encostado em um carro, as mãos nos bolsos da frente da calça.

O conjunto de calça jeans, blusa de gola alta e sobretudo me desestabiliza por um momento, assim como sei que ele também ficou da mesma forma quando me viu.

Motivo? Sinto o peso de seu olhar queimando por cada centímetro que o vestido cobre do meu corpo.

Me aproximo dele, que se desencosta do capô, recebendo-me com um abraço de cumprimento e um beijo rápido na bochecha.

- Fiquei com medo de ter exagerado na roupa, mas parece que estou à caráter - brinco quando nos afastamos.

- Você está linda - ele me elogia, o olhar se fixando no meu rosto - ainda preciso me acostumar em ter essa visão privilegiada de perto.

Mordo o lábio, dando uma boa olhada em meu vizinho.

- Então somos dois - revelo.

Rodrigo repuxa o canto dos lábios, indo até o carro e abre a porta do passageiro, dando espaço para que eu entre. Agradeço a cortesia, me acomodando no assento de couro enquanto ele dava a volta e entrava no veículo.

O caminho até o restaurante que combinamos de ir foi tranquilo.

Não conversamos muito pois fiquei preocupada de acabar desconcentrando-o da pista, então fiquei curtindo as músicas que tocavam no som, que Rodrigo gentilmente deixou-me conduzir.

Chegamos ao restaurante cerca de vinte minutos depois. Uma fila razoavelmente grande para entrar no estabelecimento dobrava a esquina do quarteirão.

- Parece que metade da cidade resolveu vir aqui esta noite - diz Rodrigo.

- É verdade - começo a desanimar, imaginando que teria que ficar, no mínimo, duas horas naquela fila - não acha melhor irmos para outro lugar?

Espio meu vizinho e ele não parecia muito preocupado com aquele empecilho.

- Não se preocupe, não vamos ficar na fila - ele responde, entrando no estacionamento reservado para clientes.

Já na porta, um segurança alto, com cara de poucos amigos pede nossos documentos logo após Rodrigo dizer seu nome. Somos liberados para entrar, sendo acompanhados por um garçom que nos leva para uma mesa em uma área mais reservada no restaurante.

- Você fez reservas para nós? - pergunto assim que me sento.

Rodrigo agradece ao garçom que nos entrega o cardápio e se afasta, avisando que já voltaria para anotar o pedido.

- Imaginei que aqui estaria lotado no fim de semana então quis me previnir - ele se acomoda após retirar o sobretudo, jogando-o sobre as costas da cadeira - e acho que fiz bem.

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