Masmorra da Liberdade | Taeyoonseok

|Capítulo um|

Um ano e 4 meses antes...

Jimin estava sentado no sofá da casa do seu melhor amigo, uma amizade de infância e que carregará para o resto de sua vida. Taehyung corria de um lado para o outro, novamente se preparando para fazer extra em um sábado à noite. Ele sempre estava precisando de mais dinheiro.

— É melhor você tomar vergonha nesse cú magro Taetae, já fazem 2 anos que toda essa merda aconteceu, você não pode mais ficar se escondendo dentro de um estúdio de arte e achar que está tudo bem. — Jimin se encontrava no limite com seu amigo, sua reclusão tinha passado dos parâmetros do que se pode ser considerado "normal". Depois de tudo o que Taehyung teve que suportar em seu passado, ele até entendia suas atitudes, mas não significava que aceitaria por mais tempo. — Eu frequento esse Clube a um tempo junto a Jungkook, é seguro e o ambiente é bem acolhedor. Não vou te deixar sozinho, vamos assistir a cena que será apresentada no dia, beber alguma coisa e vir embora, você precisa se distrair um pouco, e eu sei que você sente falta...

Terminando de arrumar sua mochila, Tae checava as horas em seu celular antigo, estava atrasado para o turno no café onde trabalhava, o segundo turno que pegou em um mesmo dia, "exausto" era seu estado civil. Escutava com cuidado todas as súplicas de seu amigo, no final ele tinha razão.

Jimin sabia de tudo, cada detalhe e cada dor. Entretanto ele saber não indicava que ele poderia sentir o mesmo. Na calada da noite, os traumas pertenciam apenas a Tae.

— Vamos conversar sobre isso depois, eu estou saindo agora.

Taehyung se despediu com um simples aceno e se retirou. Ele estava decidido a continuar dizendo não, mas precisava terminar aquele assunto no momento.

Observava toda a paisagem urbana pela janela do ônibus, permitindo sua mente vagar em pensamentos perigosos...

"Como eu cheguei nessa situação? Por que eu sobrevivi?" Pensava em agonia.

Lembrava exatamente do dia em que perdeu tudo, muito novo para ficar sozinho no mundo e imaturo de mais para aguentar toda merda que o destino jogou em sua cara. Lembrava da esperança que teve um ano depois, quando realmente achou que seria feliz novamente, quando sentiu o prazer e sentiu o gosto da liberdade, quando abraçou o sentimento que na época, julgava ser amor... Não era. E então, mais uma vez, tudo desmoronou. Inocente e inexperiente, não reconheceu os sinais. O prazer se tornou dor, física e emocional, quem o apresentou a liberdade, o prendeu e quem achou amar, o destruiu.

Agora Taehyung era um jovem de 21 anos com um trabalho de meio período, do qual o salário pagava apenas pela sua comida, o obrigando a longas horas extras para conseguir manter todos os materiais que precisava para faculdade de artes. A herança deixada para trás pelos seus pais, o rendeu um pequeno apartamento em um bairro nada seguro de Seul e as mensalidades do ensino superior.

Kim Taehyung não tinha mais nada.

Lhe foi tirado tudo.

Enquanto o garoto anotava os pedidos em um bairro universitário, do outro canto da cidade, em um condomínio fechado no centro nobre, um casal repleto de amor e companheirismo estavam sentados confortavelmente um ao lado do outro. Quatro anos de relacionamento amoroso, quatro anos da mais pura amizade e admiração.

Na televisão em frente a ambos apresentava-se um jornal local, nenhum dos dois estava realmente interessado ou ao menos escutando a reportagem, afinal se aproximava da noite de sábado, e esse dia em especifico era reservado para as apresentações de cenas no Night Pleasure, um Clube de BDSM do qual faziam parte, o mesmo Clube onde se conheceram e onde se apaixonaram.

Jung Hoseok e Min Yoongi adoravam uma boa demonstração de BDSM, porém no final de cada apresentação, a sensação de vazio se fazia presente em ambos os corações. Queriam estar juntos em uma cena e proporcionar prazer em cada centímetro do corpo um do outro.

Hobi e Yoon — como se chamavam carinhosamente — não eram submissos, não eram switcher, eram dominadores, e nem todo o amor que sentiam conseguia mudar esse fato.

A ideia de ter um Sub fixo para ambos era apetitosa, mas os riscos em trazer um terceiro indivíduo no meio de um relacionamento já conturbado era enorme, ainda mais devido a certeza que tinham de que jamais poderiam entregar a outro o que entregavam entre si, tanto que preferiam ter cenas com Sub's dos quais não eram frequentes e sem a presença do sexo.

O relacionamento não era aberto, sexo seria traição e uma traição não seria a solução para o problema do casal em seus estilos de vida.

Apesar de tudo, desistir estava fora de questão.

Eles viveriam e morreriam juntos.

— Yoon, eu vou me arrumar e você também. Vamos ao Clube. — Dizia o maior enquanto deferia um carinho em seus cabelos escuros.

— Tudo bem, mas vamos apenas observar a cena principal e depois vamos embora. Não estou no clima hoje, mas a gente precisa relaxar um pouco.

Após declarar sua sentença para as horas seguintes, se levantou e foi para o banheiro...

A noite não seria tão longa, nos últimos meses a rotina do casal se tornou monótona. Eles trabalhavam a semana inteira e passavam sexta, sábado e domingo juntos, normalmente assistindo a filmes, experimentando receitas novas ou conhecendo novos deliverys. Iam ao Clube quase no automático, não se interessavam mais em participar de cenas incompletas — na percepção de quem sempre trouxe o sexo junto a dominação e de que a pessoa que desejavam subjugar, estaria subjugando a outro.

Naquela mesma noite, já deitados em uma grande cama, após reprimirem todos os desejos presentes em cada uma de suas almas, os amantes se beijavam devagar. No final, se amariam como sempre se amaram, intacto, lento e carinhoso, mas longe do mais prazeroso.

Hoseok estocava fundo e forte, porém em uma letargia torturante. Queria ouvir o menor implorar por mais, chorar por prazer, mas o que recebeu foi um leve empurrão em que foi colocado deitado na cama, enquanto Yoongi passava as pernas em seu quadril e se penetrava com a única intenção de gozar, afinal ele queria exatamente a mesma coisa que Hobi.

Ambos queriam o controle então nenhum dos dois ultrapassava o limite de um sexo mais calmo para não deixar o clima desconfortável.

Com o passar dos anos Yoongi se acostumou em ser o passivo, o que foi um desafio para ele no início, mas que agora já não importava e ele até gostava, Hoseok o fez gostar, não de uma forma forçada ou imposta, Hobi simplesmente o amava muito bem e ele tinha o melhor do sexo Baunilha. O maior até cedia as vezes e Yoon tomava o papel de penetra-lo, mas Hobi não se sentia confortável quando acontecia, não o incomodava ao ponto de pedir para parar mas também não o agradava. Hoseok faria de tudo para manter Yoongi ao seu lado.

E quando tudo terminou em jatos de porra, acharam que estavam satisfeitos. Eles tinham um ao outro para dividir uma vida e uma cama.

Se amavam.

Eram melhores amigos.

Eram a família um do outro.

Eram o reencontro de almas.

Eram completos e achavam que estavam certos sobre isso.