Ano novo

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O pequeno entrou na casa da garota meio receioso. Poucas vezes tivera contato com o pai da menina, e com a mãe então, seria a primeira vez.

Sarah abriu totalmente a porta, revelando uma mulher quase de joelhos e com os braços abertos. Usava um vestido bege que ia até um pouco abaixo de seus joelhos, uma pulseira em cada braço; no direito uma de cor vermelha e no esquerdo uma branca, ambas feitas de elásticos. O sorriso acolhedor daquela jovem moça, atraiu o menor.

O garoto correu rapidamente até os braços da mãe de Sarah e foi abraçado. Derrepente, lágrimas começaram a sair dos olhos do pequeno, sentia que por um instante, tinha voltado a ter sua mãe.

Por um momento, a mulher se assustou, mas antes que pudesse fazer alguma pergunta, Sarah também se juntou ao abraço.

— Eu te empresto minha mãe.

Ficaram ali um pouco mais que alguns segundos, até que o menino parasse de chorar. Logo estavam na sala, comendo pipoca, enquanto assistiam um filme.

O pai de Sarah, depois que chegou, foi deitar em seu quarto, segundo a sua mulher, o marido havia tido um dia longo no trabalho e precisava descansar caso fosse ver os fogos de artifício.

As horas foram passando sem que nenhum dos três percebessem, jogaram videogame, banco imobiliário, brincaram de forca, pega-pega, esconde esconde e quando viram, já se passava das dez horas da noite.

Quando o menino percebeu que já estava na casa de Sarah a mais de horas, saiu correndo avisar os avós.

— Tenho que pedir pra eles se eu posso ver os focos aqui — disse com a mão na massaneta da porta.

— Focos? — perguntou a mãe de Sarah — fala sobre as lindas explosões de luz coloridas que são formadas no céu quando bate meia-noite? — o garoto para por um tempo para entender a frase e no final, balança a cabeça, sinalizando que sim — entendo, então está falando sobre os fogos de artifício. Corre lá então, se precisar de ajuda pra convencer eles, é só vir aqui me chamar — a mulher finaliza, bagunçando o penteado do menor ao passar a mão em seu cabelo.

Rapidamente, nosso garoto correu e pulou a divisa dos jardins, entrou na sua casa e se apressou em bater na porta do quarto de sua vó.

— Vó — parou por um tempo para respirar, quase não conseguiu falar a primeira palavra pela rápida corrida — a mãe da Sarah perguntou se posso passar o ano novo com eles.

Nenhuma resposta foi escutada por um tempo, mas antes que o menino batesse novamente na porta, sua vó abriu e respondeu.

— Desculpa por não conseguirmos ficar acordados com você — falou se abaixando para acariciar o rosto do menino — vai lá, se divirta e depois conte pra gente como foi — à primeira vista o menor estranhou a reação da vó ao pedido, mas finaliza dando um abraço na mais velha, que antes que ele corresse novamente para fora, diz — cuidado, viu.

Em menos de segundos, o pequeno já está na casa vizinha, batendo na porta. Quem abre é a mãe de Sarah.

— Mas já, garotinho, você é rápido.

— Aprendi isso com minha mãe. Ela é muito rápida, sabia? — o garoto entra pela passagem que a mulher criava ao abrir a porta.

— Imagino — um sorriso sincero completa o que foi dito.

Rapidamente o garoto corre a procura de Sarah. Diferentemente de sua casa, a moradia da menina possuía um andar a mais, e nesse local, era onde ficava tanto o quarto de Sarah, quanto os de seus pais.

Não era a primeira vez que o menino explorava o território alheio em busca de sua amiga, então sabia exatamente onde a menina estava. Sempre que ele abria a porta do quarto de Sarah, a garota se escondia de baixo da cama, onde aguardava que seu amigo se abaixasse para lhe dar um susto. Como sempre, tudo ocorreu como previsto. O menino bateu na porta do quarto duas vezes e abriu logo em seguida, tentando flagrar a menina antes que a garota se escondesse. Falhou, mas não perderia a guerra, ligeiramente apertou os passos e pulou em cima da cama, onde ficou esperando por um tempo, até que a menina saísse do esconderijo.

O GarotoTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang