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Senti uma profunda onda de alívio quando abri os olhos. Por incrível que pudesse parecer, fazia sol naquele dia. O vento ainda estava frio, mas a luz do sol recaia sobre Deadly. Parecia um dia feliz.

Levantei sem grandes reclamações, dei uma arrumada rápida em todo o meu pequeno apartamento e coloquei as roupas sujas dentro de um cesto, consciente de que assim que chegasse do trabalho as levaria até a lavanderia do prédio.

Antes de sair para a escola me olhei no espelho. Havia uma marca arroxeada na minha testa, mas não era nada muito visível. Levei a ponta dos dedos até ela e respirei fundo, pensando no pesadelo que havia tido.

Alguém invadindo a biblioteca... eu rolando pelo piso... o lobo... o motoqueiro me colocando nos braços...

Quando acordei duvidei um pouco, mas depois de mandar uma mensagem para o Ben e descobrir que a biblioteca estava perfeitamente normal, constatei que havia sido mesmo um sonho. Uma grande ilusão criada pelo meu cérebro maluco. Além do mais, eu não sentia dor alguma, tampouco estava ferida.

Não que eu me lembrasse de como fechei a biblioteca e cheguei em casa. Mas eu tinha feito isso, caso contrário o Ben reclamaria de algo. Porém, não. Tudo estava como deveria estar. E esses malditos apagões que tenho não vão me fazer duvidar da minha sanidade.

Afirmei várias vezes que foi só um pesadelo, que eu fiz tudo direitinho, que nada, nada mesmo, me atacou.

- Está tudo bem, Karol. - Balbuciei para o meu reflexo. - Você vai sorrir e aceitar que está tudo perfeitamente normal. Aquilo foi um pesadelo, você mesma viu. Está tudo normal. E você também está normal.

Segurei a pedra do meu colar e suspirei.

Antes de sair conferi mais uma vez se o livro antigo que ganhei da minha mãe estava na minha bolsa, e sim, estava. No intervalo das aulas eu iria até a biblioteca usar um dos computadores para traduzir algumas passagens.

Eu ia desvendar o que tinha ali de qualquer forma.

O sol que iluminava Deadly era realmente agradável

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O sol que iluminava Deadly era realmente agradável. E esse clima mais ameno me deixava mais leve. Eu não precisava ficar desviando de poças d'água e nem me encolhendo por causa dos chuviscos gelados. De fato, era como estar me refazendo, ganhando um novo sopro de ar nos meus pulmões contaminados pela temperatura geralmente tão baixa.

Uma nova porta havia sido aberta na minha vida. Agora eu tinha um colar que era da minha mãe e um livro de família. Eu não era mais uma peça de um quebra-cabeça aleatório. Eu me encaixava em algum lugar; havia partes de mim e dos meus parentes naqueles objetos.

E isso me fazia ter vontade de sorrir.

Muito embora o meu sorriso tenha sumido bem rápido quando me sobressaltei ao ser confrontada com um rugido alto e bestial. Foi bem atrás de mim. Devo ter soltado um palavrão bem feio antes de me virar, fitando a monstra cinza e seu condutor psicopata.

O Príncipe LoboWhere stories live. Discover now