O Príncipe Lobo

③⑦

RUGGERO

Ela não estava. Não estava em parte alguma da maldita masmorra. Assim como o Aharis. Aquele maldito a tinha levado. Mas como? Para onde? Isso não podia ser possível.
Contudo, era.

— O que aquele desgraçado fez? — Guinchei, abrindo as portas do quarto do meu pai. Ele se sobressaltou, tão pálido quanto antes. — Você sabe, não sabe? Você não queria que a Karol vivesse.... O QUE O MANDOU FAZER? FALA, BRUNO, FALA!

— Do que está falando?

— Não se faça de desentendido!

— Ruggero, eu realmente não compreendo. Eu....

— O Aharis a pegou. — Murmurei por entre os dentes, apontando para a porta. — Eles sumiram. Os dois desapareceram. E quem além de você odiava a existência da Karol? Você a queria morta!

— Mas eu preciso da hibrida. — Retrucou, afastando os lençóis. — Olhe para mim, filho. Olhe! Eu preciso daquela garota para sobreviver. Preciso que ela quebre a maldição da lua. Então como pode pensar que eu...

— Não acredito em você. — Balbuciei, esfregando o rosto, agoniado. — A Karol estava aqui e de repente sumiu. Ela não sairia sozinha, ela jamais faria algo assim.

— Então se o Aharis a pegou....

— Aquele desgraçado!

— Mas foi o preço que você concordou em pagar, Alteza. — A voz de Laurent preencheu o quarto, então me virei para encará-lo. — Você deu a alma dela em troca da ajuda do Lord. Você sabia o risco que corria.

Sim, eu sabia. E talvez o ódio que eu estava projetando contra o meu pai fosse inteiramente sobre mim.
Foi o meu erro que a colocou nesta situação; e agora estou de mãos atadas.

Bruno jamais mereceu o sacrifício. No entanto, posso perde-la por isso.

— De todo modo ele esperaria que ela quebrasse a maldição. — Murmurei, andando de um lado para o outro. Meu corpo estremecia, quente e dolorido por causa da raiva visceral. — O Aharis tinha um acordo comigo.

— E acha que ele se importaria em cumprir? — Laurent retrucou. — Corre uma lenda muito antiga por Hidden e imagino que ela seja verdadeira.

— Lenda? Que lenda?

— A de que a família Arius decidiu colocar um freio em Aharis há muitos anos, porque ele estava fazendo inúmeros acordos e matando muitas pessoas com isso. Além do mais, Aharis sempre quis sair de Hidden e usar de seus poderes contra os humanos. E os Arius não permitiram. Pelo menos é o que dizem.

Abanei a cabeça com força; não fazia sentido. Contudo, eu não podia negar que sempre me deixou confuso o fato de que um demônio tão poderoso estivesse preso no castelo — preso em Hidden.

Só uma magia muito forte o manteria sob controle.

A magia dos Arius!

— Então ele quer a Karol para quebrar essa maldição.

— Ele provavelmente já conseguiu algo que o tirou do castelo. Talvez a menina andasse com algum amuleto ou coisa do tipo. E isso o libertou das masmorras, mas para sair de Hidden...

— Ele precisa da morte dela. — Balbuciei com um fiapo de fôlego. — Por isso ele me pediu a alma da Karol. Só a morte dela pode libertá-lo daqui.

Sim, sim, era isso. E eu a entreguei de bandeja, exatamente como ele queria.

— Filho, você precisa salvar aquela menina. — Meu pai falou, fazendo-me encará-lo. — Ela é a chave para a nossa libertação. Se o Aharis....