Vinte

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A noite chuvosa de domingo castigava Londres inteira, as gotinhas de água que escorriam pela janela e deixavam o ar abafado, e esse era um ótimo cenário para uma noite de carícias e filmes de comédia romântica, bom, seria se não fosse a barriga que embalava ela. Draco já tinha seu rosto completamente vermelho e molhado enquanto Harry não estava diferente.

- Qual é o seu problema?! - Harry praticamente gritou.

- Meu problema é que você não para de falar de quando ela nascer! esse é meu problema .- empurrou o garoto para que o mesmo saísse de sua frente e caminhou até o banheiro do quarto, só queria tomar banho e ignorar Harry para acabar com aquela discussão.

- Me desculpa se eu estou sendo um bom pai! - Harry soou sarcástico, mas prendeu os lábios ao perceber o que disse.

- Então eu não sou um bom pai? eu estou carregando essa criança e não sou um bom pai? - respondeu rouco com a voz ainda turva pelo choro, o loiro tinha sua camisa nos cotovelos quando ouviu aquilo, rapidamente a jogou no chão e voltou para o quarto. - Eu estou passando por enjoos toda manhã, crises de ansiedade e os olhares de julgamento de todos e AINDA ASSIM NÃO SOU UM BOM PAI? - gritou com o moreno.

- Você também concordou com isso Draco! por Merlin! - revirou os olhos.

- Eu nem... eu nem queria ter esse bebê. - disse da boca para fora e engoliu a seco quando viu o namorado o encarar agora.

- O que? - Harry tomou fôlego, Draco sabia que o moreno estava preste a gritar com ele, mas ainda estava se controlando.

- Eu só queria um minuto com o Harry que visse apenas o Draco e não o Draco e o bebê! mas você se quer consegue ver isso! - exclamou irritado.

- E você acha que... - a cabeça de Harry nem havia processado a resposta quando iria terminar a frase, só que então se deu conta da mesma, droga! ultimamente estava deixando o namorado de lado e dando atenção apenas a terceiros e ao bebê, se quer lembrando que quem o carregava também tinha sentimentos, além do mais o loiro não estava irritado por motivos banais e sim porque estava emotivo. - Céus, vem cá. - puxou Draco para um abraço.

- Eu te odeio. - bufou sentindo as lágrimas gordas ainda descerem por seu rosto.

- Me desculpa tá bom. - deixou um beijo entre os cabelos loiros do namorado e sentiu o mesmo afundar o rosto em seu peito. - Eu sei que você está se esforçando e te amo ainda mais por isso, okay. - segurou o rosto do moreno lhe dando alguns beijos na boca e na testa.

O dia seguinte havia amanhecido ainda úmido e friozinho, e pela quinta vez al longo da madrugada/dia Draco sentia a maldita dor de cabeça junto com enjoo o incomodar, e para piorar sua mãe ainda viera o perguntar o porquê da gritaria da noite passada.

- Bom dia. - Narcisa rapidamente se levantou ao ver Harry descendo as escadas.

- Bom dia, Harry, a gente já serviu o café da manhã, mas se quiser pode pegar algo pra beliscar. - a mulher soou serena enquanto pegava algo para dar ao garoto.

- Obrigado senhora Malfoy. - pegou o sanduíche da mão da mulher que tinha um cenho terno que acompanhava um sorriso meigo, e então foi até Draco. - O que te tirou da cama antes de mim hoje?

- Dor de cabeça. - dera um selinho no namorado de bom dia. - A gente já tá indo, tchau, até mais tarde. - deixou um beijo no rosto da mãe.

 - E você tá melhor? - Entrara no veículo logo após Draco.

- Acho que sim. - jogou sua mochila para o banco traseiro do carro e então seguiram um caminho silencioso; até porque Draco havia dormido da primeira sinaleira até a porta da escola.

Assim que desembarcaram do carro, Harry passou um se seus braços pelo ombro do namorado e foram até o fim do corredor como de costume.

- Eu vou ficar pra te ajudar com a decoração do baile okay? - avisou ao moreno e logo deu um beijo de despedida no mesmo que assentiu caminhando pra aula de matemática.

Logo após o terceiro horário Draco teria reunião com o restante do grêmio para apresentar o custo total da decoração e diversos do baile que seria em um mês, aquilo não podia o deixar com mais dor de cabeças, flashs da briga de ontem ainda passavam por sua cabeça junto com os questionamentos de que seria um bom pai como Harry e, além de tudo isso, ainda havia o seu sétimo mês batendo à porta, nunca aguentara tanta pressão.

Ao fim da reunião Draco decidiu tirar um tempo apenas para ele, isso era algo que não fazia a tempos, matou algumas aulas para conseguir voltar para casa mais cedo, ninguém estaria lá àquela hora, seria só ele e... seu bebê. Saiu da escola de fininho, sem se quer avisar a alguém.

Nem se quer a Harry.

Quando chegou em casa deixou sua mochila na sala e foi até a cozinha, precisava de doce para pensar, aquilo sempre o acalmava. Catou algum pedaço de torta, um pote de geleia de morango e uns cookies no armário e subiu.

Puff!

Havia esquecido o quão bom era ouvir apenas o som da sua respiração e da sua boca enquanto mastigava, sem ninguém o cobrando, sem nada pra fazer, então, de repente seus olhos passaram de relance pelo espelho quando ele avistou algo que não via a muito tempo.

Seu reflexo com clareza.

Pensou um pouco antes de levantar e caminhar até a frente do espelho, lá levantou sua camisa e passou a olhar a sua barriga, ela de fato estava grande e ao tocar sentiu uma vibração, seu neném havia chutado. Um sorriso espontâneo cresceu em seu rosto, estava gostando de sentir seu bebê.

- O-oi, meu nome é Draco, eu acho que sou seu pai. - riu um pouco enquanto olhava sua barriga. -  Me desculpa por todas as coisas que me ouve dizer, eu estou geralmente estressado quando digo elas, olha, eu não consigo aceitar ainda totalmente o fato de você está dentro de mim e ser uma parte minha e do Harry, seu outro pai sabe, mas não quer dizer que eu não te ame, eu estou tentando e acho que quando você nascer e eu conseguir ver seu rostinho vou te amar bastante, principalmente se você tiver os mesmo traços que seu outro papai, ele é bonitão. - riu um pouco. - E aparentemente mais responsável que eu. - suspirou baixinho. - Mas eu o amo, e acho que você vai amar também, enfim bebê, acho que temos algumas coisas para por em dia, sim? - se acomodou na cama enquanto entrava em uma conversa franca com a bebê, mesmo que a mesma fosse mais direcionada para si mesmo.






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