Capítulo 22: Instinto de mulher

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Ana entrou em casa com tudo, em meio a flores e chocolates que comprou para Mariana. A loira largou a bolsa em um puff na sala, e de cara percebeu que a mãe de suas filhas não estava só.

A voz era conhecida.

Elena.

Mesmo com a frequente presença de Elena nos últimos dias, Ana não conseguia confiar, e de cara mudou de postura.

Ana se pôs desconfiada, na beirada da porta da sala ficou a ouvir a conversa das duas amigas, que juntas montavam um bolo para comemorar o mesversário de Valentina.

Mariana e Elena gargalhavam e conversavam sobre absolutamente tudo, mudando de assunto a cada segundo, e brincavam com piadas toscas como quando eram adolescentes.

Justamente no momento em que Ana chegou ao local, se deparou com Elena limpando o canto da boca de Mariana com um guardanapo. A morena que estava comendo massa de bolo, se sujou.

— Poderia ter sido sincera comigo. — disse Ana, ao deixar as flores no balcão da cozinha e deixar o local cabisbaixa.

Mariana foi atrás da noiva no mesmo instante, e segurou no braço dela para que ela não deixasse o local.

— Sei que não quer me ouvir, mas precisa me ouvir.

Ana a olhava incrédula, parecia que queria dizer algo, mas não conseguia. Ela olhou firme, e com os braços cruzados se pôs cabisbaixa.

— Eu faço tanto por ti e por nós… não acha injusto que me julgue na primeira situação que vê pela frente? Ana, a Elena é minha amiga! — Mariana frisou a palavra amiga com força.

— Eu vi como a olhava. Só de lembrar da cena meu coração acelera, sinto a raiva correr pelas minhas veias.

— É exatamente isso que está fazendo: pensando com raiva. Nem se quer se permitiu me ouvir. Pode respirar fundo e se acalmar? — Mariana disse em tom calmo e logo pegou nas mãos da loira.

— Mari, eu tô indo! Resolve aí e cuidado para não pôr fogo na casa.

Elena se despediu rapidinho, com um beijo no rosto da amiga, e um sorriso de canto pra Ana, que fechou a cara.

— Ser sincera comigo é tão difícil? Queria que ficasse contente comigo da mesma forma que estava com ela. Não entende? Não sei o que teria acontecido se eu não tivesse chegado. Sabe que essa sua amiga ainda gosta de você!

— Caramba, eu já te falei que não iria acontecer nada e que não havia clima nenhum, somos apenas duas amigas, quase irmãs. Eu queria entender porque você não confia em mim mesmo depois de tudo que passamos juntas. Ana, se eu quisesse estar com a Elena eu estaria com ela há anos, nunca teríamos terminado inclusive, mas eu amo você! — a postura de Mariana mudou, o tom alterado que se manisfestou por alguns minutos logo foi tomado por uma expressão amena.

— Eu acho que o seu amor por mim esfriou quando a Valentina chegou.

Os olhos de Ana se perderam no ambiente e na imensidão de lágrimas que ela carregava.

— E também quando meus problemas na empresa aumentaram. Você sabe que estou perdendo o jornal, tentei fazer tudo que podia, mas estou perdendo, e em meio a isso estou te perdendo também. Pensei que quando eu melhorasse emocionalmente as coisas seriam diferentes.

— Isso não é verdade! — Mariana a interrompeu em tom de voz ríspido. — Eu estou contigo sempre, estou com essa família, estou me desdobrando para que o estresse da empresa não atinja as meninas. O que mais quer?

— Que me ouça, que pense em mim também, somente isso. Acha que eu deixaria a nossa vida profissional afetar as meninas? Essa não sou eu, e você sabe disso.

Me Salvaste - MaryanaOnde histórias criam vida. Descubra agora