eu me cansei
de fazer de tudo
para manter minhas cores sempre vibrantes
& brilhantes
para no final
uma tinta cinza ser jogada em meu âmago,
se espalhar em todo o meu corpo
e eu ter que me colorir sozinha
de novo.
me pego indagando
o porquê de sempre
aceitar me borrarem
e me repintar sozinha
inúmeras vezes
sem reclamar da dor
que as pinceladas nas feridas causam,
da ardêncio do contato entre a tinta e minha mágoa,
da amargura que palavras pintadas causam em meu paladar,
permito-me derramar minha cor
em quadros inalcançáveis,
me afogo em pinturas sem saída,
permito a cegueira causada pelo brilho das cores
e sempre chego a conclusão
de que eu mesma me borro.
sou eu
quem joga um balde de água
em minhas cores e pinturas
que demoram para serem feitas.
sou eu quem deixo
mãos icógnitas percorrerem minha arte
e levar minhas cores
com elas
sem dizerem "adeus".
sou eu quem sofre
por minhas próprias ações
e sou eu
a primeira a me culpar
por tudo o que sinto
de novo
& de novo
sou tão acostumada com o nada,
que o mínimo me fascina.
eu me deixo ser afogada
por qualquer tinta colorida
eu não sinto que sou merecedora
de um artista brilhante
que me colora com as cores certas
que saiba admirar a obra de arte
que eu sou.
eu não estou pedindo um Van Gogh,
que saiba decifrar cada constelação dos meus olhos
eu só quero saber o porquê de nunca conseguir
me ver da mesma forma que dizem me ver.
os meus reflexos no espelho apenas me mostram falhas,
e apontam de diversas dimensões, mesmo que eu negasse,
que era aquilo que eu havia me tornado.
talvez eu me odeie tanto,
que prefiro a quem me machucou
do que quem pode me curar.
eu me entreguei a qualquer artista que segurasse uma aquarela de promessas inalcançáveis.
promessas que sufocam
e tintas que pingam em meus olhos
que os fazem lacrimejar.
e se por acaso,
valorizar demasiadamente o mínimo
e valorizar minimamente o demais
ser a minha ruína?
acho que sou bem mais do que uma obra de arte.
na verdade,
sou a artista por completo.
sou eu quem pode me curar
e ser a Monalisa
do meu próprio Louvre.
fui eu quem pintou estrelas,
onde haviam cortes.
era eu quem retocava a tinta nos meus borrados
quando lágrimas escorreram uma vez por ali.
posso não ser a noite mais estrelada,
ou a atração principal do museu,
mas reconheço a intensidade
que minhas noites podem ser.
sei que eu mereço um admirador,
que nunca será você, ele ou ela.
eu sempre serei minha arte,
minha admiradora
e minha própria artista.
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todas as vezes que me apaixonei por você.
Poetry- - - - - - - - - - - - - a parte mais dolorosa de te amar não foi não ter você foi ver a maneira como você passou de ser amor, para se tornar apenas dor. - meu primeiro amor, minha primeira dor Poemas e Textos de minha autoria. Publicada somente n...