todas as vezes que me apaixonei por você.

supermassivo

em algum momento nosso foguete parou,
me encontrei flutuando no espaço
direto para um buraco negro
sem rumo,
sem você.
não que eu não tenha viajado por aí
dando voltas pela via lactea
é só que nenhuma espaçonave
me tirou de órbita como você fez.

vênus nunca foi tão sem amor,
quanto agora
que você se foi.

já nem sei o que procurar,
é que você foi tanto.
não sei se você era um planeta,
um asteróide,
um cometa,
uma nave.
não sei,
você só era você.

você era força e também
gravidade zero.

você era eclipse todas as noites,
o brilho das estrelas,
raios de sol
e seus reflexos na lua.
você era poesia.

quando que girar em minha órbita se tornou entediante pra você?

acho que me perdi nas suas constelações
e não vi a chuva de meteoros
que vinha logo atrás de você.

você era um sistema inteiro,
só que não importava o que fizéssemos,
ou o quão forte fôssemos,
nosso amor era massivo.
a cada segundo que se passava,
a cada toque,
a cada beijo,
éramos arrastadas ao fim.

perdemos a noção de espaço-tempo
mas eu reparei exatamente quando você desapareceu
sendo puxada por algo onde a gravidade é tão forte
e simplesmente sumiu.

hoje vejo que você partiu faz tempo,
esqueci que você é distante,
esqueci de pensar em você
com anos-luz de diferença.

Ainda consigo ver sua estrela daqui.
Ainda consigo sentir seus lábios nos meus
Ainda consigo sentir as lágrimas ao ver você partir

ainda consigo te sentir.

esqueci que meu céu é do passado
esqueci que ainda dá pra te ver daqui
esqueci que olhar as estrelas hoje
é olhar nos seus olhos
quando ainda olhavam pra mim.

nosso amor supermassivo só não foi tão forte quanto nosso fim
e ainda assim foi a viagem mais lindo que já fiz.

-"astronomia"