todas as vezes que me apaixonei por você.

inevitavelmente.

dessa vez foi diferente
dessa vez você se foi
e eu fui também.
ninguém ficou
nada ficou.

nossa antiga casa está vazia
não restou nada
não restaram nossas pinturas,
nossas cores,
nossos beijos.

até as poesias que te fiz
foram embora com você
e suas lágrimas partiram em minhas mãos
em meus lábios
em minha mente.

dessa vez você se foi
e dessa vez
fui eu quem abriu a porta pra você sair,
mesmo querendo que você ficasse
só pra eu me despedir mais um pouco
só pra eu não me esquecer do teu toque
do seus olhos
do seu sorriso
mas eu deixei você sair
porque dessa vez eu percebi
que eu merecia alguém que pudesse ficar.

dessa vez
tranquei a porta,
abri apenas as janelas com a tela protetora
só pra luz do sol entrar
e pro vento fresco da noite circular em mim.

é que o amor mata
e a única
que poderia ter me salvado aquela vez
era eu.
é que o amor mata
e eu morri
mas eu me abracei, renasci
e renascer doeu.

eu não deixo você desmoronar
essa morada que eu construí
dentro de mim.
então eu fui embora também,
de mala e tudo
cansada dessa nossa eterna despedida.

dessa vez não quebrei as paredes,
ou fiquei esperando por ti na porta.
eu só apaguei a luz,
peguei o que era meu,
tranquei a porta
e joguei as chaves fora.

você não ouse bater nessa porta agora
agora que já não fico esperando incessantemente
por você
do outro lado dela.

é que dessa vez princesa,
eu já estava acostumada com essa dor
que é amar você
incansavelmente
e ter que te ver partir
inevitavelmente
e que inexplicavelmente
você sempre dá um jeito de voltar
só pra fazer eu te amar
incansavelmente
e te ver me deixando
inevitavelmente
de novo.

é que
eu e você
surgimos de um acaso
evitável
e inevitavelmente
me apaixonar por você
se tornou
inevitável

tudo inevitável em você
me encantou.

você é inevitável
te amar é inevitável
mas a parte de
te ver partir
também é
inevitável.

- te amar é amar a lua pela noite sabendo da sua partida pela manhã