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— Você não vai precisar aturar o filho da puta.

— Como?

Dou um beijo rápido em seus lábios.

— Vou dar um jeito, agora volte para a cama, abrace um travesseiro e se cubra.

Assim ela faz, e então me retiro do quarto, para a surpresa do homem mais escroto que eu conheço.

— Dr. Paulo? O que faz aqui no quarto da Bruna? — Ele a observa, depois eu mesmo o encaminho para fora.

— A Srta. Albuquerque está indisposta.

— Foi a porra da lasanha. Eu sabia que ela não ia ficar bem.

— Não posso afirmar que tenha sido isso, mas a verdade é essa, então eu a aconselhei a descansar. — Aponto para a minha roupa. — E me desculpe pelo modo que estou vestido, você sabe que quando um paciente chama não posso demorar.

Começamos a andar pelo corredor.

— Eu imagino. — Ele para a caminhada e passeia a mão pelos cabelos. — A sua namorada não sente ciúmes por você ser um médico e ter pacientes tão lindas?

Penso em Bruna, e acabo sorrindo.

— Nem um pouco, ela sabe que sou dela.

— Claro, existem mulheres evoluídas. — Ele estende a mão para mim e nós nos cumprimentamos. — Então vou tomar café da manhã com alguns grandes empresários e políticos, e como o assunto será restrito ao partido, te vejo no aeroporto, doutor.

Confirmo com um leve balançar de cabeça.

— Até mais. — Então eu o vejo entrando no elevador, e quando, através do painel, noto que já chegou ao térreo, como o corredor está vazio, volto para o quarto de Bruna, e assim que a chamo ela rapidamente abre a porta.

— Me diga que nós ganhamos uma manhã juntos?

O seu sorriso é tão genuíno que me contagia.

— Ganhamos. — A puxo pela cintura. — O que você quer fazer?

Morde os lábios, e depois de ficar nas pontas dos pés, posiciona-os perto do meu ouvido.

— Uma massagem em você.

Puta merda.

— Sou todo seu, Srta. Albuquerque.

DOIS MESES DEPOIS

Entre algumas passagens pelo Rio de Janeiro, onde eu pude visitar a minha família e Bruna a dela, já estamos esgotados de viver às escondidas e essa rotina já dura mais de 60 dias. Esconder o que existe entre nós tem o lado excitante, mas já estamos querendo avançar e viver como um casal normal faz tempo.
Chega a ser uma tortura durante o dia observar a minha mulher literalmente precisando aguentar as piadinhas machistas de um homem sem escrúpulo algum, ainda ter que olhar para as câmeras e precisar sorrir.
Infelizmente, Mau, apesar de me contar que já está perto de conseguir umas provas contra Humberto e Breno, ainda nos pediu pelo menos mais uma semana.

Fora isso, nem o contato da mãe da Paty ainda conseguiu alguma informação, e nem sequer toda a equipe de segurança do CEO Arthur Cortês.

A sensação de impotência é terrível, mas para a minha pequenina mulher eu demonstro uma fé absurda de que vamos conseguir escapar de toda merda que nos cerca.

— Srta. Albuquerque…

Em pleno café da manhã em uma universidade, Bruna literalmente fica olhando para o nada e, em seguida, boceja.

— Eu não estou aguentando ficar acordada, doutor. — Ela toca em meu ombro. — Por que será, hein? — Quando nós dois olhamos para a frente, percebemos o olhar de Dias em nossa direção e ele não parece nada feliz com o que vê, mas começa a circular pelo ambiente. — Ele percebeu, Paulo, e a culpa é minha.

O pânico fica estampado no olhar da minha pequena.

— Ele só viu você repousando a mão em meu ombro. Isso não é o suficiente para acreditar em um envolvimento mais íntimo.

Ainda assim, ela não parece tranquila..

— Eu espero que ele pense o mesmo. Tenho medo do que ele pode fazer comigo. Breno é violento, você sabe.

Eu sei. Nesses dois meses, quando ele não segurou Bruna pelos braços por ela estar sempre acompanhada por mim ou Tarcísio, lhe proferiu palavras terríveis, querendo deixar o seu psicológico frágil.

— À noite eu sempre estarei ao seu lado, e de dia Tarcísio. O filho da puta não vai fazer nada.
Ela me passa um sorriso tímido, que não me convence.

— Eu sei. — Fecha os olhos por alguns segundos. — Preciso te contar algo, ultimamente tenho tido um sonho recorrente. Talvez por conta das nossas conversas. — Antes de prosseguir, olha ao redor. — Enfim, gira em volta de uma vida bem tranquila, nós dois acordando, ouvindo Enzo brincando com mais alguma criança, que deve ser alguma coleguinha dele, e adivinha? A Amélia e a Dona Belarmina sempre por perto. — A recordação do seu sonho a deixa ligeiramente emocionada. — Acho que a minha mente está criando um mundo alternativo.

— Que vai virar realidade. — Sinto vontade de tocar em seu rosto e lhe dar um beijo, mas eu me contenho. — Em no máximo uma semana esse pesadelo vai acabar.

— Precisa. Deus sabe que já estou no limite. E de verdade, se o meu pai não estivesse tão fragilizado e com depressão, ia fechar os olhos para as consequências.

Estamos realmente no limite.

— Só mais uns dias.

Ela suspira.

— Sim, apenas mais uns dias.
Não podemos nos abraçar ou sequer nos tocar, mas nos comunicamos com o olhar, contudo, infelizmente a nossa paz logo é interrompida quando Alana, que ao invés de continuar sendo a stylist, agora ocupa o cargo de ajudante de Breno, vem ao nosso encontro.

— É a hora das fotos.

— Ah, claro.

Ela se vai para o seu compromisso e então vou até Tarcísio, que como sempre está comendo.

— Bruna — ele aponta para a amiga — já está além do limite. — O que ouço não é nenhuma novidade. — E eu quero proporcionar para vocês algo diferenciado. Eu tenho um amigo aqui em Curitiba que é dono de uma boate, e eu pensei em levar vocês lá. Ela me contou que sonha em ter um encontro fora do quarto com você. O tema hoje na boate será baile de favela. Imitando as quebradas do Rio. Aceita ir?

Rapidamente ele detém toda a minha atenção.

— Obviamente que sim, um encontro fora das dependências de um hotel seria muito bom. Na verdade, eu necessito.

A minha resposta parece agradá-la.

— Eu já consegui um camarote extremamente exclusivo para vocês dois. Você vai sair para passear, como eventualmente faz, pois tem liberdade para isso, e seguirá para o endereço que vou te informar. Uma recepcionista no lugar te esperará. Então eu levarei a Bruna comigo, vamos dizer, caso o enviado do inferno pergunte, que teremos uma noite só das garotas. Enfim, quando chegar lá, a Bru será toda sua e, finalmente, vocês vão ter um encontro que, apesar de ainda ser às escondidas, será longe de um hotel.

— Eu vou contar os minutos para esse momento.

💕💕💕

O Massagista ❤️ APENAS NA AMAZONWhere stories live. Discover now