Capítulo 55

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Katherine

     Por puro insistinto, segurei a mão de Isaac com mais força e dei um passo para mais perto dele, quase me escondendo atrás do seu braço, mas infelizmente, eu não podia fazer isso.

     Estava rezando para que Isaac não tivesse notado o meu discreto movimento impensado, mas não sabia dizer, ele olhou de mim para Ian apenas uma vez, e logo depois enfiou a outra mão no bolso e encarou seu amigo.

     — Olá, Ian. — respondi, com a voz surpreendentemente firme, e isso me fez levantar mais o queixo e encarar aqueles olhos claros que antes pareciam tão bonitos e encantadores, mas agora... não tinham a menor graça perto dos olhos cor de safiras de Isaac.

     Muito pelo contrário. Estes olhos agora estavam me dando arrepios com a maneira que olhavam para mim. Em poucos segundos que Ian havia se aproximado, seus olhos desceram para os meus seios e minha perna mais vezes do que eu pude contar. Eles brilhavam com algo... estranho.

     Sem me conter, acabei fazendo uma careta em sua direção, mas quando ele notou, seu sorrisinho não sumiu como eu esperava, ele apenas me lançou uma piscadela antes de voltar sua atenção para Isaac. — E aí, cara, bom ver você.

     A postura de Isaac demonstrava total tranquilidade, mas para quem o conhecia, sabia que o que estava brilhando nos seus olhos era algo totalmente o contrato disso.

     Ele fazia carinho com o polegar na minha mão e foi quando notei que eu estava apertando seus dedos com muita força e afrouxei o aperto na mesma hora e olhei para ele. Ele não parecia ter se importado com a dor e o carinho era para me tranquilizar.

     Me amaldiçoei violentamente na minha cabeça. Droga, eu não tinha controle sobre o meu próprio corpo? Isaac obviamente percebeu o quanto eu fiquei nervosa com a presença de Ian. Argh. Por que eu saí com ele para começo de conversa? Olhei para o loiro dos pés a cabeça, criticamente. Ele nem se comparava ao homem que estava ao meu lado.

     — Boa noite, Ian. — cumprimentou Isaac, com a voz baixa e perturbadoramente calma.

     Eu estava hipnotizada pela sua expressão no momento. Um brilho de ameaça nos olhos quando encarava Ian, e proteção quando olhava para mim, mas a feição continuava tranquila e serena... Deus, eu seria considerada estranha se dissesse que eu estou muito atraída por ele agora?

     Ian, ainda sorrindo, gesticulou para nós dois e para nossas mãos unidas. — Olhem só, parece que os pombinhos estão juntos, então. — comentou, soando simpático e realmente não parecendo perceber o olhar de Isaac e o meu desconforto.

     Pisquei e quase, quase, soltei a mão de Isaac na mesma hora, mas me contive. — Somos amigos. — respondi, já que Isaac não se deu o trabalho de corrigi-lo. Na verdade, quase achei que ele iria confirmar que estávamos mesmo juntos.

     Ian franziu de leve as sobrancelhas e olhou entre nós. — Só amigos? Sério? — ele olhou para nossas mãos de novo, e a cada olhada, eu ficava mais nervosa e desconfortável. — Mas fazem um casal tão bonito. Uma pena para você, Isaac. — ele lançou um sorriso para o meu chefe e depois para mim. — E uma sorte para quem quer...

     — Pense muito bem em como vai terminar esta frase, Ian. — a voz de Isaac ressoou num tom baixo e grave, carregada de violência mal contida, seus olhos sem nunca deixar o seu amigo.

     Nem sabia se ainda podia chamá-los de amigos. Desde que conheci Ian, sabia que eles dois estavam passando por uma fase conturbada na amizade, mas achei que eles iriam se resolverem logo, afinal, são amigos há anos. Entretanto, aqui estamos nós.

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