através da minha janela

cáp 2 - profissional do roubo

emma jones

...Pegou meu pulso novamente e me trancou no quarto

Eu me encostei na porta e fui escorregando até chegar no chão gelado do meu quarto, não era a primeira vez que ela me tranca aqui...me lembro que quando tinha doze anos tentei fugir, e ela me trancou no quarto por um mês, claro que ela me alimentava mas era horrível ficar trancada no quarto, e tudo por conta dessa habilidade estranha que eu nem mesmo sei porque tenho, mamãe disse que me encontrou em uma sesta, no oceano em uma viagem que ela fez com sua família, disse também que quando descobriu meus poderes, achou melhor me manter isolada do resto do mundo, ou poderia ser pior pra mim, ela me ensinou a ler, a escrever, e tenho estudado em casa com ela, eu nunca tive contato com alguém que não fosse ela, ou personagens de desenhos da televisão ou de livros que ela comprava pra mim, os livros diminuíam a solidão que eu sentia naquela casa, e me ensinaram coisas incríveis.

Sei que minha mãe só quer me proteger, mas não tenho certeza de que o mundo lá fora é tão ruim assim, eu tenho sonhado a minha vida toda com uma coisa só: liberdade

-Emma, vou sair pra comprar ingredientes pro jantar, volto mais tarde - ouvi a voz da minha mãe abafada e minutos depois ouvi a porta da frente sendo trancada

Uma ideia maluca passou pela minha cabeça, tem uma forma de sair, e é usando minha força, minha mãe ficaria louca, mas o que ela poderia fazer? Me deserdar?

Levantei e me preparei pra quebrar primeiro a porta do meu quarto, dei um chute na porta voou pro outro lado da casa.

Fui pra sala, e chegando lá dei um soco na porta da frente que voou...pro lado de fora.

Em frente a minha casa tinha várias árvores, e ao lado da nossa tinha várias outras casas e comércios, era uma região muito movimentada.

De repente vi um garoto correndo, aparentemente ele viu a minha casa, ele correu pra lá

-Quem é... - ele me puxou pra dentro de casa, colocou sua mão cobrindo a minha boca e me encostou na parede, o seu cabelo era preto e ondulado, e agora, caía meio bagunçado sobre sua testa, seus olhos eram suaves e tinham uma coloração linda de azul, seu nariz era levemente empinando e tinha lábios um pouco grossos e avermelhados, suas mãos eram grandes e quentes, mas me arrepiei assim que seus anéis de prata encostaram no meu rosto, ele tinha um belo sorriso no rosto, de canto, e sua respiração estava pesada, eu conseguia senti-la no meu rosto, apesar de sua mão ter cobrindo minha boca e meu nariz eu sentia seu perfume

-Oi ruiva - falou com um sorriso com covinhas, sorriso exatamente igual aos que eu imaginava quando as escritoras dos meus livros falavam "sorriso cafajeste" - desculpe por fazer isso, mas adoro uma perseguição, e claro que perde a graça se eu for pego - falou tirando sua mão do meu rosto

-Quem é você?

-Não acho nescessário você saber - eu puxei seu pulso trocando nossas posições, deixando ele encostado na parede

-Quem é você? - falei aumentando o tom

Ele continuou sorrindo, mas permaneceu calado

-Pelo visto não estava fazendo coisas certas, caso contrário não estaria correndo assim - falei provocativa

-Claro que não, isso nem faz sentido, eu obviamente corri porque acabei de ajudar uma velinha a carregar suas compras e salvei um gatinho que não estava conseguindo descer da árvore - falou com sarcasmo

Tá querendo morrer seu arrombadinho?

-O que você faz da vida?

-Na verdade tô só esperando ela acabar pra poder descansar no inferno - falou sorrindo e eu arregalei os olhos surpresa

-Tava falando de trabalho

-Ah, eu assalto joalherias

Olha só oque o destino me trouxe...um ladrãozinho safado

-Então você é um bandido? - falei arqueando as sobrancelhas

-Prefiro ser chamado de "profissional do roubo" - disse fingindo estar ofendido arqueando as sobrancelhas

-Certo, tenho algo a te pedir

-Não vou roubar cuecas do seu ex - disse sarcástico e eu revirei os olhos

-Preciso de um guia, você me mostra a cidade e me trás de volta pra casa em segurança - falei e ele riu

-Tá falando sério?

-Por que não estaria?

-Você parece ter mais de quinze anos, e quer ajuda de um desconhecido pra conhecer a cidade?

-Exatamente, decidi confiar em você

-Decisão horrorosa

-Você não está em posição de dizer isso

-Por que?

-Porque digamos que se tornar um ladr...

-Profissional do roubo - me corrigiu

-Que seja - me irritei - você não toma boas decisões

-Tem razão, que graça a vida tem se tomamos boas decisões?

Continua...