através da minha janela

cáp 7 - claro que sei, sogrinha

                     theo cooler

...Não sei, você não quer me contar

Emma estava pensativa depois do que eu disse.

E agora, estou me sentindo culpado por ter exigido que ela me contasse o segredo dela e fico pensando: como posso pedir tanto dela sem ter dado nada?

Mas aí uma outra parte de mim grita dizendo que trouxe uma garota desconhecida pra dentro da minha casa e já fiz demais por ela e talvez me arrependa do que vou fazer agora

Por que eu tenho que ser tão apático e amável?

-Eu cresci com meus pais, minha mãe trabalhava como enfermeira chefe e meu pai tinha um escritório muito famoso de advocacia, eu tinha uma amizade muito boa com a minha mãe mas tinha muitos problemas com meu pai, pelo fato dele ser extremamente rígido comigo, ele queria o filho perfeito, que só tirava dez, não tinha nenhum tipo de problema na escola e sempre fosse o melhor em tudo, eu estudei nas melhores escolas daqui e a minha média era oito, mas isso não era suficiente pro meu pai, eu me lembro perfeitamente de ficar andando pelas ruas depois de sair da escola porque tinha medo do que me esperava quando chegava em casa, o meu pai sempre acabava me encontrando e nós tínhamos brigas horríveis. Lembro que quando chegava o fim dos bimestres da escola eu entrava em desespero porque ele sempre brigava comigo, eu nunca pensei que ele chegaria tão longe ao ponto de deixar marcas permanentes como as que tenho hoje, geralmente eram só tapas e socos, mas com o tempo ele evoluiu pra facas e qualquer coisa pontiaguda que visse em sua frente, a minha mãe trabalhava demais, raramente estava em casa então não sabia do que acontecia comigo - eu me levantei e encostei na parede, Emma parecia ter entrado em transe e me ouvia atentamente - teve vezes que pensei que iria morrer, eu sentia dores pelo corpo inteiro e tinha pesadelos horríveis a noite. Um pouco depois de completar dezeseis anos, a minha mãe sofreu um acidente de carro enquanto voltava do trabalho - senti lágrimas se formarem nos meus olhos mas as segurei e continuei - eu estava na escola quando tudo aconteceu e temia o que poderia acontecer comigo quando chegasse em casa, eu estava desnorteado e com medo, então decidi que não voltaria pra casa, foi aí que conheci o Peter, ele tinha dezoito anos quando o conheci e morava sozinho nesse apartamento aqui, ele me encontrou e acabou me ajudando no pior momento da minha...- Emma me interrompeu, enrolando seus braços no meu pescoço e me abraçou, seu coração estava acelerado e sua respiração pesada, eu sentia que ela ia desabar.

-Me desculpa Theo - ela falou gaguejando e começando a chorar - eu não queria te fazer mal, nunca foi a minha intenção fazer você pensar que não confio em você e não queria que você falasse sobre coisas tão difíceis pra você desse jeito, eu confio em você e você é a melhor pessoa que conheci na minha vida e a melhor pessoa que poderia ter aparecido no dia em que fugi de casa, eu sinto muito por tudo que você passou porque você não merece nada disso, você é incrível - depois de um tempo eu retribui seu abraço e ela me abraçou mais forte - eu não me lembro muito da minha infância, mas me lembro de estar sempre naquela casa, lendo ou assistindo televisão, a minha mãe saía de manhã e voltava a tarde, ela era boa pra mim, mas fazia questão de mencionar o fato de eu ser um monstro e que se eu saísse de casa iam ter medo de mim, ela me humilhava por isso sempre que tinha uma oportunidade, e todas as vezes que pedia pra sair de casa tínhamos uma discussão diferente, por conta das coisas que ela me dizia eu tenho um medo gigantesco de usar meus poderes, eu sou descontrolada, e sim, eu tenho super força, eu não quis te falar porque não queria que sentisse medo de mim, e não porque eu não confio em você, eu confio em você sim, e eu até me sentia idiota por confiar tanto em uma pessoa que eu não conhecia, mas nos poucos dias que estive aqui a confiança que tenho em você, só aumentou.

-A sua mãe o que? - eu coloquei uma mão em cada ombro dela e a afastei um pouco pra conseguir olha-la nos olhos, ela estava vermelha e seus olhos um pouco inchados - isso é a abuso psicológico, Emma - ela me olhou confusa