Capítulo 4

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"Disseram que a Kristy e o Connor estão tendo problemas no relacionamento. Dizem que ele está de olho em uma das amigas dela. Ele pode ser quente, mas tem cara de traidor."

Dei pausa no gravador, sabendo que não deveria anotar isso. O Connor veio a mim mais cedo, o que indica que isso não passa de mentira. Dei uma olhada na fita do banheiro dos garotos e fiz uma careta quando o Ben começou a descrever sua transa ontem à noite.

— Nojento! — resmunguei. Todos os caras dentro do banheiro riram enquanto ele dizia que a Liliam não estava "devidamente depilada". — Merdinha. — Fechei os olhos com força, me perguntando se Liliam iria gostar de saber disso. Esse garoto não presta.

— Alguém irritou você — Kim apareceu de repente ao meu lado e encarei seu rosto, tirando os fones de ouvido.

Ele os pegou e voltei à fita. Seus olhos se arregalarem em surpresa.

— Você deveria mostrar isso para ela — aconselhou, roubando uma das minhas batatas chips.

Analisei-o com cuidado, me perguntando se ele já contou sobre mim para outros garotos. Kim não tem amigos no colégio, mas pode ter contado para alguém de fora. Ele é um garoto e parece que falar sobre isso é lei entre eles.

— Você... — comecei timidamente, mas ele me cortou.

— Não! — Seus olhos caíram nos meus e sorri.

— Boa escolha, senão eu acabaria com você — brinquei fingindo seriedade ao morder uma batata.

Kim umedeceu os lábios, sorrindo para mim.

— Sei muito bem disso — ele disse me entregando os fones.

Guardei os gravadores na mochila, assim como o bloco de notas. Minha atenção foi para o Kim, em seus braços e sua camisa branca sem mangas. Eu adoro vê-lo com jaqueta de couro, combina com ele, deixando-o parecendo perigoso, mas gosto ainda mais de observá-lo daquela forma. As veias marcantes em seu antebraço e sua pele macia à mostra.

— A essa hora você normalmente não está bem longe do colégio? — comentei, vendo-o comer o resto das minhas batatas.

— Eu vi o seu carro e tive quase certeza que você estava fazendo algo às escondidas — rebateu lambendo os lábios e me fazendo olhá-lo.

— Difícil vai ser o dia que você não me verá fazendo essas coisas — zombei, fazendo-o concordar. Peguei a embalagem de suas mãos e a coloquei dentro da minha mochila. Levantei e Kim me acompanhou, limpando as mãos sujas de sal no jeans escuro. — Aconteceu algo estranho hoje — comecei enquanto dávamos a volta no colégio deserto, rumo ao estacionamento.

— Qual o nível de estranheza? — perguntou me olhando com interesse e as sobrancelhas escuras franzidas.

— O nível do Connor me pedir ajuda — revelei e ri da expressão exagerada. Eu o empurrei com o cotovelo, roubando um dos seus melhores sorrisos.

— Você não é do tipo que ajuda as pessoas — disse e o empurrei outra vez, fingindo irritação. Kim segurou meu pulso me puxando de leve e me lançando um olhar desafiador.

Fugi do se toque, sentindo-me quente.

— Continuando — avisei voltando a seguir pela grama bem aparada e Kim fez sinal para que eu continuasse. — Ele me pediu para espionar a namorada dele — contei e dessa vez ele realmente pareceu surpreso.

— Isso é um nível extremo de estranho, já beirando a loucura — comentou e precisei concordar com ele.

Parei ao lado da sua moto e ele sentou e me olhou nos olhos.

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