Capítulo 10

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Bem, é hora de continuar. Retira o casaco de couro tingido em sangue, e pior estava sua camisa fina e branca por baixo. Sentia dores a cada movimento, ainda assim rasgou a camisa em alguns pedaços e usou para enrolar a perfuração em seu antebraço, que de longe era a que estava na pior situação. Depois, cobriu a ferida na canela. Foi o que deu. Recolocou o agasalho furado de uma forma bem apertada para segurar ao máximo o vazamento das feridas em suas costas.

Partiu dali mancando e cansado, a cada instante pensando em desistir… não, não pensaria mais nisso! A história de toda a sua vida é sobre desistir, falhar e cair, estava farto disso! Ia continuar o caminho torturante na companhia da destrutiva dor latejante. Ele era um Zulter, afinal, e tudo o que sabe sobre esse primordial e seus descendentes é que são poderosos e tem a perseverança como segundo nome, e estava na hora de mostrar a si próprio que de Zulter ele não tinha apenas a Aura azul.

O que não significa que cada passo não seja profundamente doloroso e que o pano não cutuque de propósito suas feridas. Ainda assim, segue, não iria voltar pra casa lamentar e se sentir um inútil como sempre fez, dessa vez vai ser diferente! Uma flor amarela lhe chama a atenção, se sobressaía sobre o mato e floresta sem graça por causa dos últimos dias de inverno que foram contemplado por neve. Aquela flor resistiu a tudo isso, a todas as adversidades prospostas pelo frio, e segue esbanjando beleza e formosura. Deveria resistir às armadilhas como aquela flor sobreviveu ao inverno, e isso o motivou a continuar.

— Socorro! — cada partícula dele se estremeceu ao ouvir uma voz infantil gritar. — Ei, você, me ajuda! — parecia de uma menina.

Spency olha para o outro lado, notando uma garotinha loira que devia ter seus sete ou oito anos, sentada na frente de uma árvore e chorando muito. Haviam machucados por todo o seu corpo e, ao tentar levantar, caiu no chão de novo. Pobre garota, deve ter acabado por cair sem querer nas armadilhas.

Ele anda até ela, porém no meio do caminho para. Analisa bem a situação. E se na verdade, ao invés dela ter caído em uma armadilha, ela ser a armadilha? Spency se sentia indeciso meio às súplicas, era uma escolha muito delicada de se fazer.

— Um lobo me atacou… — murmura ela, chorosa.

— Onde está a sua mãe? — questiona.

— Eu… não sei — baixa a cabeça e segue aos prantos. — Por favor… me ajude.

Com o coração apertado, Spency vira as costas. Não, é uma armadilha! Impossível não ser. Respirou fundo e seguiu seu caminho, mesmo que a pequena garota implorasse por sua ajuda, machucando ainda mais sua consciência. O grito dela se torna mais agudo e desesperador, acompanhado de rugidos. Ao se virar, nota um lobo a atacando impiedosamente e a fazendo sangrar.

Sua única escolha é acelerar o passo e passar despercebido pelo canino, o que aparentemente deu certo.

— Droga… não era uma armadilha. Eu… que merda, eu deixei ela morrer — se apoia em uma árvore, olhando de volta para trás.

Retorna sua atenção para frente. Infelizmente, era para lá que deveria olhar.

— Não tinha como você fazer nada — percebe que as ataduras improvisadas estão insuficiente e vazando sangue. — Olha a sua própria situação, não sabe nem se vai conseguir se salvar, imagina aos outros. Tá tudo bem, você não tinha como fazer nada.

— Certeza que não tinha? — questiona uma voz familiar.

Ao voltar seu olhar para frente, se arrepia com o que vê. Parecia um espelho onde ele estava sendo retratado, porém seu pai estava ao seu lado. Olhou para o local indicado no espelho, percebendo que estava sozinho.

Hutbus IslandOnde histórias criam vida. Descubra agora