CAPÍTULO 45 - ÉPOCA E SOL NOTURNO

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POV MEL

       Acho que devo ter cochilado umas três vezes antes de Chay chegar. Por sorte, perto da hora eu me despertei por completo e fui até o portão abrir pra ele.

— Ué, você veio a pé? – pergunto assim que o vejo parado, sem o carro em vista.

— Não... É que, eu queria te mostrar uma coisa antes da gente ir. – explica.

— E o que é? – pergunto desconfiada.

— Confia em mim?

— Depende.

— Só pega suas coisas e vem aqui que vou te mostrar. – diz.

— Tabom... – respondo sem ter ideia do que pensar, entrando de volta.

        Volto com a minha bolsa no ombro depois de trancar o portão. Chay me olha com um sorriso leve nos lábios e eu fico confusa.

— Vem. – diz pegando na minha mão antes de me dar um selinho rápido.

         Ele tampa meus olhos me guiando cuidadosamente na rua.

— Pronto. Pode olhar. – diz depois de alguns passos.

       Abro meus olhos e fico sem reação pro que vejo. Era uma moto, bem clássica pros dias de hoje.

— Chay... – digo.

— Meu novo volante. Busquei hoje a tarde. Você gostou? – pergunta.

— É linda, mas... Você vai levar pra São Paulo como?

— Pilotando. – sorri de canto.

— Não é perigoso? – me preocupo.

— Eu tomo cuidado, prometo. É o que eu disse pra minha mãe também, ela teve a mesma reação, até um pouco mais preocupante que a sua.

— Claro... É uma moto. Da medo, principalmente pra uma mãe. – digo.

— Eu sei. Pensei muito antes de comprar, mas eu sempre quis. Tenho que conviver com a preocupação dela. – a animação do seu olhar se desfaz e ele se apoia no banco da moto.

— Ah, Chay... – acaricio seu rosto – Não precisa murchar assim. Confio em você. – sorrio fraco – Mas toma cuidado, ta? Nada de bancar o exibido e nem o doido. – o alerto como uma bronca.

— Isso não, de jeito algum. Escolhi a dedo um modelo mais tiozão, só pra andar. Fica tranquila, Melzinha. Tenho a cabeça no lugar. – explica me trazendo pra mais perto de sí pela minha cintura.

— Então tudo bem. – sorrio – Modelo tiozão. – repito e rio – É assim que somos hoje? Meio tios?

— Um pouco, eu acho. – ele ri – Até porque o Chay jovem teria se exaltado com toda essa preocupação em volta dele por causa de uma moto.

— É uma preocupação boa. Significa que tem gente que se preocupa de verdade com você.

— Antigamente eu não teria entendido isso nem fodendo. Ainda bem que não comprei antes. – confessa.

— Tudo tem seu tempo, bebezão. – aperto suas bochechas.

— Já andou de moto? – pergunta.

— Já. Mas na garupa, nunca.

— Você me da essa honra?

— Hummm... Até dou, pra ver se você toma cuidado mesmo. – semicerro os olhos o fitando.

— Pode ver, não tenho nada a fingir. – responde passando uma de suas mãos na minha nuca e se perdendo em meus olhos.

       Olhos pros lados checando a rua vazia, e ele sorri percebendo que estamos sós. Antes de eu pensar, ele sela nossos lábios com veracidade, e eu correspondo da mesma maneira. Me envolvo em seu beijo com muita facilidade, e isso nunca enjoava. Sem nos darmos conta, sinto suas mãos que passeavam em minhas costas, apertarem agora minha cintura, descendo até então até minha bunda. Apesar da enorme tentação, paro suas mãos com a minha e saio do nosso beijo quase sem ar.

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