Capítulo 4

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- Seja bem-vinda Meryem Hatun! - cumprimentou-a Clara sultana esperando-a no alpendre do pavilhão.

A tecelã ficou encantada tanto com a beleza e elegância natural da monarca quanto com a delicadeza de seus gestos e suavidade de sua voz.

Clara sultana estava vestida de modo simples, com os cabelos parcialmente presos no alto da cabeça, mas o singelo nela ganhava tons de sofisticação. Recebeu com uma alegria infantil o presente das mãos de Meryem, convidando-a para entrar na sala de visitas, simplesmente decorada, porém, acolhedora, desdobrando a linda veste tecida, tingida e bordada por artesãs turcas.

Meryem viu nos olhos de Clara seu contentamento com a vestimenta. A sultana colocou o presente na frente do corpo e, graciosamente, girou sobre si mesma, agradecendo à visitante pelo lindo presente.

O sultão, vindo de sua biblioteca particular, sorriu com a alegria da esposa, cumprimentando Meryem Hatun com um carinhoso abraço e, minutos depois, beijando a esposa na testa, olhando-a com uma admiração e respeito visíveis a quem os observasse.

A tecelã percebeu o quanto o casal real se amava. Nos olhares, gestos e com as palavras ditas em um tom gentil e amoroso, com o qual ambos se dirigiam um para o outro. Metin sempre fora uma criança, adolescente, jovem e agora adulto, extremamente educado com quem quer que fosse, mas com a esposa, era ainda mais.

- Vou colocar meu presente antes da refeição. - disse Clara sultana a Meryem que ficou ainda mais feliz.

- Você ficará ainda mais linda, meu amor. É um lindo vestido tia Meryem.

- Obrigada, Vossas Majestades! Nossas artesãs o confeccionaram com todo capricho e carinho para a sultana.

Clara voltou em poucos minutos com o belo vestido em seu corpo. As cores destacavam o verde de seus olhos, as faces coradas e a pele clara.

- Deslumbrante! - O sultão e Meryem disseram quase que ao mesmo tempo.

Tia Sumru apareceu naquele instante para avisar que a ceia já estava servida no salão de refeições.

- Seremos apenas nós três hoje - iniciou o sultão. - Mestre Nureddin e tia Bahar foram atender à esposa do vizir Engin que dará a luz mais uma criança.

- MashaAllah! - respondeu Meryem.- MashaAllah! - concordaram o sultão e a sultana.

O sultão ocupou a cabeceira da mesa, com Clara sultana à sua direita e Meryem Hatun à esquerda. Lavaram as mãos nas bacias trazidas pelos criados e as enxugaram nas toalhas de algodão egípcio; Metin partiu o pão e os entregou às mulheres.

A mesa, apesar de variada, continha uma quantidade apropriada para servir aos três. Meryem também notou que havia apenas uma porção de peixe, carne vermelha e carne de aves, colocada próximo a ela. Era uma mesa de refeições diferente de todas as que ela havia participado ao longo de sua vida.

As louças dos legumes cozidos era a mais fina e valiosa, como também as vasilhas de ouro e prata em que havia frutas; as verduras cruas descansavam também em louças, mas nas de origem turca.

O sultão serviu-se de várias folhas de verduras frescas, assim como a sultana. Apenas Meryem iniciou a refeição, como era seu costume, molhando o pão no saboroso molho preparado com especiarias por Sumru.

- Majestades - iniciou Meryem - a sultana está falando nossa língua muito bem.

Clara corou com o elogio. Estudava todos os dias com tia Bahar e procurava falar até mesmo com Metin no idioma turco.

- Gentileza sua Meryem Hatun - agradeceu Clara timidamente.

- Ela tem se esforçado muito para falar apenas nosso idioma - disse o sultão olhando com amor a esposa.

- Clara Sultana - continuou Meryem - após a refeição solicito que me conte sua história, se possível.

- Será um prazer. - disse Clara com tranquilidade e segurança, alegre pela oportunidade de treinar com alguém fora de seu contato diário.

O SULTÃO E A PRISIONEIRAWhere stories live. Discover now