Capítulo 55

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Carol's POV

- oi, desculpa a demora, gigi tava um pouco nervosa e eu tive que acalmar ela, não é bom deixar uma grávida nervosa. - Zayn falou quando chegou na sala.

- Grávida? - Ele abriu a boca, mas nenhum som saiu de lá, provavelmente ele falou sem querer e ainda era um segredo pra todo mundo.

- Esquece, finge que você não ouviu isso, eu sou muito idiota. - Ele sentou no sofá e ficou de frente pra mim.

- Posso te dar parabéns antes? - Ele assentiu e eu o abracei. - Parabéns, e boa sorte pra contar pra Day porque ela vai surtar.

- É, eu sei. - Ele riu baixinho. - ainda tá no início, então a gente não ia contar pra ninguém, mas eu deixei escapar e sei que você não vai contar pra ninguém, nem mesmo pra Day, certo?

- Certo, se vocês que são os pais não vão contar agora, quem sou eu pra contar? - Eu falei e ele sorriu.

- Carol, horas atrás você me perguntou uma coisa e acho melhor eu contar antes que a Day venha atrás de você. - Eu obviamente sabia do que ele estava falando, já que nós tínhamos combinado de conversar agora. Por algum motivo eu estava nervosa.

- Eu sei, daqui a pouco ela desce a escada. - Nós dois rimos e eu suspirei. - Zayn, o que aconteceu?

- A Day já te contou como ela era na adolescência? - Zayn perguntou.

- Tipo, encrenqueira e saia brigando com todo mundo na rua? - Zayn assentiu. - É, ela me disse.

- Então, isso foi um dos motivos. Ela se metia em encrenca praticamente todos os dias, normalmente voltava com um hematoma novo pra casa, ela sempre foi muito boa de briga, nem os garotos tinham vantagem contra ela, mesmo todos eles pensando assim. Ela também não tinha muitos amigos, mas os amigos que ela tinha, não eram pessoas boas, vamos dizer assim. Ela nunca usou droga, mas os amigos dela usavam, então eles conheciam certas pessoas barra pesada, sabe? - Eu assenti e Zayn continuou. - Teve um dia em que ela e os amigos se meteram em uma briga, mas não foi uma briga comum. A Day bateu em um garoto e esse garoto era filho de um dos caras mais barra pesada de Goiânia, o garoto contou para o pai o que aconteceu e ele veio ameaçar nossa família, falando que se a Day encostasse mais um dedo no moleque, seria meu pai quem pagaria. Depois disso, ela ficou um bom tempo sem se meter em encrenca, até esse mesmo menino aparecer de novo, ele ficou provocando ela, falando merda e ela era bem impulsiva na época, então não aguentou e meteu a porrada no menino, pela segunda vez. E como o pai dele tinha prometido, foi nosso pai quem pagou, dias depois, nosso pai não chegava nunca do trabalho e a campainha tocou. Era a polícia, avisando que tinham encontrado o corpo do nosso pai com um tiro na cabeça. Depois desse dia, Day raramente saia de casa, ficava trancada no quarto, chorando e se culpando o dia inteiro, ela fez isso por meses. Ela mudou completamente. Minha mãe achou que tava na hora de uma mudança e então nós viemos pra São Paulo, onde poderíamos tentar recomeçar, porque se a gente continuasse lá, talvez a Day nunca melhorasse, sabe? tudo naquela casa lembrava ele, como a Day mesmo disse uma vez "Sempre que alguém toca a campainha, eu acho que é a polícia, avisando que dessa vez quem foi assassinado, foi a mamãe". - Zayn estava chorando, e eu só percebi que eu também tava quando passei as mãos na bochecha e senti minhas lágrimas descendo. - Ela passou um inferno pra superar tudo isso, por isso eu admiro tanto a força que ela tem, ela esteve no fundo do poço e voltou pra cima, são poucas pessoas que conseguem fazer isso. Por isso eu fico feliz de você ter entrado na nossa vida, eu acho lindo o jeito que você deixa ela bem só em estar por perto, então tudo que eu te peço é pra cuidar dela, você é muito importante pra minha família, e não é só porque você tá praticamente "namorando" minha irmã, você já era importante antes mesmo da gente se conhecer, você foi uma peça essencial pra superação dela, pode parecer bobagem, mas não é, você e suas músicas mudaram a vida dela e eu vou ser eternamente grato a você por isso.

- Agora que eu conheço ela, vou fazer o possível e tentar fazer até o impossível pra fazê-la feliz, eu prometo. Eu sinto muito que vocês tenham passado por tudo isso, deve ter sido horrível ver sua irmã mais nova no estado que ela estava e não poder fazer nada porque nem ela queria se ajudar. - Zayn estava tentando se acalmar e eu limpava cada lágrima que insistia em cair. Não tinha como eu voltar para o quarto com os olhos vermelhos, Day iria perceber e eu não queria isso.

- Foi horrível, mas felizmente tudo isso passou e mesmo que isso não traga meu pai de volta, a gente vai ficar bem, certo?

- Vocês vão, vocês têm um ao outro e qualquer coisa, eu tô a uma ligação de distância. - Zayn sorriu e me abraçou.

- Obrigado.

- Não tem que me agradecer, isso é o mínimo que eu poderia fazer. - Zayn se afastou e pegou o celular, checando o horário.

- A gente deveria ir dormir, temos que acordar cedo amanhã.

- Você tem razão, boa noite, Zayn. E parabéns pela criança, tenho certeza que vai ser uma criança incrível assim como os pais dela. - Zayn sorriu e agradeceu.

Eu subi para o quarto e Day estava deitada com os olhos fechados, mas sua respiração não estava calma como quando ela dorme, então eu sabia que ela estava acordada.

- Oi gatinha, voltei. Desculpa a demora, Zayn tava lá embaixo e a gente ficou conversando.

- Tudo bem, deita aqui comigo que eu tô com soninho. - Ela falou manhosa e eu a obedeci. Dessa vez, eu a puxei para deitar em meu peito e fiz cafuné nela, até ela pegar no sono, que devido ao cansaço, não demorou muito.

- Eu sinto muito que você tenha passado por tanta coisa ruim, gatinha. Não vou deixar mais nada de ruim te acontecer, eu prometo. - Meu coração doía só em pensar uma Day adolescente trancada dentro do quarto se culpando por algo que não era culpa dela. Ela era só uma adolescente. Foi em meio aos meus pensamentos e a respiração tranquila de Day, que eu apaguei.

The FeatWhere stories live. Discover now