Capítulo 5

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Fernanda

Usava uma camiseta cinza e um short jeans escuro enquanto permanecia no sofá esperando a Marina chegar para sairmos.

Fiquei cerca de 2 horas ali, afinal não me avisaram a que horas ela viria.

– Fernanda! – Ouço ela passar pela porta. – Olha só... – Olha ao redor. – Teve que dar um chá bem dado no Wendel para ele te colocar aqui né?

– Única forma de manipula-lo né? – Digo sarcástica.

– Se liga só, tem vigias por todo lado aqui e além de tudo eu tenho uma arma e não pouparei esforços para usar, então não tenta nada. – Consinto calada a sua ameaça. – Entra no carro. – Assim eu faço.

Seguimos caladas por alguns minutos. Pelo retrovisor consigo observar a presença de uma moto com dois homens atrás de nós por todo o percurso. No celular do seu colo consigo observar que ela mantinha uma conversa com Tito e Binho de acordo com as notificações que chegavam.

– Anda. Não quero demorar aqui. – Diz pegando um carrinho e me fazendo sinal para pegar outro.

Colocamos tudo que tinha direito dentro deles, cerca de 10kg de tipos variados de carne, 4 pacotes de arroz e assim vai.

– Você sabe quanto tempo ele vai me prender aqui? – Suspiro em meio ao corredor de temperos. 

– Fernanda.. Sinceramente? O Tito não vai te liberar daqui meu... – Meu coração se aperta mais uma vez com sua afirmação. 

Eu tinha uma família, sonhos... uma vida. E ele iria tirar de mim dessa forma? Eu o odeio por ter tirado de mim o que eu mais amava, minha liberdade.

– Eu sei que dói, mas meu irmão te declarou médica daqui e é isso que você vai ser a partir de agora. Bom... já chega né.

Vamos em direção ao caixa e passamos a compra que deu um total de 7 dígitos. Nem em outro mundo eu gastaria tanto em um supermercado. Ela tira um bolo de notas de cem da bolsa e entrega a atendente.

– Bom, agora vou te deixar em casa porque não aguento mais olhar pra tua cara. – Ela me solta um riso ao entrar no carro. Tentava me convencer de que minha presença a incomodava mas eu sabia que não.

Algum tempo depois estou em casa desempacotando tudo e guardando. Puta merda, era muita coisa...

Tito

No final da noite encontro com uns manos em um barzinho daqui perto. Cumprimento geral e faço sinal para trazerem uma cerveja.

Soube pela Marina que o Wendel tá bancando a médica mesmo. Colocou ela em um barraco legal e além de tudo ainda salvou a compra dela. Se eu não o conhecesse diria que ele está gamado nela, mas não tem nada além de interesse. Ela era um gata, não vou negar, e isso justifica seu interesse repentino nela.

– Quer dizer então que tu liberou um barraco teu pra Fernanda? – Comento me fazendo de desentendido e ele apenas consente. – E tu vai ficar lá com ela? – Zombo.

– Até queria... mas prefiro minha casa. – Ele dá um gole na cerveja.

– Quem é Fernanda? – Um outro se mete na conversa.

– A médica que seu parceiro ai sequestrou. – Aponta pra mim.

– Precisávamos de uma médica e ela entrou no meu caminho...

Ele não se surpreende pois já sabia que era algo do meu feitio.

– E tu tá bancando a mina, Wendel? – Ele questiona se ajeitando na cadeira.

– Claro, fazendo o que o Tito não foi capaz.

– Quando você descobrir o quão abusada ela é, vai se arrepender de ter tirado ela do casarão. – Dou um corte na cerveja. – mas claro, se você não comer ela antes. – Me levanto retirando uma nota da carteira e colocando em cima da mesa. – Só não quero ninguém falando no meu ouvido quando ela vazar daqui e entregar nossas cabeças. – Deixo claro a situação que ele poderia nos colocar.

– Sei lidar com mulher Tito e o pior, não preciso levantar a mão pra nenhuma delas, caso queira que me obedeçam. – Diz sarcástico e eu nego com a cabeça rindo.

Ele sempre foi o bonzinho daqui. Tá comigo na caminha há muitos anos e eu já disse que se continuar assim vai cair cedo, mas ele não escuta. Ter dado liberdade para aquela mulher foi como assinar sua própria sentença de morte.

[...]

Fernanda

Marina acabou saindo tarde daqui ontem a noite. Ficamos batendo papo enquanto organizávamos as coisas e acabamos prendendo a noção do tempo.

Acordei bem mais disposta comparada aos dias anteriores, o colchão era bem mais confortável e me proporcionou uma longa noite de sono.

Jogo uma água no rosto e desço para tomar meu café.
Ao pisar no andar de baixo vejo que as janelas estavam abertas, as mesmas que fechei na noite anterior.

– Marina? – O silêncio percorre a sala.

Piso minuciosamente na sala e não avisto ninguém. Me direciono a cozinha e consigo sentir um cheiro forte de café inundar o meu nariz. Wendel estava escorado no batente da porta da varanda segurando uma xícara nas mãos.

Ele estava distraído digitando algo no celular, pego uma xícara com café e me junto a ele que finalmente percebe minha presença.

– Finalmente acordou. Bom dia! – Me tira um sorriso de canto.

– Bom dia! Há tempos não durmo direito... – Falo em meio a uma espreguiçada.

– Bom, tenho que ir. Só vim ver se estava tudo bem. Caso precise de algo, tem vários caras aí fora, pode pedir pra algum deles. – Segue em direção a pia colocando a xícara vazia dentro dela.

Horas mais tarde me vejo secando as panelas do almoço e cantarolando uma música baixa quando ouço o barulho da porta ser aberta.

Ao avistar o mesmo homem que me visitava toda madrugada, meu corpo fica trêmulo. Eu sabia o que estava por vir...

Foi a pior surra de todas, do jeito que fui deixada no chão, permaneci por muito tempo. Eu não tinha forças... eu me dividia entre chorar por dor ou por frustração.

Eu torcia muito para que isso acabasse logo.

[...]

 REVISADO!

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