Aisha - A Noiva do Lorde

Capítulo 13

Timotthe se escorou no corrimão da escada, passando a mão pelos cabelos. 

Sua intenção era ir ao quarto de Diana, porém seu medo de culpá-la estava gritando em seus ouvidos. Seu corpo estava tenso, o que era perceptível nas veias saltando em seu maxilar e em suas mãos. Timotthe estava nervoso.

Ele arriscou dar mais um passo para cima, quando uma voz se pronunciou: 

- O que está fazendo?

Timotthe se virou, dando de cara com Edward, o filho de Asterope e Alina. O garoto tinha apenas 9 anos, mas sua aparência já era fascinante. Ele tinha os cabelos brancos da mãe, que caíam quase tocando em seus olhos verdes, da cor dos de Asterope. Olhar para Edward era encarar o olhar de seu melhor amigo.

- Subindo as escadas. - disse Timotthe.

Edward inclinou a cabeça, observando-o em silêncio.

- Diana sente sua falta. - ele repetiu as mesmas palavras que a mãe dissera mais cedo para Timotthe.

O general suspirou.

- Eu sei, vou vê-la agora.

- Meu pai disse que você mudou. - Edward disse, de repente.

O garoto permanecia com o rosto inexpressivo, olhando-o daquele jeito quieto. Timotthe sabia que ele era muito inteligente, pois já vira muito do garoto durante sua vida, mas naquele dia, Edward estava silencioso.

- Eu? - Timotthe franziu a testa. - Continuo o mesmo.

Edward o olhou de cima a baixo e ergueu uma sobrancelha.

- Você está mais... quente.

- Quente?

- Antes, você sempre andava de cara fechada, parecendo que não queria que ninguém se aproximasse. - Edward disse. - Agora, é como se algo tivesse te amolecido. Nem a máscara você usa mais.

Timotthe olhou para o garoto, surpreso. Ele fora lido tão facilmente... Mas agora que alguém havia lhe dito, ele estava notando o que Edward percebera. Timotthe estava mais mole, menos fechado em si mesmo e não sabia se isso era ruim ou bom. Talvez fosse, mas às vezes sentia que perdera a neutralidade que um general deveria ter. Ele passava tanto tempo pensando em Aisha e se preocupando com ela que não se importava mais com suas obrigações no exército. E ele sabia que não deveria ser assim. Eles estavam em guerra, precisavam que ele focasse.

- Acho que estou virando um covarde. - Timotthe disse, envergonhado.

- Amar não é covarde. - Edward disse. - Mas deveria ajudar meu pai, ele parece cansado.

Timotthe franziu a testa. Conhecia Asterope muito bem e sabia que ele não demonstraria cansaço perto de seus homens, mas sua mente estava tão avoada esses tempos que não pensou numa forma de ajudá-lo. Talvez devesse dar mais atenção para o amigo.

- Prometo que vou tentar.

- Não tente, faça. - Edward retrucou, antes de se virar a andar até uma porta, completando. - Diana está comigo, venha aqui.

O general ergueu uma sobrancelha, mas seguiu o menino até o quarto. Ao entrar lá, encontrou pilhas de livros, flores e desenhos rabiscados. Era como se aquele fosse o quartel general de duas crianças incrivelmente entediadas. 

Assim que Diana viu Timotthe entrar pela porta, ela soltou um gritinho, correu de onde estava desenhando, soltando tudo em suas mãos, e o abraçou. O general se abaixou para recebê-la nos braços e quase chorou ao sentir o cheiro da menina. Ela continuava a mesma e ele não a culpava. Timotthe apertou-a contra seu peito, sentindo todo um peso sair de seus ombros. Como ele sentira falta disso...