Capítulo 36

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Notas:
Advertências para este capítulo: referências ao abuso infantil, uma breve descrição de crianças doentes no hospital, bem como uma criança doente falecendo, alguma angústia, mas é principalmente o início lento da cura.
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A primeira vez que James viu Sirius triste foi quando eles tinham onze anos, seu primeiro ano juntos. Ele ficou um pouco assustado com uma coisa dessas, porque Sirius era uma criança indisciplinada que gostava de rir e fazer travessuras, e ocasionalmente ficava inesperadamente furioso com certas coisas, ou com certas pessoas, mas nunca com James. Tristeza, no entanto... Até James ficava triste às vezes, especialmente no início do semestre, sentindo falta de seus pais. Mas Sirius nunca ficava triste, ou escondia bem.

De qualquer forma, houve um dia em que Sirius estava muito quieto e subjugado. Ele disse a todos que não estava se sentindo bem e pulou metade do dia e quase todas as refeições. James, a princípio, estava tão preocupado que implorou para que Sirius fosse examinado se estivesse doente, mas Sirius continuava o ignorando.

Foi só muito mais tarde naquela noite, no silêncio do dormitório, que ele ouviu Sirius fungando. James – que não tinha limites na tenra idade de onze anos – imediatamente saiu de sua cama, abriu as cortinas da cama de Sirius e subiu com perguntas sussurradas sobre o que estava errado. Foi preciso um toque gentil e não tão gentil para tirar de Sirius por que ele estava acordado tão tarde, chorando tão baixinho quanto podia.

"É o aniversário de Reggie," Sirius finalmente sussurrou, parecendo levemente envergonhado e muito triste. James, que tinha ouvido bastante sobre Reggie, irmã mais nova de Sirius, apenas assentiu e se acomodou para ouvir. "Eu odeio não poder nem falar com ela. Mamãe e papai não comemoram aniversários, na verdade."

"Eles não?" James perguntou, arregalando os olhos. Ele não podia imaginar uma coisa dessas. Sua mãe e seu pai sempre comemoraram seu aniversário, sempre fizeram uma grande produção dele, sempre fizeram dele um dos seus dias favoritos do ano.

Sirius balançou a cabeça, fungando novamente. Eles costumam deixar um ou dois presentes no final da nossa cama. Coisas caras. Nem brinquedos nem nada legal. Antes de vir aqui, eu roubava biscoitos e nos esgueirava para o telhado, e eu sempre tentava dar Reggie um presente que fiz. Mas não posso fazer isso este ano. Não posso nem falar com ela e desejar-lhe um feliz aniversário.

"Por que não? Você não tem um celular?" James havia murmurado.

"Não, ainda não," Sirius disse com um suspiro.

James se animou. "Ah! Bem, mamãe e papai me deram um para que eu pudesse ligar para eles quando eu sentisse falta deles. Você quer usá-lo?"

"Eu não sei o número da minha casa."

"Oh. Bem... Hm. Bem, a Professora McGonagall os tem arquivado em sua sala de aula. Eu a vi procurar os meus quando ela ligou para meus pais depois que eu tropecei em Snape no corredor."

Sirius franziu a testa para ele. "Isso realmente não me ajuda, no entanto."

"Mas e se pudesse?" James tinha sussurrado com um sorriso.

E então, eles escaparam dos dormitórios no meio da noite para invadir a sala de aula da Professora McGonagall e procurar o número da casa de Sirius. Foi, após reflexão, um plano que eles não deveriam ter sido capazes de realizar, mas de alguma forma eles conseguiram de qualquer maneira.

Mas, quando Sirius – excitado e praticamente chacoalhando de antecipação – ligou, foi sua mãe quem atendeu o telefone. Sirius pediu tão, tão educadamente e tão, tão esperançosamente para falar com Reggie, mesmo que só por um momento, e Walburga gritou com ele por ligar tão tarde. Então, implorando, Sirius implorou para ela pelo menos dizer a Reggie que ele ligou para desejar a ela um feliz aniversário, e Walburga – a mulher mais cruel do mundo – recusou. Ela desligou na cara dele, e Sirius se encolheu na cama de James e chorou a noite toda.

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