Prólogo

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O som metálico da arma engatilhada é sempre a anunciação de que alguém irá morrer

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O som metálico da arma engatilhada é sempre a anunciação de que alguém irá morrer. Dessa vez, não sou eu a puxar o gatilho. Eles estão prontos para por fim de uma vez por todas com a rixa entre os gangster árabes do sul e os Kings Canals. No caso, eu, o homem cuja a cabeça  está sendo caçada. Honestamente não imaginei que iria muito longe, putas e bebidas junto a um homem amargurado, resultam nisso.

Nesta hora, em que por ventura algo que não me é comum me aflige, o desespero, um riso incontrolável vem do meu peito. Irei morrer. Bombardeios, praias minadas, irlandeses raivosos como cães, fome e sede não foram o suficiente, mas algo tão óbvio e estúpido quanto álcool e putas será minha ruína.

Sempre me vi como um homem forte; Entretanto, estou destinado a sucumbir pelo meu maior pecado, luxuria. As mulheres certamente são meu ponto fraco. Agora? Irei morrer como um idiota que não domina seus instintos mais primitivos.

A voz desafinada que canta sobre uma antiga briga de gangues em Londres, consegue ser ainda mais desconfortáveis do que o balançar do porta malas do carro. Como se os capangas de Muhammad fizessem a questão de passar por cada buraco para me lembrar de minhas dividas. Meu total desconforto é como um soco no estômago vazio. Meu irmão sempre me disse como sou um cara de sorte, honestamente, hoje nossa crença será posta a prova. Nem Deus me livraria dessa.

Minhas mãos envoltas pela corda tateiam o carpete em busca de alguma ferramenta ou pedaço de ferro qualquer que possa me ajudar. Não estou disposto a morrer como o covarde que meu pai acredita que sou.

O carro chacoalha projetando meu corpo para cima, pouco antes da velocidade reduzir e o motor desligar. O cheiro de capim e terra molhada faz meu estômago embrulhar e pela primeira vez eu não tenho um plano. A violência que me foi herdada de berço me parece o ato mais nobre que tenho agora.

── Parece que alguém não está tendo um bom dia em, Harry? ── Diz a voz mais fechada e seca. Tento lembrar da onde a conheço.

Ouço as porta baterem e finalmente minhas mãos suadas agarram um metal gelado no escuro. Os passos se aproximam e minhas pálpebras se apertam quando o porta malas se abre e uma luz é lançada contra meu rosto no meio da noite escura. Imediatamente movo a pequena barra de ferro no ar, que se choca contra a cabeça de um dos homens, entonando um som metálico e ríspido. Pela força da pancada nem consegui memorizar o rosto antes que ele caísse de bruços no chão, deixando uma pequena poça de sangue na areia molhada.

── Pode parar!

Grita o outro e um disparo é dado em direção ao céu nublado daquele deserto. Meus olhos vão até o homem de meia idade que encosta o metal da boca da arma em minha garganta. Apesar do frio posso sentir uma gota de suor escorrer pelo meu rosto.

── Matou o meu parceiro, garoto... ── Ele rir. É amargo. ── Me disseram que você não tem medo morrer... Vamos ver se é verdade.

Ele atira novamente para cima e a pequena fumaça se dissipa no ar. O homem volta a apontar a arma para mim e tento fixar meu olhar no semblante pouco amigável. Não diria a um ano atrás que estaríamos aqui agora, pensei que fossemos amigos, mas nada deixa tudo tão óbvio quanto o interesse. Entre dois fatos sempre haverá um fato, o fato aqui é que o dinheiro e o ódio precedem qualquer honra.

CHELSEA - A Ascenção De Um Narco (H.S)Where stories live. Discover now