Capítulo 1 - O Infiltrado

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Polônia, década de 80...

Já passava da meia noite e a neblina densa se espalhava pelas esquinas escuras do gueto.

Se ouvia, ao longe, o barulho crescente dos passos ligeiros, como de quando se foge de algo ou de alguém de um jeito desenfreado e desesperador...Não demorou muito mais para que o homem troncudo surgisse na esquina, fugindo como o diabo foge da cruz.

Ele não parecia estar muito preocupado com os supostos olhares curiosos, nem com o barulho que estava fazendo naquela hora da madrugada. Aos poucos ele foi ganhando mais velocidade, sem se importar com a falta de ar ou com o fato de que seu coração pudesse saltar de seu peito há qualquer momento.

Segundos, apenas alguns segundos depois surgiu na esquina a silhueta do perseguidor, um homem alto e esguio, suas corrida era firme e compassada, seus passos eram leves e muito, mas muito mais ligeiros! Não demorou pra que a distancia entre eles diminuísse, então, aconteceu o improvável.

Pode ser que tenha sido somente uma obra do acaso, ou uma mãozinha do destino, talvez...O fato foi que o fugitivo acabou tropeçando na própria sombra, chegando a catar cavaco no chão enquanto tentava desesperadamente manter o equilíbrio.

Mas não foi isso o que aconteceu.

"AAAAGHHHH...!!!"

O homem soltou um grito quando foi jogado com brutalidade sobre o asfalto molhado, rolando mais de um metro de distancia do tombo! Com uma fúria avassaladora o perseguidor praticamente se jogou sobre ele, desferindo um soco de direita em sua mandíbula.

Aparentemente, o desfecho da captura não seria assim tão fácil já que os dois rolaram pelo asfalto na disputa mano a mano...De repente, numa virada de jogo, o miliante ficou na vantagem!

Um...Dois...Três golpes bem dados contra o seu opressor, tudo isso acontecia enquanto um outro alguém se aproximava com suas passadas mais pesadas e lentas.

"HEI...SEU FILHO DA PUTA!" - um homem obeso gritou.

O suspeito voou longe, por pelo menos uns dois metros de distancia, tamanho o pontapé que levou na boca do estomago! Dessa vez não teve nem tempo de reagir quando o gordo o segurou pelo colarinho pra socar sua cara...Foram uns bons quatro ou cinco murros bem dados no meio da sua fuça, quase deslocando sua mandíbula do lugar.

O homem esguio que antes perseguira o ladrão se levantou e, cambaleando, tomou certa distância enquanto o seu parceiro enchia a cara do outro de porrada...Piscou algumas vezes, chegou a lacrimjar por causa do soco, limpou a boca com as costas da mão, vendo o sangue escuro sobre a palidez de sua pele.

Viu seu parceiro em ação, tinha realmente proporções enormes em comparação ao miliante, o homem era um guarda-roupas tamanho família, e abria e fechava a mão enorme enquanto se recompunha.

"Esse aí já era!" - disse o obeso, enquanto se aproximava do perseguidor implacável - "É...ele te pegou de jeito, não foi Príncipe?"

Não houve resposta, e o homenzarrão continuou a falar bosta.

"Está em forma, hein? Foi uma bela arrancada!" - o idiota riu, se achando.

O perseguidor simplesmente ergueu o olhar cristalino para o seu indigesto parceiro de profissão, já tinha dito diversas vezes que era avesso a qualquer tipo de abuso de autoridade, mas parecia que ninguém o levava a sério!

Uma luz alaranjada e oscilante despontou no fim da rua e a sirene soou apenas uma vez.

"Mas que idiota! Até parece que tem a necessidade de se mostrar." - comentou o guarda-roupas ambulante, caminhando relaxadamente em direção à viatura, ambas as mãos apoiadas na cintura que ele não tinha.

Cortina de Fumaça Where stories live. Discover now