Capítulo 8 - Caraminholas na cabeça

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Mais uma vez Mikaela não pôde evitar se sentir como a criança birrenta ao ser praticamente arrastado por Akane no meio da rua!

"Vamos Mika, estamos atrasados!"

O loiro simplesmente rodou os olhos enquanto a castanha lhe arrastava escadaria acima.

Obviamente a porta de duas folhas, caprichosamente entalhadas, estava devidamente trancada, pois eles tinham sido avisados de que não poderiam se atrasar.

Akane, educada como era, deu três batidinhas num lado da porta, olhando rapidamente para o semblante estoico do noivo antes de negar com a cabeça. Contrariado, Mika simplesmente olhava pra todos os lados, ambas as mãos forçosamente enfiadas dentro dos bolsos dianteiros da calça jeans e nitidamente aborrecido por estar ali.

Só não tinha mandado o tal padreco à merda, primeiro, porque a porta estava trancada, e segundo lugar em consideração à própria Akane! Foi quando finalmente a dita cuja da porta se abriu, onde apareceu uma mulher pálida, de baixa estatura e um evidente mau humor, que media o casal da cabeça aos pés.

"Olá, bom dia! Nós temos um horário agendado com o padre e..." - dizia Akane antes da mulher lhe interromper.

"Estão dez minutos atrasados!" - A mulher disse isso e apenas isso.

"Sim, estamos, foi difícil chegar na hora e..." - Akane estava tentando dar uma boa desculpa, e olhava pra Mikaela pra ver se ele se decidia por ajuda-la com isso, mas ele parecia distraído com outra coisa.

Ele mantinha os olhos azuis estatelados fixos em algo do outro lado da avenida.

"EI?!"

Mika gritou.

Só então Akane percebeu que ele estava se dirigindo a um desconhecido que parecia segurar uma máquina fotográfica.

"Mika, quem é...MIKA!!"

Agora sim! Akane ficou plantada ali na porta da igreja enquanto seu noivo corria atrás de um completo estranho!

...

Para um cara corpulento, até que você corre bastante! Foi o que Mikaela pensou enquanto aumentava o ritmo de suas passadas, visando diminuir a distancia entre eles.

Mika percorreu as vielas no encalço do miliante e depois desceu a escadaria da praça onde, por mais incrível que pareça, o cara levou vantagem, pulando vários degraus de uma vez.

Que cara maluco!

O loiro foi obrigado a reduzir a velocidade diante de um aglomerado de civis, transeuntes comuns que passavam por ali e que não tinham absolutamente nada a ver com isso...Pensou que tinha perdido o cara de vista e entre um caminho e outro, acabou optando pelo túnel.

Mika correu e atravessou por dentro do túnel escuro e antes de chegar do outro lado foi surpreendido com um golpe certeiro em sua nuca.

Ele apagou e foi ao chão.

Sentindo a nuca latejar de dor ele abriu os olhos de par em par...Sentia cada músculo de seu corpo doer e nem conseguiu acreditar que tinha passado tanto tempo desacordado, tinha perdido a noção das horas e francamente não conseguia acreditar que ninguém tinha visto ele ali.

Acontece que ele não estava na entrada do túnel, ele tinha sido arrastado e largado em meio as plantas da área verde da praça, e ele não somente queria saber quem fez isso com ele, como também desejava descobrir o por quê?

Ainda sentado no chão, Mika tateou a própria nuca, sentindo dor em um grande calombo que tinha se formado ali. Percebeu uma textura diferente em sua mão, que ele trouxe de volta para o seu campo de visão, constatando que havia sim um pouco de sangue. Bufou, erguendo-se do chão antes de verificar se seus pertences ainda estavam com ele.

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