Capítulo Doze

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A água em temperatura ambiente escorria pelo meu rosto e molhava o vestido, me refrescando um pouco. O torneio mal havia começado e eu já tinha bebido tanta água que tive que me levantar para ir ao banheiro três vezes. Eu também não aguentava mais me abanar e o esforço físico me deixava mais suada do que ficar quieta sofrendo em silêncio.

Baela e Rhaena estavam sentadas ao meu lado na arquibancada. Ao nosso lado um pequeno pilar segurando nossas prendas. Me reservaram apenas três e Daemon me explicou para entregar aos meus cavaleiros preferidos, aos que eu torcia para que ganhassem.

Rhaenyra estava sentada próxima de nós, fuzilando Alicent que estava do outro lado da plateia com o olhar. Ela me disse que os verdes tentariam me arrumar um noivo até o fim das comemorações, e que eu deveria ficar atenta para qualquer investida. Haviam convencido Viserys a aceitar que usassem o evento para isso.

Encarei as prendas com nervosismo. Eram lindos ornamentos de rosas vermelhas enroladas em um tecido preto. Tão redondas quanto uma guirlanda. 

Baela tentou me reconfortar, dizendo que talvez Aemond pedisse uma de minhas três prendas para lhe dar sorte no torneio e coragem para pedir minha mão para nosso pai. Eu queria que isso acontecesse

Rhaena disse que alguém interessante poderia aparecer e eu fiquei receosa de comentar sobre nosso primo com ela. Sempre fui mais próxima de Baela.

Voltei a me abanar quando as justas começaram de vez. Dois cavaleiros desconhecidos e com suas identidades escondidas pelos capacetes da armadura se posicionaram em cada extremidade da arena, com os escudos e lanças frágeis de madeira em mãos. Os cavalos estavam tão protegidos como seus montadores, já que era proibido acertar os pobres animais nesse tipo de competição. 

O brasão em suas armaduras era as únicas coisas que os identificavam. A rosa dourada da casa Tyrell e o lobo da casa Stark estavam prontos para o combate. Haveriam três rodadas caso nenhum cavaleiro fosse derrubado.

Eles só contariam os pontos se a lança de madeira fosse quebrada.

Entortei o rosto, querendo participar também. Imaginar o Marujo vestido em uma armadura preta e vermelha, com sua crina longa e loira me deixava feliz. Meu cavalo era o cavalo mais bonito de Porto Real, e eu não aceitava o contrário. 

Um homem que eu não sabia o nome gritava para a plateia com entusiasmo, dando a largada para os cavaleiros que correram segurando fortemente a lança e o escudo em mãos opostas. O Tyrell foi atingido, quase indo ao chão.

O Stark havia marcado um ponto.

Os escudeiros deram novas lanças para os rapazes, condizentes com a cor de suas casas. A troca era tão rápida que em poucos segundos eles já esperavam a largada do apresentador. O lobo do norte era muito mais rápido que o pobre coitado da casa Tyrell, que foi humilhantemente atirado ao chão com o impacto e explosão da lança cinzenta.

O público foi a loucura, e as ladies solteiras gritavam para o cavaleiro misterioso. Um misto de sentimentos crescia em meu peito, ao mesmo tempo que eu estava louca para participar, estava começando a achar violento demais e temia por Aemond.

— Lorde Rickon Stark, senhoras e senhores! — O apresentador gritou quando o cavaleiro vencedor retirou o elmo. 

— Até que é gatinho... — Rhaena e Baela sussurraram surpreendentemente ao mesmo tempo para mim, que o encarei de cima a baixo e entortei o nariz.

Rickon parecia um pouco mais jovem que nós, tinha os cabelos escuros e levemente encaracolados, um pouco acima dos ombros. Era forte e dotado da clássica beleza do norte, com seus olhos escuros e penetrantes tal qual um lobo selvagem.

Storm - Aemond TargaryenWo Geschichten leben. Entdecke jetzt