Capítulo 3

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Ona Diallo

Meus dedos se juntam na minha cintura enquanto eu sorrio para o rei do norte e sua irmã.

— Eu sou Ona Diallo, a feiticeira do rei aqui em Vanir.

— É uma honra

Murmura o Rei Aeron, acenando com a cabeça educadamente.

— Não temos nenhum feiticeiro em Izvora, então conhecer alguém com seus talentos é um grande prazer para nós.

— Sim, é.

Dama Anna concorda.

Minhas bochechas esquentam com o elogio. Muitos, muitos rumores se espalharam ao longo dos anos sobre Izvora, sobre por que eles estão tão isolados do resto de Lazoreat, sobre quais segredos eles devem estar guardando.

Alguns alegaram que eram governados por um rei troll. Outros rumores afirmavam que Izvora é o último ponto de apoio dos elfos (esse é o rumor para onde sempre me inclinei, pessoalmente). Os elfos devem ter ido a algum lugar e que melhor esconderijo do que um reino sem contato com o resto do continente?

Michael fecha a porta suavemente e vem se sentar em sua mesa. Eu permaneço ao lado dele, esperando um dos membros da realeza falar. Sempre que dois reis estão juntos em um cômodo, é como esperar por uma explosão.

Essa explosão pode ser fogos de artifício ou pode ser projéteis de morteiro, dependendo inteiramente de como os dois egos se chocam. Reis são coisas engraçadas assim, que descobri ao longo dos anos. Eu servi a muitos.

Afinal, Ona Diallo não é o primeiro nome pelo qual sou conhecida.

— O que você quer falar comigo sobre o que exige tanta privacidade? — Michael pergunta, inclinando-se para frente com os cotovelos na mesa.

— Obrigado por nos encontrar em particular. Sei que é um pedido estranho, mas agradeço por ter me acomodado. Tem sido uma jornada estranha para este lugar no tempo onde Izvora está considerando se juntar aos acordos de paz. Eu queria discutir os detalhes dos acordos, ou lê-los, se isso for possível.

— Oh?

Michael pergunta, sua voz aumentando enquanto ele acena para a parede atrás dele.

— Eles estão pendurados ali. Eles estarão em exibição para o jubileu de amanhã, mas estão sempre aqui, cada assinatura preservada ao longo das gerações.

O Rei Aeron se levanta e vai até o pergaminho pendurado cuidadosamente na parede. Enquanto ele roça contra mim, um zumbido de energia flui pela minha cintura.

Magia.

Meus olhos se arregalam quando olho do rei para sua irmã. Eles disseram que não tinham magos em Izvora... talvez porque não precisem de um. Nunca ouvi falar de um feiticeiro governando um reino. As linhagens reais de Lazoreat não possuem magia, pelo que eu sei.

Como...

— Há algo errado, maga?

Dama Anna pergunta, atraindo meu olhar de volta para ela.

Eu balanço minha cabeça, franzindo meus lábios enquanto dou um passo para longe do rei do norte. Não era apenas magia que eu sentia, mas uma magia forte. Magia antiga. O tipo de magia que pode ser perigosa e, apesar da minha curiosidade sobre este estranho reino, meu primeiro dever é para com meu rei.

— Meu rei?

Murmuro baixinho.

— Sim, Ona?

— Vou chamar um guarda para nos trazer bebidas enquanto você e nossos convidados discutem esses assuntos. Tenho certeza de que os Izvoras estão sedentos após uma viagem tão longa.

Quando os olhos de Michael encontram os meus, eles se suavizam e ele assente. Claro, ele concorda. Ele é um rei tão gentil, é claro que colocaria as necessidades deles acima de qualquer impropriedade percebida.

— Isso é muito atencioso.

Ele concorda.

— Por favor, me perdoe por não ter pensado nisso.

Ele ri para os Izvora enquanto eu me afasto para a porta.

— Esta introdução foi bastante peculiar e acho que me roubou as maneiras.

— Bobagem.

Anna ri, o som doce e irritante em meus ouvidos.

Abro a porta e faço um gesto para o guarda do outro lado do corredor vir.

— Peça um pouco de vinho e algo leve para comer. Traga pessoalmente.

Enfatizo as últimas palavras, esperando que ele acene com a cabeça enquanto reconhece o duplo significado.

É dever do guarda saber quando sua presença é necessária e quando não é. Agora mesmo, é. Pelo menos na minha opinião. O guarda acena com a cabeça e eu me afasto da porta, deixando-a aberta.

Algo sobre a magia daquele rei me deixa nervosa. Não posso expô-lo, não sem criar um incidente e, claro, não tenho provas. E ter magia não é ilegal em Lazoreat, mesmo que seja na minha terra natal. Eu endireito minha espinha, tomando meu lugar ao lado do rei mais uma vez.

— Sim, Ona, você poderia nos dar um pouco mais de luz, por favor?

— Certamente.

Murmuro, estendendo minha mão. Eu convoco um orbe de luz para pairar sobre os acordos e espero pacientemente enquanto os dois reis os leem juntos, murmurando um para o outro.

— Fantástico.

Michael ri com prazer, virando-se. Ele pega uma pena de sua mesa e a mergulha na tinta antes de entregá-la a Aeron.

— Você será o primeira Izvora a assinar. É uma ocasião maravilhosa, não é?

— É

Concorda o Rei Aeron, mas não pega a pena imediatamente.

— E não haverá nenhuma interferência em meu reino?

— Absolutamente nenhuma. Você pode continuar como fez, mas normalmente se espera algum nível de cooperação para o comércio, mas não é obrigatório. Tudo o que você está fazendo é concordar com a paz que toda a Lazoreat tem desfrutado por gerações.

Aeron assente, segurando a pena entre os dedos antes de rabiscar sua assinatura na parte inferior do documento, em um espaço em branco originalmente destinado a Izvora.

Um arrepio curva minha espinha e eu oro a todos os deuses - os antigos que não têm mais nomes e os novos que são adorados abertamente - que meu sentimento sobre essa realeza esteja errado. Rezo para que não façam mal ao meu rei. Mas algo me diz que eles são muito, muito mais do que parecem. 

Estimada (Camren)Where stories live. Discover now