Estimada (Camren)

Capítulo 23

Meus olhos percorrem as estranhas decorações do escritório de meu pai. Ele sempre foi facilmente influenciado pelos mercadores que vêm à corte. Estranhas estatuetas e máscaras de terras distantes estão espalhadas pelo escritório, bem ao lado dos restos de pelúcia do urso que encontramos na minha infância.

— Pai.

Murmuro enquanto meus dedos roçam os modelos dispostos em uma mesa feita sob medida para representar Lazoreat.

— Sim?

Ele pergunta, enxotando minha mão.

— Eu queria falar com você sobre uma coisa.

Hesito sobre a mesa, perguntando-me por que ela retrata tropas na base de cada cordilheira. Ele ainda está pensando em uma guerra com os dragões. Revirando os olhos, abro a boca para castigá-lo por sua tolice, mas ele me interrompe antes que eu seja capaz.

— Terá que ser rápida, amor. A reunião começará em breve.

— Você já ouviu a história do rei Lende de Lazoras?

Pergunto com cuidado, colocando minhas mãos na minha cintura enquanto meu pai se senta à mesa.

— Nada me vem à mente, não. Você está pesquisando a árvore genealógica de sua mãe novamente?

— Algo assim

Minto.

— A história diz que o rei Lende era infértil e, incapaz de produzir um herdeiro, sua esposa o abandonou. Depois disso, ele adotou um órfão de uma vila próxima ao seu castelo e o criou como seu próprio filho, seu herdeiro. Esse herdeiro continuou na linha de Lazoras em nome.

— Mmm.

Pai concorda, colocando o dedo na frente da boca.

— Posso ver por que isso pode chamar sua atenção.

— Você acredita que as pessoas aceitariam tal coisa? Quando for minha hora de governar?

— Lauren

Ele suspira, puxando as mãos para baixo em sua longa barba branca.

— Penso que agora a maioria do reino sabe como você é. Ninguém nunca trouxe nenhuma preocupação para mim...

— Eles provavelmente estão esperando que você produza outro herdeiro. Eu concordo, nosso povo é muito tolerante. Só não quero causar transtorno se for evitável. Eu nunca quero decepcionar você

Sussurro.

— Não com algo que não posso controlar.

— Lauren

Ele suspira, balançando a cabeça. Estende a mão em minha direção e eu a pego. Meu pai aperta meus dedos e sorri tristemente para mim.

— Sua mãe ficaria orgulhosa da mulher que você se tornou. Você será uma ótima rainha e as pessoas aceitarão qualquer criança que você chamar de sua.

— Como você pode saber?

— Se é tão importante para você, adote uma criança sempre que quiser. Serei o avô mais apaixonado e o que eles poderiam dizer de diferente quando me virem chamando a criança de minha herdeira?

Minha garganta fecha de emoção e corro ao redor da mesa, envolvendo meus braços em volta do meu pai.

— Obrigada.

Eu sussurro.

— Eu não sabia que isso pesava tanto em você, ou eu teria dito isso anos atrás. Você é mais que sua capacidade de gerar um filho. Princesas e rainhas não são éguas reprodutoras de reis. Lamento se já agi de uma maneira que fez você pensar que acredito o contrário.