Capítulo 24

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RAVENA CLARK

Caio na cama, sem força alguma para conseguir me sustentar e Bernardo se joga ao meu lado, pegando um travesseiro para acomodar sua cabeça. Apesar do ar condicionado ligado, estamos totalmente suados e igualmente exaustos com as respirações descompassadas.

— Vem cá – fala ao mesmo tempo que me puxa para si.

Normalmente em uma situação como essa eu já teria mandado o cara embora da minha casa, levantado da cama e seguido minha vida. É como se eu tivesse pressa para me livrar logo da pessoa, por estar sempre atrasada para chegar em algum compromisso que não existe. Eu simplesmente não perco meu tempo após conseguir o que eu quero: uma boa foda. Ou uma foda minimamente satisfatória, como acontece na maioria das vezes. De qualquer forma, eu nunca, jamais, fico na cama com o cara jogando conversa fora.

No entanto, desta vez, não estou com tanta pressa. Não fujo e nem expulso Bernardo daqui. A verdade é que estou feliz, plena, completamente satisfeita. O sexo com ele foi bom. Muito bom. Melhor do que eu gostaria de admitir.

Permito que ele me acomode ao seu lado e então apoio minha cabeça em seu ombro, utilizando-o como travesseiro. Com as pontas dos dedos, fico traçando as linhas de seu abdômen definido.

Bernardo está já há alguns minutos em silêncio, encarando o teto, fazendo carinho em meu ombro nu. Pergunto curiosa:

— Em que está pensando?

— Tô pensando que talvez eu possa ter morrido e ido pro céu – fala após alguns segundos, e então olha para mim – porque você só pode ser o meu paraíso.

Devo ficar instantaneamente vermelha, porque vejo um sorriso de lado surgir em seu rosto. Embora eu tenha gostado muito do que ouvi, para disfarçar, comento:

— Meu Deus Bernardo, você nem tem idade para ser tão piegas assim – escondo meu rosto em sua clavícula e ele solta um riso leve, me apertando contra si.

— Tem razão, você prefere que eu fale sacanagens – provoca e se aproxima pertinho do meu ouvido para falar – eu comeria você de quatro todos os dias de café da manhã.

— Bernardo! – lhe desfiro um tapa no seu peito, enquanto sinto todos os meus pelos arrepiarem.

— Sim, Ravena? – pergunta em tom inocente.

Pretendia protestar o que ele dissera, mas ao ouvir como meu nome soa quase como música saindo de sua boca, perco a linha de raciocínio.

Logo, levanto um pouco a cabeça e lhe dou um beijo casto, e em seguida mordo seu lábio inferior. Bernardo é extremamente apetitoso, viciante, e ele dá outro sorriso, apreciando a minha atitude. 

— Ravena Clark... – suspira meu nome completo, como se estivesse refletindo.

— Hum? – pergunto.

— Até seu nome consegue ser bonito e único – faz uma pausa como se ponderasse se deveria continuar – sempre me perguntei qual seria a origem...

Apesar de o que ele está querendo saber ser algo muito pessoal para mim, eu não penso muito antes de decidir em lhe contar. Tomo alguns minutos para escolher as palavras e falo:

— Meu pai era americano, então é dele que ganhei o sobrenome Clark, que é pouco comum aqui no Brasil.

— Sua mãe também é americana? – indaga, curioso quando eu não prossigo.

— Não, minha mãe é de São Paulo. Mas por conta de ironias do destino, há muitos anos, eles se conheceram em uma pequena província no litoral da Itália. A província de Ravena – aperto mais meu abraço em volta de Bernardo – lembro que meu pai gostava de me contar a história de como se conheceram em um dos castelos de Ravena, e como se apaixonou pela minha mãe assim que a viu.

Querido EstagiárioWhere stories live. Discover now