Recomeços

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— Ochako?

A castanha fitava o copo de água em sua mão, afundada em pensamentos. Como se deixou levar? Como seguir? O que estava fazendo?

— Você ... Você já se sentiu perdida? — perguntou para a mulher em sua frente — Como se não soubesse mais quem é si mesma? 

Ela repassava a conversa que teve com Bakugou, ele também se sentia perdido, certo? É normal, não é?

A mulher suspirou — Claro, todos nós passamos por isso — ela sorriu docemente. A jovem em sua frente estava mais do que perdida, completamente perdida após uma desilusão amorosa — Você precisa se encontrar, Uraraka.

Eu não sei como fazer isso — respondeu tão baixo que quase saiu em um sussurro. 

— Ninguém sabe, mas simplesmente fazemos — respirou fundo e analisou a menina novamente — Deku a partiu de maneira imagináveis, agora é questão de tempo para se colar inteira.

— Tempo — disse em um sussurro. Será que o tempo realmente poderia curar todas suas feridas? Cicatrizar seu coração magoado. 

— Sim, tempo — ela ainda mantinha o olhar na menina em sua frente, analisando cada movimento e expressões — Ochako querida, o mundo não irá acabar por conta disso, você sabia que isso deveria ter acontecido há tempos. 

— Eu acho que esse é o problema — pela primeira vez a castanha a olhou nos olhos — Não consigo acreditar que mesmo depois de tudo o que aconteceu, eu esteja sofrendo por ele. Claro que eu esperava que isso doesse, mas caramba — respirou fundo — Eu sou eu, uma mulher independente e estou chorando por conta de um cara que não deu a mínima para o término. 

— Você está com raiva, está brava consigo mesmo e com ele, mas não pode projetar sua raiva nele.

— Eu tomei a decisão de terminar, eu o coloquei contra a parede — ela apontou para si mesma — E nem sei o real motivo de estar assim.

— A decisão que mais dói é quando sabemos que é a certa — o tom da mulher era calmo, tentava acalmar e ajudá-la a enfrentar seus conflitos pessoais — Essa dor de separação com o fiozinho de esperança de que tudo possa se resolver.

— O amor dele me limitou, me deixou angustiante — Ochako suspirou — Eu odeio essa ideia de que amar é suportar tudo, céus. Eu não quero suportar a falta de atenção e carinho, eu não quero suportar a ausência, eu não quero suportar grosseria.

— E você está certa, Uraraka. O amor por si só não basta, nós perdoamos e seguimos em frente — ela continuava a observando — A vida é um ciclo e é cheia de surpresas, boas e ruins. Você está iniciando uma nova fase e isso dá medo, mudar aflige, mudar exige uma força interna que a gente nem faz ideia de como encontrar, mas no fim encontramos. 

— Obrigada, Doutora — a castanha sorriu 

— Sabe Ochako — ela se aproximou e colocou a mão sobre o joelho esquerdo da heroína — Esses momentos são difíceis para serem superados sozinhos, é bom termos alguém por perto. Uma separação entre civis já é dolorosa, mas uma separação entre super-heróis que envolvem mídias é muito pior.

A castanha ponderou, ela sabia que era verdade, mas sabia o que suas amigas iriam falar, era grata por tê-las, mas talvez precisasse de outra opinião, outro alguém — Compreendo — murmurou. 

— Até a próxima sessão — a mulher sorriu.

— Até.
 
{...}

Uraraka se sentia melhor, a terapia estava a ajudando a compreender tudo pelo o que tinha passado e a ajudando a dar o próximo passo. Apesar de todo apoio psicológico e de suas amigas, a castanha ainda sentia falta de uma figura masculina, não como um relacionamento amoroso e sim como amigo. 

O problema é que Deku era seu melhor amigo, seu confidente. Sentia falta de sua sinceridade e companheirismo, forma como ele ouvia sua falação e acima de tudo dos conselhos, mas pensando bem, ela já o não tinha dessa maneira há tempos, era apenas a lembrança de um passado feliz com ele. 

Ela se recordou da noite que teve com Bakugou em sua cabana, como foi divertido ter sua presença, com ele Ochako pode ser simplesmente ... Ochako. Não precisava se preocupar em manter a pose de boa menina que a mídia e todos ao seu redor criaram sobre ela, pode relaxar enquanto tomava uma cerveja e se enchia de petiscos com o loiro carrancudo. 

É claro que estava longe de seus conhecimentos esse lado do loiro, um lado que apenas o bakusquad teria acesso. Seu lado descontraído e relaxado, que se arriscava a fazer piadas, mesmo que horríveis, um lado mais humano, muito além da sua cara fechada e xingamentos.

Depois daquele fim de semana, a castanha fez uma mudança de vida, criou novos hábitos e manias, sua nova rotina incluía ir cedo para a academia da agência, fazer um treino pesado e melhorar sua técnica.

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⏰ Last updated: Nov 23, 2022 ⏰

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