Capítulo 4

83 13 4
                                    


Ela parou a linha da sua costura quando ouviu aquilo. Mesmo sem olhar para a serviçal de cabelos chocolates, ela mantinha-se aberta a ouvir o relato de Tenten a respeito de tudo que ouviu da conversa entre os dois coronéis naquela tarde. Obviamente, havia um aperto em seu peito, e uma certa raiva querendo aflorar-se. Tudo bem que seu começo com Naruto não fora nada bom, e ela tinha grandes sentimentos hostis para com o Uzumaki, no entanto, mesmo diante do homem tão machista quanto o seu marido, arrogante e mimado, ela considerava que houvesse uma certa... honra. Ela não teve oportunidade de conhecer tantos Uzumaki, devido às tragédias que cercavam aquela família, no entanto, ponderava que, mesmo cheio de tantos defeitos, Nagato sempre fora honrado. Que consideração estava tendo Naruto, para com a imagem do antigo coronel ao tramar se livrar tão sumaria e friamente de sua viúva?

Hinata despertou com a pontada da agulha que lhe fugiu o dedal furando seu dedo. Levou o mesmo aos lábios sugando o sangue enquanto ouvia Tenten ao fundo:

— A senhora bem sabe o que o coronel Uchiha quer, não é?

Ela suspirou.

— Claro que sei, Tenten. Óbito já está velho, quase à beira de um caixão. Itachi quer apenas um aval para... — a ex Hyuuga se calou com desgosto e tomou a costura de volta entre os dedos. Diante do silêncio, as duas mulheres pareciam perdidas nos próprios pensamentos, isso até Tenten finalmente se posicionar.

— A senhora não vai... aceitar isso, não é?

Hinata tornou a parar a costura. E mesmo sem qualquer desejo de olhar nos olhos de Tenten, ela pensou outra vez naquele que tantas vezes já havia a tirado de apuros: Neji Hyuuga.

— Tenten, busque para mim papel e a tinteiro, vou escrever para meu irmão. — E embora concentrada em pensamentos agora, Hinata ainda pode reparar nas bochechas rosadas da garota que sempre tinha faniquitos com a presença do Hyuuga ali, afinal, ele era um belo colírio para os olhos, além de um advogado muito, muito inteligente.

Não demorou para ter sua solicitação acatada e tão logo escreveu aquilo, enfiou em um envelope e endereçou. Quando Hinata finalmente depositava a carta nas mãos de Tenten, a figura alta, loira e tão azeda na visão de Hinata, entrou na sala se focando exatamente nisso.

— O que é isso? — ele franziu o cenho não gostando de perspectivas do seu pensamento.

— Uma carta, para meu irmão.

Os olhos azuis cerraram-se ainda mais para a mulher, mas Hinata não se deixa intimidar e apenas acena para que a serviçal vá.

— Peça que Udon leve a cidade para ser enviada.

— Devemos conversar agora, Hinata. — Ele determinou enquanto ignorava a hostilidade e indiferença dela para si. Mas aquele tom e aquelas palavras serviram apenas para deixar Hinata nervosa e ansiosa. Temia pelo pior, obviamente, mesmo que não demonstrasse.

— Claro, Coronel — ele crispou os lábios, contendo a vontade de estalar a língua com o desdém daquela mulherzinha miúda ao chamá-lo assim. Sempre havia aquela acidez dela em reconhecê-lo como coronel.

— Não aqui, venha ao meu escritório, não quero mexericos de serviçal — os olhos estreitaram-se para a garota Mitsashi, que temeu aquela olhada dele, quase como se ele soubesse da fofoca que ela acabara de fazer.

Ela ergueu-se deixando sua costura para trás, enquanto seguia o tão orgulhoso e arrogante coronel que caminhava com tamanha prepotência a sua frente, porem quando Hinata entrou no tão familiar espaço, suas expressões e tiques deixavam claro o nervosismo e ansiedade da miúda diante do local ainda mais bagunçado que da época de Nagato. Ela engoliu em seco e contou a até dez quando virou-se para o loiro que havia se sentado em sua cadeira, e nem se dera ao trabalho de convidá-la a sentar, e talvez por isso, ela mantivera-se de pé, pelo desaforo.

A viúva do coronelWhere stories live. Discover now