|| Diego Alcântara ||
📍Rio de Janeiro, Vidigal, Sexta-feira, 17:00.
Suspiro cansado repassando mais uma vez com o Coringa como tudo vai funcionar quando ele assumir os cargos na facção e também no morro.
Ele me olha atento prestando atenção em tudo que vai ficar responsável e deixa um bocejo escapar.
— Diego: coé palhaço assassino, tá cansado do que? - pergunto debochado e ele gargalha revirando os olhos e se recostando na poltrona.
— Coringa: Gabi te contou que adotamos a mel? - arregalo os olhos e ele ri assentindo - sério pô, nossa cria - eu sorrio sabendo o sentimento que é ser pai de mulher e ele deixa os ombros caírem me causando um desconforto essa atitude dele - ela passou por muita merda nesse ano que ficou sozinha nas mãos do VJ, e tô tendo que revesar entre dormir com minha mulher e com a minha filha, porque sempre que as quatro horas da madrugada chegam, ela tem pesadelo pô - engulo em seco não sabendo se quero ter as informações sobre o que minha neta passou.
Melina sempre foi o xodó da Gabriela lá no Alemão, elas viviam grudadas, e comigo então, ela parecia um carrapato, me chamava de vô pros quatro ventos ouvirem. Só que depois que o Kauê morreu, nunca mais tivemos notícias dela. Eu soube por alto que a coroa dela morreu ano passado, mas não fazia ideia nenhuma de que a melzinha tava nas mãos do desgraçado do Vander.
Coringa me explica tudo que eles descobriram, que ela vivia num relacionamento abusivo em que até sair da escola ele a obrigou, e como resgataram ela daquela situação na quarta.
Pô, coração do velho fica apertado pra caralho em pensar que minha cria, que só tem dezesseis anos passou por toda essa barra sozinha.
— Diego: vai lá dar atenção pra grávida e pras tuas crias pô, deixa que eu termino aqui - ele deixa um sorriso cansado escapar e faz joinha com a mão juntando suas coisas e levantando em seguida.
— Coringa: tu vai no churrasco amanhã né velho chato? - ele pergunta já do lado de fora e eu grito um "sim" em resposta.
Continuo trabalhando até dar umas oito horas e saio deixando umas ordens com os vapores sobre a ronda noturna redobrar os cuidados.
Onça tá me escondendo alguma coisa aquele desgraçado, quer achar que é mais esperto que eu, e eu sei que ele tá tentando acobertar um dos dele.
Olho meu celular enquanto vou caminhando até em casa e vejo uma mensagem da preta me avisando que vai ter aula até umas onze horas.
Vou lá surpreender minha mulher né, essa semana só conseguimos falar por telefone, eu tava atolado de caô pra resolver e ela com umas coisas da faculdade pra entregar, então nem rolou de conciliar nossos horários.
Chego em casa já tirando a roupa toda suada desse calor infernal diário do RJ e indo pra debaixo do chuveiro gelado.
Tomo um banho rápido só pra tirar o ranço do dia do corpo, e vou até o closet procurando uma roupa pra vestir.
Coloco um calção jeans preto, com uma camiseta azul marinho e meu chinelo havaianas. Passo um perfume e desodorante e jogo minhas correntes por dentro da camiseta.
Ajusto a aliança no meu dedo, deixando escapar uma leve risada em seguida. Nunca me imaginei usando uma dessas mermão, e agora to aqui, rendido por uma mina que tem a metade da minha idade, e na maioria das vezes, o triplo de maturidade e sabedoria.
Coloco a glock no cós da bermuda na parte de trás, jogando a camiseta por cima e pego minha carteira, celular e chaves saindo de casa em seguida.
Decido brincar um pouco com o humor da gata hoje e vou ir de moto buscar ela, se ela não quiser, dou a chave pra um dos seguranças dela assumir e pego o carro deles.
Acelero indo em direção a UFRJ e aproveito o vento que vem na minha pele.
Aproveito pra passar no restaurante japonês que a mandada adora, já imaginando que ela não teve tempo de cozinhar, e querendo mimar um pouco a mesma, e peço um combinado de cem peças.
Saio dali indo pra faculdade dela, e estaciono em frente ao prédio que a mesma costuma ter aula, desço da moto fazendo um toque com meus soldados e perguntando como que anda o movimento na volta da gata nessa semana que fiquei distante.
Nem percebo que já tá na hora dela sair por ter me distraído trocando uma ideia sobre as gestões com os moleques, enquanto fumo meu cigarro na maior tranquilidade.
Tiro minha atenção deles quando vejo minha namorada vindo toda gatona com carinha de cansada num conjuntinho daquelas roupas coladas dela.
Abro meu sorriso de canto em ver ela procurando os moleques, mas não consigo esconder o que resolve rasgar meu rosto quando vejo a reação dela em me ver ali.
Os olhinhos encheram d'água e a maluca saiu correndo toda desengonçada se jogando nos meus braços em seguida e passando os dela pelo meu pescoço e né puxando pra um beijão.
Vejo os dois soldados sorrirem ao ver a cena e puxo ela pra mais afastado deles onde minha moto tá estacionada, separo nossos lábios com alguns selinhos e deixo um cheiro nos cabelos dela.
— Laila: você é real mesmo amor?! -- ela segura meu rosro encarando cada detalhe como se quisesse se certificar de que eu não sou fruto da imaginação dela, o que me arranca uma gargalhada.
– Diego: colfoi meu cristal, anda sonhando comigo agora? Até acordada pô? - faço graça e ela ri concordando envergonhada enquanto esconde o rosto no vão do meu pescoço.
— Laila: eu tava com tanta saudade ursinho - ela diz manhosa me apertando no abraço e eu sorrio deixando um beijo no topo da cabeça dela.
— Diego: eu também amor, demais mermo, coração chega doer longe de tu - suspiro desabafando e escuto ela soltar um risinho erguendo o rosto em seguida e deixando um beijinho no meu rosto - vim te buscar com aquele sushizinho que tu se amarra, e também peguei no caminho um açaí pra tu comer depois - ela sorri animada e dá uns pulinhos me fazendo rir - coé, amanhã tem churrasco lá na Gabi, vai com teu homem né?! - pergunto deixando um selinho nela que sorri toda boba me fazendo responder da mesma forma.
— Laila: vamos sim meu bem - ela diz deixando um beijo no meu peito por cima da camiseta e entrelaça nossas mãos - vamos dormir lá em casa? E daí amanhã a gente vai pra Gabi com os mosquitinhos, pode ser?! - sorrio concordando e puxo ela pra mais um beijo.
— Diego: agora sim nós pode ir, tava na fissura da tua boca amor - ela ri e concorda - vim de moto, tu pilha?! - ela ri animada já fazendo todo um esforço pra subir e eu dou risada erguendo o corpo dela pra ela conseguir e coloco o capacete nela que sorri agradecendo.
Dirijo até a nova holanda sentindo ela fazer carinho com as unhas no meu abdômen e sorrio passando minha mão na coxa da mesma.
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Perdido no Paraíso
Romance📍 Rio de Janeiro, Nova Holanda. Laila, com seus vinte e quatro anos, é uma menina mulher que batalha diariamente pela sua independência. Nossa menina sempre foi calma e tranquila, recebeu muito amor desde criança, e batalhou muito pra conquistar se...