Flores Selvagens

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Dias chuvosos me trazem promessas de outros verões

Há melancolia nessas nuvens carregadas acinzentando o aurorecer

Já é hora de despertar e os pássaros não cantam em minha janela

Escuto as gotas alcançarem o chão em um ritmo denso

Esse som aquoso traz no vento o cheiro fértil terroso

Não há ninguém em minha cama esquentando a minha pele gélida


Essa noite sonhei com ausências de uma promessa não cumprida

A última lembrança de um doce aroma dissipando em tua pele

Como Flores que brotam selvagemente nas esquinas deste bairro

O sabor do vinho e dos risos em um domingo barulhento

Desejos contidos que perpassam pelo som dos passos e das gargalhadas

Não há vazio nessa casa, mas pedaços de tantos em cada canto

Há vida em teu quintal e tudo se move lentamente em teu espaço


Eu pressinto conexões se espalhando pelo ar

Entrelaçando-se neste espaço brevemente roubado

E a vontade de ficar que me carrega em teus momentos

Buscando mais nas tuas palavras do que códigos cheios de significados

Eu te abraço e sinto o calor emanando do teu corpo macio

Querendo roubar mais algumas horas ao teu lado

Eu me desfaço de todas as partilhas despretensiosas

Enquanto as horas me devoram neste espaço abandonado


A frieza das horas que percorrem em silêncio

Me torna cada vez mais distante e reflexiva

Para onde caminhar depois das trocas estendidas?

Eu te quero em minha vida, cara amiga

Para além de promessas de noites de outroras

Mas o silêncio me atormenta em pensamentos frágeis

E a vontade de te contactar me aflige sutilmente

Em tormentos de ser desabrigada de tua vida


Priscila de Athaides - 28/11/2022

Bela tristezaOnde histórias criam vida. Descubra agora