drinks

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Marília point of view

Marcela olhou em nossa direção, e quando ia dizer alguma coisa, Maraisa se manifestou.

— Não, quando você tem ideias eu só me ferro sua caminhoneira!

— Você não tem vez aqui nanica. — Marcela falou, fazendo a morena resmungar. — Luiza você e a Marília vão em um carro e eu e a Maraisa em outro, vamos pra casa de praia dos meus pais no meio do caminho compramos algo, e passamos o fim de semana por lá!

— Amei gatinha!

— Luiza eu preciso ir pra casa, não avisei a Mazé que passaria o final de semana fora.

Minha amiga segurou minha mão me puxando até um canto.

— Olha aqui Marília, não me venha de dar o fora, eu estou gostando dela amiga, e você precisa se distrair um pouco, vamos pela nossa amizade, por favor? — Luiza fez uma cara de cachorro que caiu da mudança me fazendo revirar os olhos.

— Tá, pela nossa amizade.

Maraisa que estava encostada no carro ali mesmo ficou, pelo visto ela não tem muito costume de beber e eu sinceramente perdi a conta quantos copos de bebidas diferentes a vi, virando lá dentro.

Fomos o caminho em silêncio, paramos em um posto, compramos cervejas, doces, sorvetes e remédios, Luiza decidiu que iria no carro com Marcela e me colocaram no outro junto com Maraisa, que dormia serenamente no banco do passageiro.

Estava dirigindo distraída com meus pensamentos e vendo Maraisa dormir.

Como ela pode parecer tão serena, um anjo dormindo?!

Ela está com um sorriso tímido no rosto, uma feição leve e serena quando de repente escutei a buzina do carro a frente, percebi que havíamos chegado.

— Não vão me ajudar a tirar ela do carro?

— Você consegue Lila, vamos levar as sacolas. — Luiza disse.

Desci do carro e abri a porta do carona, dei leve batidas no rosto de Maraisa, demorou um pouco pra ela acordar.

— Lúcia, Lúcia não, por favor eu não fiz nada! Por favor eu fiz nada. — Maraisa acordou desesperada.

— Calma Maraisa, calma tá tudo bem, sou eu a Marília.

Ela abriu os olhos ainda vermelhos e cheios de lágrimas, deu um suspiro aliviado e me abraçou como se tivesse sido salva.

— Maraisa, tudo bem? — Marcela perguntou nos olhando.

Marcela apareceu, nos tirando do transe.

— Marcela eu posso ficar dentro do carro?

— Não Maraisa, vamos vou te levar para o quarto.

Pegou-a nos braços e foi em direção a casa, enquanto continuei ali parada acordando aos poucos depois do nosso abraço carinhoso, de volta ao meu estado normal caminhei até a casa, Marcela estava saindo de um dos quartos.

— Pega leve com ela, sei que você gosta de mulher e que sabe que ela trabalha na empresa que é dos seus pais, mas não tenta deixar ela pra baixo não tá, não hoje.

— Eu não...

— Tudo bem Marília, se quiser tem um quarto aqui do lado, as roupas de cama estão no armário, no quarto que ela tá tem duas camas também, não liga se ela chorar a noite, ela costuma ter pesadelo, bom fica à vontade qualquer coisa estou no primeiro quarto com Luiza!

— Marcela, não ouse machucar ela, apesar do pouco tempo ela já tá se apegando a você.

Ela concordou com um sorriso e foi para o quarto, entrei no quarto onde a morena está, não sei por que, mas não vou conseguir dormir longe dela, entrei devagar para não a acordar, ouvi alguns soluços.

— Maraisa?

Ela não falou nada apenas se cobriu mais com a coberta, tirei minhas botas, ao meu lado havia um pijama, um sabonete e uma tolha de banho.

— Pode tomar banho e se vestir a Ma deixou pra você!

— Quer conversar?

— Não!

— Posso te perguntar só uma coisa?

— Fala!

Me sentei ao lado de Maraisa, tirei os cabelos que cobriam seus olhos.

— Por que me deu aquele abraço?

— Por que veio dormir aqui?

— Algo em mim disse pra cuidar de você.

— Algo em você me fez saber que podia confiar, que você me protegeria, e eu realmente me senti segura em seus braços.

Nossos olhos se encontraram mais uma vez essa noite, e eu me senti em casa.

DROGA, DROGA, DROGA MARÍLIA.

— Vem, você tá precisando de um banho.

Ajudei a morena a se levantar, e tirar as roupas até ela ficar só de lingerie, ela me olhou com um olhar tímido.

— Você quer que eu saia, consegue fazer isso sozinha?

Ela assentiu com a cabeça.

— Tudo bem, mas qualquer coisa pode me chamar.

As duas crises de Maraisa hoje, foram o estopim para desbloquear algumas lembranças dolorosas, fui até a cozinha, peguei uma cerveja, fiquei um tempo por ali mesmo.

Em toda minha existência nunca conheci alguém como Maraisa, ela é uma mulher diferente.

Decidi me apoiar no parapeito para aproveitar a brisa refrescante bagunçando meus cabelos, o vento me abraçando é a sensação mais próxima do que eu consigo definir como liberdade, não há sentimento melhor e mais libertador no mundo que o vento soprando e levando consigo parte dos problemas e preocupações que me rondam nesse momento.

Claro que, assim que minha rotina na empresa voltasse novamente tudo voltaria a me tirar o sono como antes, mas nesse momento eu aprecio a falsa sensação de poder contra os meus próprios pensamentos, de ser a verdadeira dona de minha vida e não apenas uma marionete do meu pai.

Permaneci com os olhos fechados, na mesma posição, apreciando a brisa até que ouvi meu celular tocar.

YOUR EYESOnde histórias criam vida. Descubra agora