둘.

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                                   2장
                 

                          PARK JIMIN

   Gotas de suor escorriam pela minha bochecha, e novamente uma noite incansável me fazia companhia. O desprazer e a contínua tristeza se faziam presentes em cada dia que se passava. Pouquíssimos dias desde que a minha mãe morreu, e nenhuma lágrima caiu. É estranho?

   Fiz mais um abdominal e espantei a pergunta que mais me incomodava do que me fazia evoluir como pessoa. Minha psicóloga estava redondamente errada, a morte da minha mãe para o câncer não foi um mero plano do universo, ele não tinha coisas mais importantes para se preocupar? Como o aquecimento global, as geleiras, os pinguins, o excesso de lixo e o mar virando um esgoto humano? Minha mãe ter morrido, foi apenas um efeito colateral da vida, Deus tinha que priorizar afinal de contas.

  Me levantei do chão e peguei o envelope que havia pegado mais cedo na caixa de correios. Instituto de Tratamento ao Câncer. Abri o mesmo e suspirei.

—Exame?—sussurrei pra mim mesmo.

   A ideia de fazer exames nos filhos dos mortos por doenças potencialmente transferidas geneticamente, era cansativo. Prevenir o câncer era importante pra eles, mas se minha psicóloga estiver certa, médico nenhum conseguiria ir contra os planos do universo. Amassei o papel e joguei no lixo, afastando qualquer memória ultrajante dessa maldita doença.

  Desci as escadas e fui para a cozinha, uma boa dose de cafeína colocaria Band aids em qualquer corte que me incomodasse. Coloquei um pouco de café na xícara e me sentei na mesa, que agora parecia grande demais apenas para uma pessoa. O silêncio incomodava algumas vezes, mas eu conseguiria lidar com qualquer que fosse o problema.

Meu celular tocou e eu olhei no visor.

—Vocês de novo?—suspirei e atendi.

LIGAÇÃO - INSTITUTO DE TRATAMENTO AO CÂNCER.

—Park Jimin?

—Sim, no que posso ajudar?

—É a doutora Leonor, era muito próxima da sua mãe, gostaria de conversar com você pessoalmente, teria como vir a clínica? Sua mãe deixou algumas coisas para você, incluindo instruções.

—Instruções?

—Sim, poderia vir hoje? É de extrema importância.

—Certo, eu irei.

—Lhe aguardo ansiosamente.

FIM DA LIGAÇÃO

  Instruções? Como o que? Como não deixar o arroz queimar? Comer mais verduras e fazer exercícios? Bom, eu já faço isso. Eu sabia das intenções da doutora Leonor, ela queria fazer exames frequentes em mim para prevenir o câncer. Mas... Se o câncer é uma doença sem cura, sujeita a morte, o que adiantaria tantos exames? Eu morreria de qualquer forma.

  Me arrumei e pedi um táxi para o Instituto. Lá não havia mudado nada, é incrível como a morte de alguém não altera em nada no mundo. Alguém que sempre existiu simplesmente some sem aviso prévio, e eles parecem não sentir dor alguma. Esse era o ser humano, a escória.

Chegando no Instituto, caminhei diretamente para o escritório da doutora. Havia alguns pacientes pelos corredores conversando com seus familiares, tantas pessoas doentes era triste.

—Posso ajudar?

  Olhei para trás e suspirei. Seu crachá informava claramente que ele era médico.

Antes de você ir | JIKOOK | CONTOOnde histórias criam vida. Descubra agora