Capítulo 2

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Letícia Alves 📍


— Júlia, não é pra você encostar nas minhas maquiagens — olho feio pra ela falando a milésima vez.

Ela estava tocando em uma preciosidade minha, essa base tinha sido cara, comprei recentemente, avisei três vezes, mas ela parece não me escutar e fuça todas as coisas da minha penteadeira.

— Te encontro mais tarde lá? — pego meu celular vendo a mensagem do Gustavo.

Hoje era a festa, tô decidida que ia, ainda não tinha falado com a minha mãe, já confirmei com todo mundo, agora precisava saber se ela iria deixar.

— Vem, vamos procurar minha mãe — puxo ela antes que acabasse quebrando algo.

— Letícia, hoje lá na escola eu desdenhei um dragão — ela diz de repente — E depois eu fiz a Elza do lado dele, eles eram namorados — fiz uma careta com isso, que merda.

— Fez a Elza namorar um dragão?

— Sim.

— Coitada... — murmuro — E como você sabe o que é namorados ? — minha mãe não estava na sala, então vou até a cozinha onde Júlia vem correndo a minha volta.

—Eu sei o que é — pula — Lucas diz que você é a namorada dele — diz inocente, paro olhando.

— E o que mais ele disse ?

— Que você ainda não sabe — diz pensando, as mãos vão até o queixo pensando — Só eu e ele sabemos disso, ele falou que era um segredo e quenão era pra contar pra você.

As vezes eu penso que o Lucas é um adolescente, que é da minha idade e não um homem de quase trinta, acho que ele é especial. Porque não é possível alguém ser assim, na verdade era, Lucas é a prova disso.

— Por que não era pra contar pra mim, Ju ?

— Porque você é chata — da risada e sai correndo.

— Mãe! — grito fazendo toda a favela escutar eu chamando ela.

— Aqui fora — grita também.

Vou ensaiando meu discurso pra que ela deixe, fazia tanto tempo que eu não ia em uma festa, passei esse tempo todinho em casa nas férias, agora que tudo voltou novamente, quero sair. Nos bailes daqui eu só fui uma vez pra nunca mais, Juan irritantemente como era, me viu, na primeira vez que eu fui, só por curiosidade. Ele literalmente fez parar o baile, a música não ia tocar enquanto eu não fosse embora, Juan tinha feito falarem meu nome no palco, fui envergonhada e jurei nunca pisar em um baile novamente.

—  Mãezinha linda — vou até ela que varria calçada —Sabe que é a minha mãe preferida — abraço ela cheia de amor, deixo a voz até mais doce e suave.

—Eu sou sua única mãe garota.

— Mesmo se tivesse outra, você seria a número um.

— O que tu quer? — se afasta de mim.

— Credo, não posso ser carinhosa ?

— E quem disse que você é ?

— Que horror mãe — sigo ela que entra dentro de casa — Fala como se eu fosse uma grossa ou ignorante.

— Você é também — revirei os olhos — Mas também é carinhosa quando quer, muito difícil, mas é.

— Escuta... Eu estava pensando e...

— Não — não deixa nem ao menos eu falar.

Cruzo os braços e vou seguindo ela que nem a Júlia fazia, ela vai até a geladeira e pega sua garrafinha bebendo água me olhando.

Desejo Proibido (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora