Capítulo 28: Fracasso

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O pequeno garotinho de cabelos enroladinhos e claros corria pela sala com um grande sorriso no rosto. Era raro quando aquela pequena criança chorava ou sentia-se mal com alguma coisa.

Mesmo não tendo um pai, diferente das outras crianças da idade, não se importava, só queria ser feliz. Para ele, sua mãe era algo muito melhor que qualquer pai.

Às vezes, seu tio lhe dizia que seu pai o havia abandonado, mas nem por isso sentia-se rejeitado ou com ódio do homem que fizera isso. Tudo o que queria era brincar, se divertir, conhecer amiguinhos novos, rir com sua mãe e ouvir histórias antes de dormir.

O ódio, de acordo com sua mãe, não dava em nada e ela sempre disse que seu pai era um homem bom. Ele só não sabia o que estava acontecendo, coisas de adultos que ele não precisava se preocupar no momento.

Com um sorriso no rosto e não notando a tristeza da mãe ao falar sobre esse assunto, ele beijava-lhe o rosto e ia embora em seguida. Então, para que se preocupar com outras coisas além de correr e brincar para ser feliz com os amigos?

O garotinho parou de correr e soltou uma gargalhada ao ver a mãe parar e jogar-se no sofá, completamente cansada.

— Mas já se cansou, mamãe? — ele perguntou enquanto pulava no colo da mulher, fazendo-a abrir um sorriso calmo.

— Mamãe não está mais em condição de correr desse jeito! — ela exclamou enquanto prendia os cabelos longos em um coque frouxo. — E o senhor precisa de um banho!

— Mas ainda está cedo! — o menino resmungou. — Quero ir brincar.

— Está cedo, sim, mas está frio também, querido. Chega de brincadeiras — ela sorriu novamente e apertou pequeno. Céus! Como ela queria poder apertá-lo junto com o outro filho que fora obrigada a deixar para trás... — Vá para o banho, Hugh. Amanhã será um novo dia e poderá brincar tudo de novo, meu amor.

— Promete? — ele sorriu mostrando os pequenos dentinhos e levemente tortos.

— Prometo! — a mulher respondeu abrindo mais um sorriso para o garoto que logo saiu correndo em direção ao banheiro, como se fosse um super-herói.

A mulher deixou seu corpo descansar no sofá de um jeito mais à vontade e pensou nos últimos anos de sua vida. Poderia estar casada e com dois filhos, mas, graças a algum filho da puta, ela estava ali, sozinha, cuidando do filho e morando junto com seu irmão mais velho.

Ela poderia estar com seus dois filhinhos nos braços, brincando, sorrindo e contando histórias à noite. Mas... Já que nem tudo é um conto de fadas, ela estava ali naquela vidinha de merda. Não que ela não gostasse de tudo o que vivia, pelo contrário.

Só achava que poderia ser melhor. Aliás, seu pequeno Jungkook precisava de uma mãe ao seu lado e seu pequeno Hugh precisava de um pai. Mesmo ambas as crianças fingindo não se importar por faltar um dos pais, se importavam.

Era estranho para eles, com certeza, ver as outras crianças no parque acompanhado de um pai e uma mãe. Mesmo que algum ali não fosse de verdade, só de ser uma figura paterna ou materna fazia a criança mais feliz.

Era lei. Crianças gostam de ter um pai e uma mãe, mesmo quando não são de verdade. O que importa é o sentimento, o amor. Mas, infelizmente, aqueles dois menininhos não teriam isso tudo.

Kate levantou-se do sofá ao ouvir o barulho de carro na parte da frente da casa e seguiu para o quarto do filho. Não queria encarar o irmão. Não queria encarar os olhos dele e notar que toda a desconfiança que sentia se confirmava ao fitá-los.

Sabia que Robert, seu irmão, estava envolvido na sacanagem que fodera sua vida de uma vez por todas. E isso lhe dava ódio, muito ódio. Por mais que passasse para o filho que o ódio não levava a nada, sentia ódio do irmão.

Pull Me In - Liskook (Livro 1)Where stories live. Discover now