04. Desaparecido

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Depois da noite que passaram juntos, Chay ficava completamente tímido na presença de Kim. Não queria ter sentido-se tão confortável deitado no peito do mais velho e nem sentir uma imensa vontade de fazer isso novamente, sentir o cheiro amadeirado do perfume caro e o toque quente que ele tinha, que fazia seu corpo se arrepiar por inteiro, estava em um momento incapaz de controlar seu coração que batia forte quando o via. Parecia até mesmo que ele bombeava todo o seu sangue para suas bochechas que ficavam vermelhas de imediato.

Já faziam duas semanas desde o ocorrido e ainda assim Chay se pegava pensando naquele fim de semana e se poderia acontecer de novo caso Keaw precisasse ir para casa novamente.

Estava na beira da piscina naquele fim de tarde, dedilhando as cordas do violão, quando viu Kim, vestindo uma roupa mais casual, o que não era muito do seu costume, sentando ao seu lado, lhe dando um pequeno sorriso.

- Então, continuou aquela música? - perguntou ameno, fazendo uma leve careta por conta do sol em seus olhos.

- Hm, um pouco. Acho que estou sem inspiração, ela está um pouco romântica.

- É mesmo? Você gosta de alguém?

- Eu gosto, ahn...

- Gosta...? - indagou mais uma vez, curioso.

- Gosto de ficar aqui, você é muito legal, sabia?! Muito obrigado pelo violão e também por ter ajudado o meu irmão... sabe, me deixando ficar aqui. Sendo tão legal comigo. - disse, quase prendendo sua respiração, por muito pouco iria dizer algo que não devia.

- Sabe, eu conheço Porsche há uns bons anos, antes dele entrar na faculdade. Eu já havia dito que se alguma coisa assim acontecesse, eu cuidaria de você. Infelizmente eu sabia que cedo ou tarde ele precisaria disso e não queria que você corresse perigo. - disse um tanto triste, olhando para a água da piscina - Quer dizer, eu sabia que ele não queria que você ficasse em perigo, por isso me ofereci. - tentou consertar.

- Ah, entendi. - sorriu - E como vocês se conheceram?

- Hm... Foi no final do ensino médio, a gente tinha alguns amigos em comum, logo depois eu fui para a faculdade e a gente ficou sem contato por um tempo, mas quando eu assumi os negócios do meu pai, a gente vez ou outra se esbarrava, até que ele passou a fazer alguns trabalhos para mim para conseguir dinheiro para seu vício. E talvez você ache que eu estava errado em contratar ele ou pense que eu estava de certa forma financiando isso, porém, se não fosse comigo, ele ia dar outro jeito, como ele fez ultimamente e se meteu nessa encrenca. Comigo ao menos era algo seguro, eu não tentaria matar ele por não me pagar.

Chay apenas concordou com a cabeça naquele momento, não sabia muito o que pensar, além de que, se o seu irmão fazia algum tipo de trabalho para conseguir dinheiro, as coisas estavam bem piores do que ele imaginava.

Kim se sentiu um pouco mal pelo garoto, provavelmente ele não sabia de mais esse lado da vida do irmão, não era sua intenção contar antes que Porsche tivesse a chance de falar com ele, mas acabou contando. Achava que a verdade era sempre o melhor caminho.

- Me mostra o que tem da música até agora. Tenho certeza que está ficando muito boa.

Porchay concordou e primeiro dedilhou o violão antes de começar a tocar os primeiros acordes e cantar timidamente. Kim não conseguiu conter o sorriso bobo que apareceu em seus lábios ouvindo a música de um amor ainda não confessado, pensando se ele sentia-se da forma como descreveu na música e se poderia ser por ele.

Ouviram as palminhas quando Chay terminou de tocar, fazendo Kim rapidamente esconder o sorriso ao ver Keaw ali.

- Esta maravilhoso, Chay, tenho certeza que vai tirar nota máxima no seu curso - falou rindo - trouxe um suco para se refrescarem. - deixou a bandeja com os sucos perto deles e saiu.

Kim bebeu o suco com uma cara de poucos amigos, quase revirando os olhos, parecendo raivoso.

- Você... gostou? - perguntou Chay receoso.

- Sim, gostei bastante, você tem muito talento. - sorriu - O que acha de entrar um pouco na piscina?! - perguntou e nem esperou para resposta do garoto, entrando e logo mergulhando.

Kim só queria achar um jeito de tirar aqueles pensamentos de sua cabeça. Em que momento havia nutrido tantos sentimentos por aquele garoto? O pior, mesmo que houvesse alguma chance de algo acontecer entre eles, nunca conseguiria isso, já que não estava nem um pouco familiarizado com seus sentimentos e não tinha nenhuma habilidade em expor eles.

Foi retirado de seus pensamentos quando água foi jogada na sua cara, ouvindo a risada gostosa e contagiante em seguida, o fazendo entrar na brincadeira com Porchay, fazendo uma guerra de água naquela tarde quente, criando mais um bom momento, mesmo que sem palavras.

(...)

Naquela manhã de segunda-feira tudo seguiu normalmente. Chay acordou, tomou seu banho e depois uniformizado, desceu para o café na cozinha com Tewis e Keaw, enquanto Kim tomava sua xícara de café na sala.

Kim deixou o garotinho na escola e depois Porchay na universidade, seguindo seu caminho para o trabalho.

Apesar disso, não foi um dia como os outros, não quando Chay decidiu não ligar para o Kim e avisar que estava saindo mais cedo naquele dia. Não quando ele decidiu ir sozinho e andando para casa e muito menos quando alguém colocou um saco em sua cabeça e o jogou dentro de uma van, amarrando suas mãos e chutando seu corpo.

(...)

Kim estava sentado em sua mesa na empresa e olhou para o relógio em seu pulso, estranhando serem quase sete horas e ainda não ter recebido uma mensagem de Porchay para que fosse o buscar na universidade. Por algum motivo sentiu seu coração bater na garganta temerosamente. Pegou seu paletó e seu tablet, indo rápido para seu carro e então seguindo para a faculdade do garoto.

Estacionou em frente a universidade, entrando no campus e vendo alguns poucos alunos ali naquele horário da noite. Procurou pelas pessoas do clube de música, torcendo para que houvesse alguém que conhecesse Chay.

- Ei, garoto. - chamou o jovem que estava limpando os instrumentos da sala de música - Você conhece um garoto chamado Pichaya Kittisawat?

- Hm, conheço. Somos da mesma classe.

- Sabe onde ele está?

- A nossa classe foi dispensada mais cedo hoje, acho que ele já foi embora.Vi ele saindo.

- Saindo? Sozinho?

- Hm, sim. - concordou com um manear de cabeça.

Kim não precisava nem pensar muito, o que mais temia havia acontecido.

Porchay estava desaparecido.

Notas: a partir daqui tem só mais uns 3 capítulos. Espero que estejam gostando.

E aqui tá o trailer da fanfic pra quem ainda não viu:



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