Ain't No Rest For The Wicked

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Três horas. Era o que eu tinha dormido aquela noite. Estava presa em um beco sem saída, encarava um quadro de possíveis suspeitos, cobertos de fotos, anotações e vários fios vermelhos que se penduravam de um lado para o outro, tentando achar a ligação de tudo aquilo. Era inútil, quanto mais eu olhava, mais dúvidas surgiam.

Olho para o relógio na parede do meu quarto, já passavam de 7:30. Droga, estou atrasada. Passei os próximos minutos procurando meu jaleco só pra encontrar Mikasa, minha gata, dormindo em cima dele. Ela estava tão fofinha que não tive a coragem de acorda-la. Que se dane, eu arrumo outro.

Me checo uma última vez no retrovisor da minha moto antes de  partir em direção ao departamento de polícia, onde trabalho com perícia e análise de provas. Notei que precisava retocar a raiz de minhas mechas loiras, mas deixei isso para lá por enquanto. 
Quando adentro o local mal consigo perceber quando esbarro em alguém, minha cabeça ainda está pensando no caso de mais cedo. Era Aki, um "colega" detetive.

- Por que não olha por onde anda, cabeça de vento?

- Não enche, Cebolinha.

- No que tá pensando tanto? em como manusear os tubos de ensaio sem quebrar?  

Normalmente eu daria uma resposta bem mal educada e mandaria ele se fuder, mas não estava com tempo e saco para isso, então simplesmente me virei e adentrei o laboratório, avistando minha parceira, Lívia, que estava com olheiras tão profundas quanto a minha e bebericava uma xícara de café. Ao me perceber faz uma careta.

- Teve mais sorte que eu? Pergunta ela.

- Nada. Fiquei olhando aquela porra de quadro por umas três horas. No que deu o teste de DNA do cabelo encontrado na cena? - Digo enquanto fuço em alguns armários embaixo da bancada, procurando por um novo jaleco.

- Adivinha? Não bateu com ninguém no banco de dados, eba - Comemora em uma falsa euforia.

- Como amo viver. - Falo sentando em uma das banquetas giratórias e pegando o saco plástico com a evidência, a olhando bem de perto, como se fosse mudar algo.

- Sabe o melhor? O capitão chamou a gente para dar uma visitinha no escritório dele mais tarde.

- Ferrou, será que é sobre os três tubos de ensaio que quebrei essa semana?

- Nah, falei com O Kenny e a Mari e eles também foram chamados.

- Deve ser um bagulho sério pra chamar os detetives e a perícia. Ah, Ótimo vou ter que ficar na mesma sala que o Cebolinha por mais de cinco minutos, agora sim que surto de vez.

- Puts, complicado. 

Rolo meus olhos e pego uns relatórios não terminados para dar continuidade. Lívia veste luvas e vai examinar algumas amostras.

Alguns minutos depois, ou seriam horas? Kenny bate na porta já aberta, me despertando dos meus afazeres. Seu cabelo loiro e encaracolado estava bagunçado, sinal de que provavelmente estava fora em missão prática.

- Que merda fizemos dessa vez? Questiona Keky, como gosto de chama-lo.

- Será que descobriram o negócio do cartão de crédito? - Lívia começa a se preocupar.

- Não, impossível. Vantagens de ser da perícia, sempre sabemos como apagar os vestígios.

- Pode crer.

- Ahem- O garoto que ainda estava na porta limpa a garganta, para chamar nossa atenção. - Bom, seja o que for temos que ir para o Escritório do capitão Erwin, tipo, agora.

Engulo saliva e me levanto. É normal sermos chamados individualmente, as vezes em dupla, mas quando passa disso é encrenca. 

- Bom, vocês devem estar se perguntando porquê os chamei aqui. - Nosso superior começa o discurso.

- Senhor, antes do tudo queria dizer que foi culpa do Aki. - O interrompo. Aki me olha furioso, enquanto Erwin parece confuso.

- ...Continuando, preciso de vocês trabalhando juntos como um esquadrão em uma missão.
Como vocês vêm investigando, a máfia Primeiro Comando da Capital, mais conhecida como PCC a maior organização criminosa do Brasil, está muito movimentada e temos motivos para acreditarmos que algo grande está para ser feito. Meus superiores esperam um trabalho decente, por isso selecionei vocês para coletarem dados disfarçados em um evento que acontecerá entre eles, detetives - Mariana, Kenny e Aki disfarçam suas expressões de choque e retomam a postura - vocês ficarão principalmente com a parte de coletas de dados, se infiltrando entre os convidados e criando laços com os suspeitos para fazerem eles falarem alguma coisa sobre o que estão tramando. Peritas - Eu congelo, Lívia provavelmente faz o mesmo-  adentrem o local, procurem por provas físicas: documentos, cartas, fotos, digitais qualquer coisa considerada evidência. Eles são muito bons no que fazem, não é atoa que ainda não foram pegos. Precisamos para-los o mais rápido possível. Mandarei mais detalhes posteriormente. Boa sorte.

Ninguém se move.

É, aparentemente vou ter que aturar o Cebolinha por muito mais que cinco minutos e esse nem é o maior dos meus problemas.



Execução ImperfeitaWhere stories live. Discover now