Capítulo 14 - Confiança

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Manoela

Sábado. Com muito sol e calor. Mathew, Katerina, Janice, Livia, Igor e Caio estavam na piscina,  rindo e se divertindo.

Já estava um pouco impaciente, olhando no relógio. Domenico estava atrasado. Katerina entrou na cozinha e me encontrou apoiada na bancada, bebendo água:

- Devem estar chegando, Manu.

- Estão meia hora atrasados.

- Já confirmamos com os seguranças de lá, eles saíram um pouco mais tarde.

- E você só me avisa agora?

- Eu avisaria se fosse algo grave. Não achei que estivesse ansiosa.

- Não estou ansiosa – terminei de beber a água do copo.

- Sei, toda arrumada...

- Estou com uma roupa normal, de verão.

Eu estava com um vestido de seda solto, reto e longo, de alças, preto, com uma fenda nos dois lados e uma sandália. Um coque alto, colares mais longos com pérolas de água doce. Pouca maquiagem, o suficiente para esconder minhas noites mal dormidas.

Olhei para Katerina, com seu biquini azul-marinho que realçava seus cabelos loiros e destacava o seu corpo esguio. Usava como saída de praia um vestido de tecido transparente curto, na mesma cor. Aproveitei para provocar:

- Luigi vai ficar enlouquecido quando te ver, ainda mais com esse biquini.

- É de propósito – riu. Soube que ele foi na boate de Nico antes de ontem.

- Monitorando, hein? Mas já disse que eles frequentam esse tipo de lugar, é comum na organização.

- Nico não foi visto lá. Só Luigi, e ele vai ter que me explicar.

- Do jeito que é mulherengo é capaz de pegar uma doença.

- Credo, Manu!

- Você está se prevenindo, espero.

- Claro.

Fomos interrompidas por Lourdes:

- Dona Manu, o seu marido chegou.

Domenico entrou na sala carregando a sua mala, deixando-a no chão. Uma mulher um pouco mais velha do que eu segurava uma criança. E Luigi veio em seguida, esbaforido, carregando mais duas malas. A criança começou a chorar.

Lourdes solicitou que as criadas retirassem as bagagens, enquanto eu ia até o encontro deles, seguida por Katerina.

Cheguei perto da criança, Lucca, que continuou a chorar e perguntei para a mulher se podia pegá-lo. Ela olhou para Domenico, que assentiu com a cabeça.

Coloquei ele de pé, encaixado de lado no meu colo e começou a pegar nos meus colares, atento.

- Vou mostrar o quarto – me dirigi à mulher – qual é o seu nome?

- Beatriz, Sra. Belikov.

- Pode me chamar de Manu, venha comigo para que você possa acomodá-lo.

Subi as escadas com Lucca, que estava entretido em puxar meus colares e levá-los à boca. Enquanto subia, ouvi Katerina discutir com Luigi sobre a boate. Domenico me seguia com os olhos.

O quarto de Lucca estava pronto e arrumado, o coloquei em um cercadinho ao lado do berço. O menino tinha os olhos escuros de Domenico e cabelos bem claros, de Gisela. Beatriz parecia surpresa:

- Que quarto bonito.

- Tem umas roupas novas para ele, mas se quiser arrumar as que ele trouxe, por favor fique à vontade. Lourdes vai mostrar o seu quarto no prédio externo. Mas tem uma cama aqui para que possa passar as noites com ele.

- Pode deixar. Bem melhor do que onde estava.

Estranhei o comentário:

- Como assim?

- A Dona Gisela não dava muita atenção à criança.

- Não?

- Ela ficou muito triste quando soube que o Sr. Belikov ia se casar. E aos poucos foi se distanciando de Lucca. Às vezes nem queria olhar para ele. O quarto onde ele ficava era muito simples, com as coisas básicas, somente.

- É compreensível. De qualquer forma, ele está aqui, e não vai faltar atenção. Daqui a pouco o pessoal começa a subir para vê-lo.

Desci as escadas, fui até a cozinha e abri a geladeira. Coloquei gelo em um copo e enchi com suco de laranja. Andei até o quarto de Domenico, bati na porta e abri:

- Nico, já acomodamos o Lucca – estendi o copo com suco.

Ele estava de pé, sem a camisa e só com a bermuda. Tomou um gole do suco e deixou em cima do móvel. Olhou para mim, senti um frio no estômago. Me puxou pela cintura encostando meu corpo no dele:

- Senti sua falta.

A cortina estava aberta, com vista para a piscina onde todos se encontravam. Me soltei e fui fechá-la. Domenico colocou seus braços em volta da minha cintura, beijando meu ombro e podia sentir o calor de seu peito nas minhas costas.

- Como vai ser?

- O quê? Me segurou com força, apoiando o queixo no meu pescoço.

- Quando nos separarmos.

Me virei e o encarei. Ele respirou fundo:

- Por que isso agora?

"Fale a verdade, Manoela, não estrague tudo."

- Porque eu não quero me apegar a você. Não era para ser assim.

Sentou na cama, me colocando no seu colo. Eu me senti desconfortável em falar a verdade. Passei minhas mãos nos seus cabelos. Senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto.

Ele continuava quieto. Seus olhos cada vez mais escuros, dentro dos meus.

Limpei meu rosto:

- Eu sempre acabo perdendo pessoas na minha vida. Por mais dinheiro que eu tenha, eu não consigo manter.

Domenico me deitou na cama. Levantou meu vestido, passou a mão pela minha coxa, subindo para minha barriga, até meus seios. Começou a beijar meu pescoço, de forma leve. Não como das outras vezes. Tive vontade de chorar. 

Ele encostou no meu ouvido, murmurando:

- Você não vai me perder.

Era o que eu precisava ouvir. A angústia que sentia no peito tinha evaporado. Puxei seu rosto para perto do meu e o beijei, longa e demoradamente, aliviada.

Aguardei que tirasse suas roupas, admirando para seu corpo, seus músculos, seus olhos, sua boca.

Ficamos olhando um para o outro, durante todo o tempo em que ele estava dentro de mim, fazia movimentos lentos, aproveitando cada momento. Eu sentia todo o meu corpo estremecer.

Ao terminar, deitamos um ao lado do outro. Ele entrelaçou seus dedos nos meus e beijou minha mão:

- Vai ter que confiar em mim.

- Eu confio – respondi.


Domenico

Manoela estava dormindo com a cabeça encostada no meu peito. Respirava tranquila, seu cheiro impregnava meus sentidos. Não ia deixá-la, com ou sem contrato.

Eu teria que eliminar Giordano e Enrico, com certeza. Mas incluiria os Salermo no pacote. 

Ex-princesa da máfia (livro 1)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora