Capítulo 21 - Chantagem

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Lena Luthor | point of view

Alguns dias depois...

Eu não fazia ideia do horário quando comecei a escutar meu telefone tocando insistentemente. Estiquei o braço, tateando sobre o criado mudo, até encontrar o aparelho barulhento.

— Alô – atendi sonolenta.

Lena, é a Sam – me sentei na mesma hora, sentindo o despertar do medo tomando conta do meu corpo.

— O que... o que foi? É o papai? – perguntei, já jogando as pernas para fora da cama.

— O que houve? – Kara quis saber, também ficando em alerta. Estávamos dormindo em meu quarto.

— Ele não reagiu muito bem a sessão de quimioterapia que teve hoje – explicou — Está enjoado e...

— Eu estou indo – não a deixei terminar a frase.

— Está bem.

Encerramos a ligação e eu joguei o aparelho de celular sobre a cama, rumando para o guarda roupa de modo a escolher uma peça de roupa.

— O papai não está se sentindo bem – murmurei num engasgo — Vou ficar com ele.

— Entendi – disse Kara, se colocando de pé — Eu levo você – avisou, se aproximando e beijando minha cabeça — Também vou trocar se roupa.

Apenas assenti, preocupada demais para sequer raciocinar direito.

(...)

— Como ele está? – perguntei assim que Kara e eu chegamos à fazenda do papai. Eu podia sentir os tremores do nervosismo invadindo todo o meu corpo.

Ainda era de madrugada, mas minha mente se tornou alerta a partir do instante em que Sam mencionou o meu pai, uma vez que sua saúde vinha oscilando nos últimos meses.

— Acabou dormindo – respondeu Sam, suspirando.

— O que era?

— Ah, o corpo reagindo, né?! – respondeu, suspirando.

Rumei para o andar de cima, sendo seguida de perto por Kara. Não acendi a luz quando chegamos ao quarto, apenas permaneci na porta. Meus olhos marejaram automaticamente, sufocada pelo medo. Eu não era ingênua ao ponto de não saber que estava perdendo meu pai aos poucos, mas não deixava de doer.

Doía demais.

Aceitei o aperto de Kara quando a mesma me puxou para seus braços. Apenas me deixei levar pelos sentimentos enquanto sentia seus beijos e seu conforto.

— Vai ficar tudo bem – garantiu num sussurro.

Respirando fundo, eu assenti, enxugando as lágrimas insistentes. Kara Inclinou a cabeça e beijou meus lábios com carinho.

— Tem certeza que não quer que eu fique aqui com você? – voltou a perguntar.

Neguei, acariciando seu rosto.

— Não precisa. Vou para a empresa daqui mesmo – avisei — Quer me pegar para almoçar.

Ela sorriu lindamente, segurando minhas mãos juntas e beijando os nós dos meus dedos.

— Combinado – piscou — Qualquer coisa, basta me ligar.

Sam a acompanhou a saída e eu finalmente entrei no quarto do meu pai. A luz da lua iluminava perfeitamente o seu semblante abatido. Ele estava mais magro e nitidamente pálido e fraco. O maldito câncer estava acabando com meu velho.

De Repente CasadasWhere stories live. Discover now