Prólogo

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"Depois de ter vivido toda a infância, adolescência e parte da juventude como uma inocente moça de família cristã, devota a uma fé que condenava o pecado e a prática de atos considerados obscenos, contrários aos ensinamentos bíblicos e levado uma vida totalmente puritana, eu decidi me libertar de tudo aquilo que para mim não passava de uma falsa aparência e que mascarava uma mulher cuja perfeição moral sequer existia.

Meus pais, como todos os cristãos ortodoxos, criaram a mim e meus outros dez irmãos no temor do Senhor e com um conceito moral extremamente pautado nos ensinamentos do Evangelho, em nossa casa a santidade do corpo era a principal via de regra, entretanto, isso era apenas uma forma a mais de ocultarmos nossos muitos pecados debaixo da capa da hipocrisia em que vivíamos.

Fui dedicada e fiel aos princípios cristãs de nossa fé cristã até completar meus dezenove anos, vivi meio aos demais membros da nossa igreja de forma correta e ordeira, sempre fui vista com bons olhos pelos outros jovens da minha idade, bastante amada e respeitada por eles e pelos meus guias espirituais, dos pastores recebia incontáveis elogios e ocupei posição de destaque entre outras moças por atuar ativamente ao exercer diferentes formas de cargos eclesiásticos na igreja local.

Posso afirmar, com toda certeza, que o meu nome se tornou um modelo para que outras jovens evangélicas seguissem, incontáveis eram os elogios que me eram dados pelos meus superiores. A maioria dos pais desejavam que suas filhas seguissem meu exemplo de moça santa, dedicada e moralmente perfeita em todos os meus caminhos dentro da casa de Deus.

Porém, sequer imaginavam que por debaixo daquela cortina de enganos existia uma verdadeira filha do maligno. Uma mulher descarada e sem pudor cujo coração vivia cheio de malícia, engano e um forte desejo pelas práticas carnais mais imorais que alguém pudesse vir a praticar, o fogo da luxúria e da imoralidade sexual já havia dominado meu corpo a tal ponto de eu não conseguir me conter ao olhar para os homens que circulavam ao meu redor sem que os desejasse e planejasse a eles me entregar para que eles me possuíssem das piores formas possíveis e imagináveis.

Na minha mente cauterizada pelo mal se formava dia após dia fantasias eróticas tão vergonhosas que sequer era capaz de confessa-las a Deus em busca de misericórdia para minha alma. Assim, me mantive distante dele e de seu amor, sem confissão e arrependimento sucumbi nas trevas e na escuridão do pecado sexual.

Me vi ser tragada por mais de uma década, vivendo no anonimato com uma das piores prostitutas, entregando meu corpo gratuitamente a dezenas de homens que sem escrúpulos me possuíram e devoraram minhas carnes com o único objetivo de saciarem seus mais obscenos desejos."


As Confissões de AnneOnde as histórias ganham vida. Descobre agora