I have the control

147 17 0
                                    


Suspirei triste e até um pouco decepcionado ao ver que o fogo não incinerou o meu pobre e isolado casebre. Aquelas chamas ardentes que Sirius e Remus iniciaram na floresta para me salvar (fato que parece ter acontecido a séculos, apesar de não se fazer nem 3 dias) não chegou tão longe ao ponto de impregnar na casa em que cresci e a exterminar culminando em apenas cinzas. 

Não, essa não era a realidade. 

Mesmo assim, não me orgulho de admitir que queria que o fogo queimasse a cabana com o meu tio dentro... 

Mas há outras maneiras de o fazer pagar por tudo o que fez comigo sem ser a morte. Na verdade, a morte seria até um alívio para aquela alma. 

Inspirei fundo novamente, sentindo o cheiro do orvalho da manhã enquanto o sol se aventurava para fora da montanha, me iluminando de pouco a pouco com maestria através de raios débeis, mas rebeldes. Logo em seguida eu suspirei sentindo a fumacinha sair da minha boca, atrevida e completamente livre para se aventurar na ainda gélida manha. 

E com ela, eu me senti livre de um modo que nunca havia me sentido antes. Uma sensação estranha de formigamento, como se eu fosse um caldeirão pronto para cumprir o seu papel, pronto para explodir se necessário. 

Mas não eram essas emoções que me dominavam, eu as dominava. 

Passei 10 horas seguidas treinando incansavelmente com Draco. O pedi para me fazer forte, e ele levou esse pedido completamente a sério, me ensinando, treinando e cansando até que meus músculos não aguentassem mais e minha única alternativa era me lançar no berço da inconsciência bem vinda para meu corpo descansar. 

Quando acordei do desmaio, Draco cuidou de mim me dando algo de comer, e até mesmo fazendo uma massagem em meus ombros... Ele me cuidou de um modo gentil e doce completamente antagônico ao modo como ele estava no treinamento. 

Aparentemente, te espancar até você desmaiar por horas a finco pra te ensinar a se defender, e depois preparar um banho de sais na banheira, massagem e um banquete particular é o modo de Malfoy demonstrar que se importa com alguém... 

Não me achem tolo por ter achado até que fofo... 

Voltando ao que importa, não posso dizer que agora sou mestre de luta, ou que sei algo além de defesa. Mas agora, me sinto mais forte. Confiança. Auto confiança. Isso era o que eu precisava, aprender a da um soco é lucro. 

Venci a distância entre mim e a casa que tanto conheço antes de bater na porta. A madeira rangeu com o toque, e por um tempo ninguém respondeu, mas isso já era esperado. Valter nunca acordava antes do sol percorrer um quarto do caminho visível que ele faz no céu durante o dia. 

Retornei a bater, agora mais insistente e forte, sentindo uma pequena ardência nas juntas dos dedos devido ao treinamento e seus eventuais hematomas. 

Cicatrizes que fazem parte da minha história. 

- Whe, já vai! - Valter resmungou lá de dentro antes de falar uma sequencia de múrmuros de contentamento os quais eram impossíveis retirar algum significado mesmo se assim eu quisesse, o que não era o caso.  

Apenas esperei pacientemente ali no batente remexendo as mãos impacientemente ao lado do corpo. Um certo tic de ansiedade. Meu pulso abria e fechava como o pulsar do meu coração. Uma reação física que era reflexo da minha mente confusa e medindo suas opções. 

O que eu devo fazer quando finalmente visse meu tio? Querendo ou não, ainda sou menor de idade, ainda preciso de um guardião até que crie idade ou constitua minha própria família (apesar de só a ideia de me casar com alguma dama da vila me embrulhe o estômago). 

Arcádia/ DrarryWhere stories live. Discover now