Capítulo 3 - Esse negócio de Frajola

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Ela acordou com aquele maldito despertador na cabeceira da cama.

Não passara de um pesadelo. Mas é claro, o que mais poderia ter sido? Gatos falantes e árvores gigantes... Besteira!

Sua primeira aula era em duas horas, então seguiu com sua rotina. Fez o café para os pais, colocou o uniforme, colocou comida para o gato e foi para o seu quarto ler alguma coisa no tempo restante.

Assim que olhou para sua estante, sentiu algo estranho, um arrepio passou por sua coluna e... É mesmo, eles não tinham gatos. Rose voltou para a cozinha, onde se encontrava o pequeno pote de comida e, em cima da geladeira, seu proprietário a encarava.

Caminhando lentamente para fora do cômodo, sem tirar os olhos do animal, então explodindo a toda velocidade quando passou a quina, foi falar com seus pais.

- É sério? Vocês compraram um gato e não me falaram? - Ela não se incomodava nem um pouco de abordá-los daquele modo, acendendo as luzes do quarto escuro e tirando a mãe do sono. Até porque seu pai não acordaria nem se o mundo estivesse acabando.

- Ah! A Silvia pediu para ficarmos com ele enquanto a mãe dela estiver na sua casa. Eu falei isso ontem, mas você não deve ter prestado atenção. - Ela é interrompida por um longo ronco do marido. - O Frajola vai passar um mês com a gente.

Rose não estava com vontade de discutir às seis da manhã, mas tinha certeza que ninguém comentara sobre o gato. Todavia, estava na hora de ir para o colégio e, como o sonho ainda ocupava a cabeça, não protestou quando Frajola saiu com ela para a rua.

No meio do caminho, a curiosidade acabou vencendo.

- Sabe, Frajola - O nome era usado em claro tom de deboche. - Embora não seja um sonho, não me surpreenderia se você falasse, tipo, agora!

- Ainda bem, assim podemos pular toda a burocracia, aquela parte em que você desmaia e tal.

Rose se virou lentamente para o gato que caminhava em cima do muro ao seu lado. Certo, aquilo fora inesperado, o suficiente para deixá-la com um frio na barriga. Medo? Não, era a adrenalina que invadia seu corpo naquele momento.

Estava pronta para enfrentar um mundo de gatos falantes.

- Agora, vamos esquecer esse negócio de Frajola, esse nome é rídiculo- Frajola pulou alguns obstáculos e voltou a falar - E, bem, como eu posso te explicar isso... Seria estranho se eu lhe dissesse que o sonho foi real e por sua vez ainda foi um sonho?

Ainda o encarando, Rose ergueu uma sobrancelha.

- Gatos são permitidos na sua escola?

- Não, mas se precisar ir comigo, você pode ficar aqui. - Ela abriu sua mala, insinuando que o animal entrasse. - Ou eu entendi errado?

- Realmente não é necessário que eu lhe acompanhe durante o dia, mas estou curioso para ver a realidade dentro de um colégio. - Dito isso, ele saltou do pequeno muro sendo sucessivamente envolvido por um tornado de... sombras? - Mas é claro, não vai ser dentro da sua mochila.

Em seguida, saiu das sombras um garoto com cabelo e olhos escuros, como uma noite sem estrelas. Rose olhou em volta, ninguém deixaria algo tão estranho assim passar despercebido, e, para sua surpresa, todas as pessoas seguiam como se nada tivesse acontecido. Como se um gato falante se transformar em um menino bonitinho não fosse estranho o suficiente para ela mesma se perguntar se não estava ficando maluca.

Agora, sobre o garoto à sua frente. Meu deus, cabelos na altura dos ombros com algumas mechas rebeldes invadindo seu rosto aqui e ali, usava a versão mais escura do uniforme escolar e... Era lindo.

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⏰ Last updated: Jan 09, 2023 ⏰

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