Um Voo Sedutor - Irmandade Amato I

Capítulo 31 - Amato

Averon Amato

Quando chego até a sala, Alec está mudando os canais da TV, sem deixar sequer um som sair de cada um antes de mudar, até enfim se contentar com um desenho.

— O que você está vendo? — pergunto a ele, já que nunca vi aquilo.

— Marsha e o Urso, claro. — Ele diz, mas não entendo várias coisas.

Por que ele está assistindo desenho? E o que significa esse "claro", já que para mim nada é claro em Alec. Resolvo não perguntar sobre isso para não enlouquecer.

Vou até a geladeira, ficando de costas para ele e resolvo perguntar logo o que se passa pela minha cabeça.

— Você acha que ela consegue perdoar? — isso é tudo que me preocupa sobre Rafaela.

— Não sei, ela parece rancorosa. — Ele responde da sala.

Rancorosa? Ouvir isso de Alec me faz sentir pior. Com um sentimento estranho no peito, acredito que não haverá salvação para qualquer coisa entre mim e ela. Apesar de achar que rancor e demais sentimentos ruins não fazem parte de Rafaela, sei que fiz um mal danado a ela, duvidando da mesma diversas vezes sobre várias coisas diferentes.

Eu bem sei que nada justifica tudo o que fiz, mas pela minha experiência – e maldita seja ela – mulheres como ela só se aproximavam de mim por conta do nome ou dinheiro. E sempre me traíam com quem realmente gostavam. Lá no fundo eu sei que deveria saber que apesar de parecida, ela não era como as outras. A culpa me corrói por dentro.

— Como ela é, Alec? — pergunto a ele, realmente curioso para saber como Rafaela é com os amigos, pois agora percebo que eu nunca fui um amigo para ela. Ela me via como mais.

— Extremamente chata. — Ele afirma e eu franzo o cenho. O quê? — Não sei como a aguentam, sinceramente. Veja bem, ninguém devia sofrer tanto somente pela experiência de qualquer convivência com ela.

— Como assim? — indago, surpreso e já ficando com raiva. — Achei que gostasse dela.

— O quê? — ele fala espantado — Claro que não! Entenda, ninguém gosta da Marsha, Averon.

— O quê? — Não. Não. Não. — Do que diabos você está falando?

— Do desenho, claro. - Claro. Ele fala na maior cara de pau e me pergunto como seria ter somente Atreu como irmão. Uma dupla.

— Estou falando de Rafaela, cara.

— Ahhh. — Ele fala como se só agora tivesse pensado na hipótese. — Não se preocupe, ela vai te perdoar, basta você plantar umas árvores.

— Eu sinto que a cada cem palavras que você fala, noventa e oito eu não entendo. — Digo a ele, desistindo dessa conversa.

Vou até a sala, sento-me ao lado de Alec e desligo a TV.

— Ei — reclama —, eu estava assistindo.

— Atreu está buscando por ela? — pergunto e ele imediatamente fica sério.

— Sim, quase não o tenho visto mais, está matando qualquer um só olhando.

— Acho que agora temos mesmo que colocar a imprensa nisso, Alec. Ele nunca vai aparecer com ela se não for forçado pela mídia — falo e ele solta um suspiro.

— Nós precisamos ser cautelosos, Averon. Temos muitos inimigos e eles não podem saber que o patriarca Amato fugiu com a própria esposa, provavelmente ferida, sem dizer a ninguém o destino e que os filhos estão como loucos atrás de ambos.