Corte de Chamas e Esperança

Capítulo 9

Silêncio. O caminho todo havia sido preenchido com um silêncio vazio, daquele que fazia o coração disparar. Que fazia você ouvir seus batimentos em sua própria mente, como algo infinito. O vento frio e rápido que batia no rosto de Cassian era a única coisa que fazia com que ele lembrasse de controlar sua respiração naquele momento. 

Sentindo a cabeça de Celine apoiada em seu ombro, o macho tentou olha-lá algumas vezes, e se deparou com o rosto da pequena fêmea completamente virado para o lado oposto, como se estivesse se escondendo propositalmente da vista dele. Ele sentia apenas as mãos dela segurando firmemente seu casaco, com ansiedade e nervosismo. 

Os soluços dolorosos que saíam da garganta da Illyriana, ressoavam próximos aos ouvidos de Cassian. O que fazia o macho levantar sua mão para acariciar lentamente seus cabelos bagunçados algumas vezes. Mas, na realidade, ele temia assusta-lá com qualquer toque repentino.

O caminho pareceu tortuosamente lento devido a aflição que o macho sentia, e quando eles finalmente chegaram na Casa do Vento aquela sensação ruim, pareceu apenas aumentar.

O general não colocou a Illyriana no chão assim que eles pousaram, ele notou que ela ainda parecia temer sair daquela posição. Ela mantinha seus olhos fechados, e continuava em silêncio, como se tivesse medo de reagir e de algo ruim acontecer em seguida. 

Cassian a esperou, e a segurou por mais algum tempo. Ele a chacoalhou levemente em seus braços, movendo o tronco de forma sútil, de um lado para o outro, como se colocasse um bebê para dormir. Havia feito aquilo com Nyx diversas vezes alguns anos atrás. 

Após alguns longos minutos, Cassian sentiu quando Celine lentamente se afastou de seu aperto,  em sequer mover um pouco seu rosto para o outro lado, para olhá-lo, como se ela evitasse encarar seu rosto de qualquer forma. Mas ele a olhou fixamente, e acompanhou seu olhar distante. 

Os olhos dela estavam inchados e levemente vermelhos, assim como seu nariz e o restante de seu rosto. Suas lágrimas já haviam secado em seu rosto, mesmo assim, a fêmea passou as mãos pelas bochechas rapidamente, como se ainda as sentisse ali. 

Cassian olhou fixamente para olhos baixos e magoados de Celine, tentando chamar sua atenção pelo olhar, quase implorando que ela o encarasse de volta, mas... Celine não o respondeu. 

Ela fechou suas duas mãos em um punho, e Cassian reparou em como elas estavam trêmulas. Ela as usou para empurrar levemente o peito do macho para trás, como se tentasse afastá-lo enquanto olhava firmemente para baixo. O General entendeu o que ela queria dizer, mesmo hesitante, ele a colocou no chão, como ela queria.

Assim que ele se ergueu novamente, a fêmea se virou, dando as costas a ele. Não respondeu a nenhum olhar, não disse coisa alguma ou expressou nada. Ela apenas se virou e começou a andar para longe dele, com a cabeça baixa.  

Ele a observou caminhar em direção ao seu quarto, de maneira confusa e perdida.

As asas de Celine quase a cobriam, como se ela dissesse a ele que não queria que ele tentasse se aproximar. Que precisava ficar sozinha.

Cassian sentiu como se estivesse em uma espécie transe, e hesitante, deu dois passos em sua direção mas, quando notou, a Illyriana já havia se afastado o suficiente dele. A única coisa que o macho conseguiu escutar foi a porta distante se fechando.

Ele congelou. As sobrancelhas continuavam franzidas e o corpo permanecia tenso. Nenhum treino ou batalha na vida de Cassian havia preparado-o para isso. Ele não soube o que fazer. Não soube se deveria segui-la ou apenas permanecer ali, esperando que ela quisesse conversar. E se escolhesse segui-la, e a olhasse diretamente nos olhos, não saberia qual seria a coisa certa a dizer.