Passos.
O cheiro dela adentrou o ambiente antes mesmo de sua presença.A pequena, embebedando-se no atrativo eflúvio, uniu as pernas com força, fechando as pálpebras ao mesmo que, umedecia os macios e rosados lábios.
Sentiu a quentura quando a outra passara pela porta; sem vê-la, sabia: a superioriade habitual contornava as passadas, dando ao seus tímpanos, a música bruta. Os saltos murmuravam agressivamente contra o piso.
Que melodia...
Se contorcia em antecipação; A outra se aproximava. Causando-lhe inquietação.
- Desça, criança. - Ordenou.
Ela, que estava sentada na poltrona reclinável, mirou a figura que surgira. Disse acanhadamente, sentindo as maçãs do rosto esquentarem:
- Perdoe-me, senhora. - Deslizou pelo assento, ajoelhando-se...
- É assim que me recebes, pequena?
- Novamente. Perdoe-me. Farei como lhe agrada, senhora.
- Muito bem. - Disse, tomando o lugar em que antes, a criatura se esfregava. Sentou-se com postura, tendo a bela visão: Seu bichinho de joelhos. - Vire-se, retire meus saltos e beije meus pés.
Não precisava ordenar duas vezes.
Rapidamente, a jovem o fez; ousando, distribuiu beijos até a altura dos joelhos.
"Que audácia!" A mais velha pensou, empurrando-a para longe. - Eu lhe dei essa liberdade, pirralha? - Ergueu-se rapidamente, com seu calcanhar, lançara o corpo da moçoila contra o chão. Ao desequilibrar-se, a "pobre coitada" sentiu o gélido tocar a derme exposta. - Atrevida! - Esbravejou, maltratando àquela bochecha avermelhada. - Achas que me agrada fazendo tamanha traquinagem?
- N-não, senhora. - Os orbes encheram-se de lágrimas.
- Sabe o que faço com moças atrevidas, não sabe?
A pequena engoliu em seco. O soluço era aprisionado com dureza. Assentiu, estava amedrontada.
- Escute bem, moleca... - Tricou-se o maxilar, os punhos cerraram-se com força. Haveria de castigá-la. Mas, não com surras; isso seriam cócegas. - Irá até o quarto e pegará duas das quatro tochas que estão dispostas na parede. Quis brincar com fogo, que se queime. - Afastou-se. - Vá!
[...]
- Aqui estão, senhora. - Disse com voz baixa e doce; sentia-se o medo por detrás de suas palavras. As mãos, trêmulas, externavam todo temor. Medo do fogo.
A mais velha pegou as tochas, sumindo, por minutos, da visão lacrimejante.
Ao retornar, chamas iluminavam seu rígido rosto; dando um brilho assustador ao seu olhar mortal.
- Irá arder e queimar. - Proferiu; no canto dos lábios via-se o sorriso maldoso. - E, eu, assistirei sua angústia. Seu medo. Ah... O medo... - Se aproximou, rondando a doce criatura, brincando com os objetos que estavam em suas mãos. - És o próprio na forma humana. - Uniu as tochas rente ao rosto da jovem que, cambaleou para trás, prensando os lábios numa linha reta.
- Perdão, senhora... - Desesperou-se, "caindo" aos prantos. - Perdão. Perdão! - A voz embargada sequer comovia. Ela não sabia com quem estava "brincando"?
- Eu quero queima-la. Quero sentir sua agonia quando o fogo começar a corroer sua pele. Quero sua dor e seu desespero. - Voltou a unir as tochas rente ao rosto da medrosa.
- Por favor... - Suplicou. - Por favor, senhora. Eu peço perdão; perdão por ser uma menina levada.
- Hum, irei incendia-la...
- NÃO. NÃO. POR FAVOR! Diga-me senhora, o que queres que eu faça? - Inquiriu entre árduos soluços.
- O correto, bichinho.
Cedendo, Ella prostrou-se aos pés de sua Dona; distribuindo beijos úmidos, unicamente, em seus pés.
Se arrependera do que fez.
- Sequer doeu... - A mais velha sorriu. - Agora, fique nua. Dormirá ao lado da minha cama.
- Senhora, eu já...
- Se redimiu? - Sobrepôs. - Não fora o suficiente. Faça o que mando, ou, acabo com você.
- S-sim, senhora.
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perversità. [ Sáfico +18 ]
Short StoryAdria: Mulher, Lésbica, Paulistana, Feminista e uma Pervertida assumida. Sendo escritora de estórias com temáticas para lá de quentes, tendo como alvo o público feminino, +18 e LGBTQIAP+, trago neste livro, relatos e escritos/ trechos nunca postados...